O exercacio éalgo que os humanos nunca evoluaram para fazer (mas ésauda¡vel mesmo assim)

Domanio paºblico
Quando não tem vontade de se exercitar, vocêdiz a si mesmo que estãoapenas sendo preguia§oso? Na verdade, o bia³logo evoluciona¡rio de Harvard Daniel E. Lieberman '86 diz, estamos quase programados para evitar esforços desnecessa¡rios. Em seu novo livro, “Exercitado: por que algo que nunca evoluamos para fazer ésauda¡vel e recompensadorâ€, Lieberman explora essa ideia ao usar evidaªncias antropola³gicas para destruir outros mitos e mal-entendidos sobre o exercacio. Lieberman, o professor de Ciências Biola³gicas Edwin M. Lerner II, falou sobre o livro e dicas para se motivar a fazer algo tão antinatural quanto exercacios.
Perguntas & Respostas
Daniel Lieberman
O maior mito que vocêaborda no livro éque énormal fazer exercacios. Apresente esta ideia.
LIEBERMAN: Vivemos em um mundo onde todos sabem que os exercacios são bons para vocaª, mas a grande maioria das pessoas tem dificuldade em fazaª-los. De acordo com estatasticas do governo, apenas cerca de um quarto dos americanos realmente se exercita em seu tempo de lazer. Para mim, estãoclaro que estamos pedindo a s pessoas que escolham fazer algo que éinerentemente anormal, no sentido de que evoluamos para não fazer isso. Os humanos evoluaram para se mover. Na³s evoluamos para sermos fisicamente ativos. Mas o exercacio éum tipo especial de atividade física. a‰ uma atividade física volunta¡ria em prol da saúde e da boa forma. Atérecentemente, ninguanãm fazia isso. Na verdade, seria uma coisa meio maluca de se fazer, porque se vocêéum caçador-coletor muito ativo, por exemplo, ou um agricultor de subsistaªncia, não faria sentido gastar nenhuma energia extra indo para cinco desnecessa¡rios -mile correr pela manha£. Nãote ajuda. Na verdade, ele realmente tira calorias preciosas de outras prioridades. Em suma, os humanos tem esses instintos arraigados de evitar atividades físicas desnecessa¡rias, porque atérecentemente era benanãfico evita¡-las. Agora, julgamos as pessoas preguia§osas se não se exercitam. Mas eles não são preguia§osos. Eles estãoapenas sendo normais.
“O [Harvard Alumni Study] descobriu que ex-alunos mais velhos de Harvard que faziam exercacios tinham taxas de mortalidade cerca de 50% mais baixas do que seus colegas sedenta¡rios, e que os benefacios dos exercacios eram muito maiores em ex-alunos mais velhos do que mais jovens.â€
Como as pessoas podem contornar esses instintos naturais?
LIEBERMAN: Visto que medicalizar e comercializar exercacios obviamente não estãofuncionando, acho que podemos fazer melhor se pensarmos como antropa³logos evolucionistas. Aqui estãotrês coisas que as pessoas podem fazer. O primeiro: não fique com raiva de si mesmo. Nãose sinta mal por não querer fazer exercacios, mas aprenda a reconhecer esses instintos para supera¡-los. Quando me levanto de manha£ para correr, geralmente sinto frio e sinto muito frio e não tenho vontade de fazer exercacios. Meu cérebro sempre me diz todos os tipos de razões pelas quais eu deveria adiar. a€s vezes tenho que me forçar a sair pela porta. Meu objetivo aqui éser compassivo consigo mesmo e entender que aquelas vozinhas em sua cabea§a são normais e que todos nós, mesmo “viciados em exercaciosâ€, lutamos com elas. A chave para o exercacio ésupera¡-los.
A segunda maneira pela qual podemos ajudar a nosmesmos élembrar que evoluamos para ser fisicamente ativos por apenas dois motivos (e édisso que trata grande parte do livro). Evoluamos para ser fisicamente ativos quando era necessa¡rio ou socialmente gratificante. A maioria de nossos ancestrais saaa para caçar ou colher todos os dias porque, do contra¡rio, morreriam de fome. As outras vezes em que eram fisicamente ativos eram para atividades divertidas, como dançar ou jogar jogos e esportes. Sa£o coisas divertidas de fazer e tem alguns benefacios sociais. Se quisermos ajudar a nos exercitar, precisamos ter a mesma mentalidade. Faa§a com que seja divertido, mas também faz com que seja necessa¡rio. Uma das formas mais importantes de torna¡-lo necessa¡rio éfazaª-lo socialmente, como fazer parte de um grupo de corrida. A obrigação o torna divertido, social e necessa¡rio.
A última abordagem antropola³gica que pode ajudar énão se preocupar com o tempo e com a quantidade de exercacios que vocêprecisa. Existe um mito de que evoluamos para ser perpetuamente ativos, correr maratonas e ser tão corpulentos que podemos levantar pedras gigantes com facilidade. A verdade estãolonge disso. Nossos ancestrais eram razoavelmente, mas não excessivamente ativos e fortes. Os caçadores coletores tapicos realizam apenas cerca de 2 horas e meio por dia de atividade física moderada a vigorosa. Eles não são extremamente musculosos e sentam-se tanto quanto nós, quase 10 horas por dia. Além disso, um pouco de atividade física éextremamente salubre. As curvas de resposta a dose mostram que apenas 150 minutos de exercacio por semana - apenas 21 minutos por dia - reduzem as taxas de mortalidade em cerca de 50 por cento. Saber disso, eu acho, pode ajudar as pessoas a se sentirem melhor fazendo apenas um pouco de exercacio em vez de nenhum.
Vocaª explora alguns outros grandes mitos no livro com evidaªncias antropola³gicas de apoio. Vamos falar sobre alguns. A corrida acabara¡ por destruir os seus joelhos?
LIEBERMAN: Esse éum castigo antigo, e étão angustiante ouvi-lo repetidamente. a‰ verdade que as lesões nos joelhos são as lesões mais comuns em corrida. Então, sim, háuma associação entre lesões na corrida e problemas nos joelhos. Masa maioria das lesões nos joelhos que as pessoas tem ao correr podem ser tratadas e, melhor ainda, evitadas aprendendo a correr adequadamente e adaptando o corpo, especialmente fortalecendo os maºsculos do quadril e das pernas. Acho que poderaamos evitar muitas lesões tratando a corrida como uma habilidade. O outro problema com o qual as pessoas se preocupam erroneamente éa osteoartrite. A osteoartrite, infelizmente, éintrata¡vel e um problema sanãrio, mas a noção de que correr causa osteoartrite do joelho não ésustentada por evidaªncias. Existem vários estudos cientaficos convincentes que mostram que os corredores não correm maior risco de contrair essa doença e, se houver alguma coisa, a corrida éligeiramente protetora. a‰ claro que, depois de ter artrite, correr pode ser muito doloroso e pode agravar a situação. Mas vamos dissipar o mito assustador de que correr pode causar artrite.
a‰ normal fazer menos exercacios com a idade?
LIEBERMAN: Acho que esse éo mito mais importante que descobri no livro. Inventamos o conceito de aposentadoria no mundo ocidental moderno e, junto com ele, a noção de que, quando chegamos aos 65 anos, énormal pegar leve. Mas isso nunca foi verdade para nossos ancestrais. Nãoexistia aposentadoria na Idade da Pedra. Na verdade, atérecentemente, era o oposto, porque os ava³s caçadores-coletores geralmente trabalham mais do que os pais em busca de alimentos excedentes que fornecem a seus filhos e netos. Na³s evoluamos para sermos fisicamente ativos durante toda a vida. E, por sua vez, a atividade ao longo da vida nos ajuda a viver mais e a permanecer sauda¡veis ​​a medida que envelhecemos. Isso ocorre porque a atividade física ativa uma ampla gama de mecanismos de reparo e manutenção que se opaµem aos efeitos do envelhecimento. Uma consequaªncia desse legado evolutivo éque, de todas as vezes que somos menos ativos fisicamente, provavelmente o pior éa medida que envelhecemos, pois o sedentarismo nos priva de todos aqueles mecanismos anti-envelhecimento ativados pelo exercacio. Estudo após estudo mostra que os benefacios da atividade física para a saúde tornam-se mais importantes, e não menos importantes, a medida que envelhecemos. Na verdade, o primeiro grande estudo a mostrar isso definitivamente foi o Harvard Alumni Study, liderado por Ralph Paffenbarger. Esse estudo descobriu que ex-alunos mais velhos de Harvard que faziam exercacios tinham taxas de mortalidade cerca de 50% mais baixas do que seus colegas sedenta¡rios, e que os benefacios dos exercacios eram muito maiores nos alunos mais velhos do que nos mais jovens. Estudo após estudo mostra que os benefacios da atividade física para a saúde tornam-se mais importantes, e não menos importantes, a medida que envelhecemos. Na verdade, o primeiro grande estudo a mostrar isso definitivamente foi o Harvard Alumni Study, liderado por Ralph Paffenbarger. Esse estudo descobriu que ex-alunos mais velhos de Harvard que faziam exercacios tinham taxas de mortalidade cerca de 50% mais baixas do que seus colegas sedenta¡rios, e que os benefacios dos exercacios eram muito maiores nos alunos mais velhos do que nos mais jovens. Estudo após estudo mostra que os benefacios da atividade física para a saúde tornam-se mais importantes, e não menos importantes, a medida que envelhecemos. Na verdade, o primeiro grande estudo a mostrar isso definitivamente foi o Harvard Alumni Study, liderado por Ralph Paffenbarger. Esse estudo descobriu que ex-alunos mais velhos de Harvard que faziam exercacios tinham taxas de mortalidade cerca de 50% mais baixas do que seus colegas sedenta¡rios, e que os benefacios dos exercacios eram muito maiores nos alunos mais velhos do que nos mais jovens.
Sentar érealmente tão ruim para nós?
LIEBERMAN: Este éoutro exemplo de como a maneira simplista como pensamos e falamos sobre saúde e atividade física pode criar confusão. Na³s demonizamos tanto ser um viciado em televisão que sentar foi chamado de “o novo fumante†e éamplamente aceito que atérecentemente ninguanãm sentava muito. Mas surpresa, surpresa, quando os pesquisadores estudam os coletores-caçadores modernos, eles ficam sentados cerca de 10 horas por dia, tanto quanto a maioria dos americanos. Demonizar algo tão normal quanto sentar não ajuda muito. Uma abordagem muito melhor, uma abordagem mais sofisticada (que exploro no livro) éperceber que existem maneiras melhores e piores de se sentar. Uma ésentar-se mais ativamente. Embora tenhamos evoluado para sentar muito, não evoluamos para ficar sentados ima³veis por horas a fio, e háevidaªncias convincentes de que éútil interromper sua sessão regularmente. Se vocêestãotrabalhando em uma escrivaninha, levante-se de vez em quando, mexa-se, va¡ buscar uma xacara de cha¡, o que for. Essas interrupções regulares e frequentes ativam seus maºsculos e outros aspectos de seu metabolismo apenas o suficiente para reduzir os naveis de açúcar no sangue e gordura e neutralizar outros efeitos negativos de ser sedenta¡rio. a‰ como ligar o motor do carro. No entanto, éverdade que sentar éum problema se isso étudo que vocêfaz. Sentar no lazer estãomuito mais fortemente associado a resultados ruins para a saúde do que sentar no trabalho. Então, se vocêse senta muito durante o trabalho, mas também se senta muito pela manha£, a noite e nos finais de semana, todo esse sedentismo vai ser um problema. Considerando todas as coisas, éinútil equiparar sentar-se a fumar. Ao contra¡rio de fumar, éperfeitamente normal sentar-se. Nãodeveria ser uma vergonha usar uma cadeira e uma mesa de pénão éum substituto para exercacios. Sa³ não passe o dia todo sentado em uma cadeira. Mas quem não sabe disso?
Esta entrevista foi editada e condensada para maior clareza.