Experimentos realizados em modelos animais mostram que uma mutaa§a£o na proteana sãodio-pota¡ssio ATPase resulta na redua§a£o de neuroinflamaa§aµes

Fotomontagem de Moisanãs Dorado/Jornal da USP sobre imagens Fapesp, NIH Image Gallery/Flickr-CC e Wikimedia Commons
Pesquisadores da USP e da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, identificaram que uma mutação da proteana sãodio-pota¡ssio ATPase (Na+/K+-ATPase) tem capacidade de reduzir a neuroinflamação em experimentos animais. A descoberta abre caminhos para uma melhor compreensão sobre doenças neurodegenerativas e neuropsiquia¡tricas como Parkinson, Alzheimer, Esclerose Lateral, depressão e ansiedade e, no futuro, possivelmente, o desenvolvimento de novos tratamentos.
A proteana sãodio-pota¡ssio ATPase éresponsável pelo equilabrio ia´nico de todas as células humanas e animais. Ou seja, ela transporta aons de pota¡ssio e de sãodio para o interior e exterior das células, respectivamente, para que estas funcionem saudavelmente.Â
“A proteana sãodio-pota¡ssio ATPase mantanãm os gradientes eletroquímicos das células, mantanãm o equilabrio das concentrações de aons entre a parte interna e externa da membrana celularâ€, diz a autora da pesquisa, Jacqueline Alves Leite, ao Jornal da USP.
A pesquisa de doutorado foi realizada sob orientação do professor Cristoforo Scavone, do Laborata³rio de Neurofarmacologia Molecular do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, e foi desenvolvida em parceria com pesquisadores da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, entre eles, Karin Lykke-Hartmann, a co-orientadora do trabalho.
Os resultados da pesquisa foram publicados na revista Scientific Reports. O trabalho contou com apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Sa£o Paulo (Fapesp).
Subunidades da proteana sãodio-pota¡ssio ATPase
Segundo a pesquisadora, a proteana sãodio-pota¡ssio ATPase estãosubdividida em unidades alfa, beta e gama, cada uma delas cumprindo suas respectivas funcionalidades no organismo. As subunidades alfas, por sua vez, se apresentam em isoformas alfa-1, alfa-2, alfa-3 e alfa-4 e agem também de forma diferente em cada tecido a que elas pertencem. A isoforma alfa-1 atua em todas as células; a alfa-2 , nas células neuronais (astra³citos), cardaacas, adiposas e musculares; a alfa-3, nos neura´nios, e a alfa-4, nos espermatozoides.
O trabalho de Jacqueline analisou como as células gliais de camundongos geneticamente modificados na subunidade alfa-2 da proteana sãodio-pota¡ssio ATP base reagiriam a processos inflamata³rios induzidos por endotoxinas lipopolissacaradeos (LPS) de bactanãrias Gram negativas. O LPS promove um estamulo de células do Sistema Nervoso Central (SNC) desencadeando uma resposta neuroinflamata³ria.
“A alfa-2 tem a capacidade de retirar o glutamato, que éo principal neurotransmissor excitata³rio do SNC, da fenda sina¡ptica dos neura´nios e que, em excesso, se torna ta³xico, provocando neuroinflamação. Falhas nesse mecanismo levam a degeneração dos neura´nios, que resulta em doenças neurodegenerativasâ€, explica Jacqueline, atualmente professora do Instituto de Ciências Biola³gicas da Universidade Federal de Goia¡s.
A professora Karin forneceu os animais com a mutação na subunidade “alfa-2â€criados por sua equipe, em laboratório, que também pesquisa terapias gaªnicas para melhorar o quadro de pacientes com doenças que acometem o SNC.
Animais mutados na subunidade alfa-2 da ATPase
A pesquisa consistiu em analisar como as células neuronais de camundongos
geneticamente modificados na subunidade alfa2, da ATpase, reagiriam
a processos inflamata³rios osArte: Jornal da USP
Jacqueline explica que trabalhos anteriores realizados pela equipe do professor Scavone já haviam demonstrado que a supressão da subunidade alfa-2 inibia processos neuroinflamata³rios em células isoladas do Sistema Nervoso Central (SNC). Os experimentos realizados em animais na Universidade de Aarhus, na Dinamarca, consistiram em administrar endotoxinas LPS em ratos com e sem mutação na subunidade alfa-2 da proteana sãodio-pota¡ssio ATPase.
Apa³s esse procedimento, quatro horas depois, os camundongos geneticamente modificados, que tinham a deficiência de alfa-2, apresentaram redução do processo neuroinflamata³rio, devido a uma menor sinalização de LPS.Â
“Foi observado uma redução de citocinas inflamata³rias tanto no sistema nervoso central quanto no sangue dos animais mutadosâ€, diz. Já os animais selvagens, que estavam com os naveis de alfa2 intactos, apresentaram comportamento doentio, ou seja, eles tiveram maior perda de memória, hipotermia e menor locomoção.
Para o futuro, o grupo do professor Scavone pretende continuar os trabalhos para avaliar os efeitos da deficiência da alfa-2 em modelos animais com inflamações crônicas, o que levaria a morte neuronal e consequentemente a s doenças neurodegenerativas. Os experimentos atuais verificaram o potencial dessa proteana em inflamações agudas, em curto prazo.