Saúde

As ma£es transmitem alergias aos filhos, mostra um estudo pré-cla­nico
O estudo, que utilizou um modelo animal mostrou que o principal anticorpo responsável por desencadear reaa§aµes alanãrgicas , a imunoglobulina E (IgE), pode atravessar a placenta e entrar no feto.
Por Federico Graciano - 30/10/2020


Crédito: Duke-NUS Medical School

As ma£es podem transmitir alergias aos filhos enquanto eles estãose desenvolvendo no aºtero, relataram pesquisadores da Agência para a Ciência, Tecnologia e Pesquisa (A * STAR), KK Women's and Children's Hospital (KKH) e Duke-NUS Medical School em Singapura esta semana em a revista Science .

O estudo, que utilizou um modelo animal conduzido de acordo com as diretrizes do Comitaª Consultivo Nacional para Pesquisa em Animais de Laborata³rio (NACLAR), mostra que o principal anticorpo responsável por desencadear reações alanãrgicas , a imunoglobulina E (IgE), pode atravessar a placenta e entrar no feto. Quando no interior do feto, o anticorpo se liga a fetais mastro células, um tipo de canãlula imunola³gica que libera substâncias químicas que desencadeiam reações alanãrgicas, desde nariz escorrendo atéasma. Apa³s o nascimento, os ratos recanãm-nascidos desenvolvem reações alanãrgicas ao mesmo tipo de alanãrgeno que suas ma£es no momento da primeira exposição - ao contra¡rio dos ratos adultos, que requerem duas exposições. Estudos em laboratório também mostraram que a IgE materna pode se ligar a masta³citos fetais humanos, indicando que eles podem atravessar a placenta em humanos de maneira semelhante.

O Dr. Florent Ginhoux, investigador principal saªnior da Rede de Imunologia de Cingapura da A * STAR (SIgN), co-autor saªnior do estudo, disse: "Atualmente, háuma falta significativa de conhecimento sobre os masta³citos que estãopresentes no ini­cio do desenvolvimento feto. Aqui, descobrimos que os masta³citos fetais amadurecem fenotipicamente ao longo da gravidez e podem ser sensibilizados por IgE de origem materna que atravessa a barreira placenta¡ria. O estudo sugere que uma ma£e gra¡vida altamente alanãrgica pode potencialmente transferir seu IgE para o bebaª que consequentemente desenvolvem reações alanãrgicas quando expostos pela primeira vez ao alanãrgeno. "

"As alergias comea§am muito cedo na vida", disse a professora associada Ashley St. John, imunologista do Programa de Doena§as Infecciosas Emergentes da Duke-NUS e co-autora saªnior do estudo. “Os bebaªs experimentam respostas alanãrgicas intimamente ligadas a  resposta alanãrgica da ma£e de maneiras que não podem ser explicadas apenas pela genanãtica. Este trabalho enfatiza uma maneira pela qual as respostas alanãrgicas podem passar da ma£e para o feto em desenvolvimento e mostra como as alergias podem persistir após o nascimento. "
 
Como parte do estudo, seguindo as diretrizes do NACLAR, os pesquisadores expuseram os camundongos ao pa³len da tasneira, um alanãrgeno comum, antes da gravidez. Camundongos que desenvolveram sensibilidade ao pa³len tiveram descendentes que também mostraram uma reação alanãrgica a  tasneira. A sensibilidade éespeca­fica do alanãrgeno; a prole não reagiu aos a¡caros, outro alanãrgeno comum.

Notavelmente, a transferaªncia de sensibilidade parece desaparecer com o tempo. Os ratos recanãm-nascidos tiveram reações alanãrgicas quando testados em quatro semanas, mas menos ou nenhuma em seis semanas.

Os estudos experimentais foram apoiados por testes celulares e imagens, que mostraram a IgE materna ligada aos masta³citos fetais, fazendo com que os masta³citos liberassem substâncias químicas em reação a um alanãrgeno, um processo chamado degranulação.

Este estudo mostrou ainda que a transferaªncia de IgE pela placenta requer a ajuda de outra protea­na, FcRN. Camundongos com FcRN nocauteado não tinham IgE materna ligada a seus masta³citos e não desenvolveram alergias após o nascimento.

Os resultados do estudo potencialmente abrem novas estratanãgias de intervenção para limitar essa transferaªncia para minimizar a ocorraªncia de alergias neonatais. Atualmente, entre 10 a 30% da população mundial éafetada por alergias. Esse número deve continuar aumentando e uma solução que evite a transmissão de alergias de ma£e para filho pode reduzir esses números com o tempo.

"Nossa pesquisa tem descobertas realmente empolgantes que podem explicar a alta incidaªncia de dermatite ata³pica de ini­cio precoce (eczema) em filhos de ma£es com eczema clinicamente comprovado, que se assemelha a descobertas em nossa coorte local de nascimento", disse o professor Jerry Chan, consultor saªnior do Departamento de Medicina Reprodutiva na KKH. "Do ponto de vista cla­nico, desenvolver uma compreensão mais aprofundada da transferaªncia placenta¡ria de IgE e do mecanismo de ativação dos masta³citos fetais seria a chave para o desenvolvimento de estratanãgias para reduzir a chance de eczema ou outras alergias serem transferidos da ma£e para o bebaª."

Os autores pretendem, a seguir, compreender melhor o mecanismo de transferaªncia de IgE atravanãs da placenta, como a ligação da IgE aos masta³citos na pele fetal modula suas funções e como isso pode afetar a fisiologia da pele após o nascimento.

 

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