Saúde

Americanos de meia-idade relatam mais dor do que os idosos
Conforme as pessoas envelhecem, tendem a relatar dores mais agudas ou crônicas - um sinal comum de envelhecimento. Ainda assim, nos Estados Unidos, os adultos de meia-idade agora relatam mais dor do que os idosos, de acordo com estudo
Por B. Rose Huber - 22/09/2020


Ilustração de Egan Jimenez, Escola de Assuntos Paºblicos e Internacionais de Princeton

O estudo complementa o trabalho de Anne Case e Sir Angus Deaton da Universidade de Princeton e Arthur Stone da University of Southern California (USC), que hámuito estudam a morbidade e a mortalidade em todo o mundo. Usando as respostas da pesquisa de mais de 2,5 milhões de adultos, o trio comparou a relação entre a idade e a dor física relatada nos Estados Unidos.

As descobertas tem implicações políticas profundas. Os idosos com menos escolaridade de hoje experimentaram menos dor ao longo de suas vidas do que as pessoas de meia-idade com menor escolaridade de hoje, que sera£o os idosos de amanha£. Isso pode sobrecarregar ainda mais o sistema de saúde, e o tratamento da dor édifa­cil e controverso - muitas vezes relacionado a  crise de opia³ides, disseram os pesquisadores.

“A conexão entre os americanos menos educados e a dor émoldada por uma sanãrie de fatores, desde renda e isolamento social atéo aumento das mortes por desespero. a‰ uma grande preocupação para nós, como pesquisadores, que parea§a estar piorando ”, disse Case, o professor Alexander Stewart de Economia e Relações Paºblicas de 1886, emanãrito da Escola de Assuntos Paºblicos e Internacionais de Princeton .

Case conduziu o estudo com Deaton, que éo professor Dwight D. Eisenhower de Assuntos Internacionais, emanãrito, e Stone, professor de psicologia na USC.

Os pesquisadores usaram dados de pesquisas conduzidas pela Gallup, o US Census Bureau e a Unia£o Europeia. Relatos de dor foram registrados entre 2006 e 2018 entre adultos de 25 a 79 anos nos Estados Unidos e em 20 outrospaíses ricos. Os dados americanos limitaram-se a negros e brancos não hispa¢nicos.

“Este parece ser um fena´meno exclusivamente americano, já que as pessoas em outrospaíses ricos não relatam maior dor na meia-idade”


Um instanta¢neo de idades em um aºnico momento no tempo não pode distinguir os efeitos sobre a dor da idade das tendaªncias intergeracionais ao longo do tempo, então Case, Deaton e Stone analisaram diferentes coortes de nascimento nascidos entre 1930-90. Para fazer isso, eles usaram dados de quatro pesquisas dos EUA: o Gallup Health and Wellbeing Index, a National Health Interview Survey do Census Bureau, a Medical Expenditure Panel Survey do Departamento de Saúde e Servia§os Humanos e o Health and Retirement Study da Universidade de Michigan.

Em sua primeira análise, eles descobriram que homens e mulheres de todas as raças em todo o mundo relatam mais dor a  medida que envelhecem, uma descoberta que esperavam. Em sua segunda análise - depois de controlar onívelde educação - eles descobriram que isso também se aplicava aos americanos com diploma de bacharel. Apenas dois tera§os da população dos EUA sem diploma universita¡rio relataram mais dor na meia-idade.

“Este parece ser um fena´meno exclusivamente americano, já que as pessoas em outrospaíses ricos não relatam maior dor na meia-idade”, disse Case.

Os americanos com menor escolaridade também sentem mais dor a  medida que envelhecem. No entanto, como cada coorte de nascimento relata na­veis mais altos de dor ao longo da vida adulta do que a coorte anterior, os de meia-idade relatam mais dor em qualquer idade do que os mais velhos, que tiveram na­veis mais baixos de dor ao longo da vida.

“A dor prejudica a qualidade de vida, e a dor estãopiorando para os americanos menos instrua­dos”, disse Deaton. “Isso não são piora suas vidas, mas também representa problemas de longo prazo para um sistema de saúde disfuncional que não ébom no tratamento da dor.”


O aumento da dor de coorte para coorte também sinaliza o aumento do sofrimento intergeracional cra´nico, que pode ser causado por uma mira­ade de fatores. Pessoas com menor escolaridade estãoenfrentando mais isolamento social, vidas domésticas mais fra¡geis, menos casamento e mais diva³rcio, bem como sala¡rios estagnados e perda de empregos. Eles também viram mortes crescentes de desespero, de suica­dio, overdose de drogas e doença hepa¡tica alcoa³lica, de acordo com trabalhos anteriores de Case e Deaton.

Claro, existem possa­veis ressalvas, apontam os pesquisadores. As pessoas podem estar relatando mais dores leves do que no passado, ou devido a  sua dor, elas também podem ter perdido seus empregos ou assumido empregos com menos esfora§o fa­sico (e com sala¡rios mais baixos). A obesidade também éum problema cra´nico na Amanãrica; com mais peso vem mais pressão sobre o corpo. O aumento nas pessoas que va£o para a faculdade também pode explicar algumas das diferenças de coorte por coorte.

Ainda assim, as descobertas devem sinalizar para os legisladores que os americanos menos educados estãopassando por mais e mais angaºstia, que os idosos de amanha£ vera£o mais dor do que os de hoje e que a questãoda dor - e seu tratamento - não vai desaparecer tão cedo.

“A dor prejudica a qualidade de vida, e a dor estãopiorando para os americanos menos instrua­dos”, disse Deaton. “Isso não são piora suas vidas, mas também representa problemas de longo prazo para um sistema de saúde disfuncional que não ébom no tratamento da dor.”

O financiamento para o estudo foi fornecido pelo Instituto Nacional do Envelhecimento . O jornal, “Decodificando o mistério da dor americana revela um aviso para o futuro”, apareceu pela primeira vez online em 21 de setembro no PNAS.

 

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