Saúde

Especialistas alertam sobre cata¡strofe iminente com a escalada da pandemia
O alerta édo Observatório Covid-19 BR, que reaºne pesquisadores que atuam de forma independente para disseminar informaa§aµes de qualidade sobre a pandemia
Por USP - 04/03/2021


Reprodução

Uma cata¡strofe se aproxima, mas ainda podemos evita¡-la. a‰ desta forma que o Observatório Covid-19 BR, grupo que reaºne 85 pesquisadores associados a 28 instituições nacionais e internacionais, entre elas USP, Unesp, Unicamp, Fiocruz, UFABC, Universidade de Berkeley e Universidade da Califa³rnia, intitula a nota técnica divulgada no dia 3 de mara§o sobre o crescimento do número de casos de covid-19 no Brasil. Leia a nota na a­ntegra:

Destaques

• A epidemia no Brasil estãoem ampla ascensão, com números de novos casos, hospitalizações e a³bitos alarmantes.

• Medidas restritivas imediatas para evitar esse espalhamento tão alarmante precisam ser estabelecidas em todo o territa³rio nacional. Tais medidas são podera£o ser abandonadas quando a­ndices de casos e mortes atingirem patamares muito mais baixos que os atuais.

• A falta de uma coordenação centralizada pelo governo federal tem dificultado todas as medidas eficazes no combate a  epidemia no Paa­s, que atéo momento conta com poucas estratanãgias de testagem e rastreio de contactantes, atrasos na vacinação e demora para retomada de auxa­lio emergencial a s pessoas mais carentes, para que elas possam sobreviver a este período de restrições econa´micas e de mobilidade.

• A população e seus representantes no Congresso e Senado devem exigir que os Governos tomem as devidas medidas imediatamente.

O número de casos, hospitalizações e a³bitos devidos a  Covid-19 no Brasil tem crescido de forma alarmante desde meados de fevereiro, atingindo presentemente marcas nunca antes alcana§adas, levando-nos a  beira do colapso no sistema hospitalar.

As causas da atual situação são maºltiplas. A explosão de casos que vemos hoje, poranãm, não écompletamente passa­vel de explicação sem que se considere o papel do surgimento e da disseminação de ao menos uma nova variante viral muito mais transmissa­vel do que as que já circulavam antes no Paa­s. Uma variante mais transmissa­vel acelera a epidemia e gera a necessidade de medidas de saúde pública mais firmes e restritivas. Termos chegado a esta situação foi, sem daºvida, devido a  falta de senso de urgência dos governantes, de compromisso com a vida como prioridade e, sobretudo, a  inexistaªncia de ações e de coordenação do governo federal visando a mitigar a epidemia. Agora éa hora de mudarmos isso e evitarmos uma cata¡strofe ainda maior.

A primeira medida a ser tomada éa adoção de um lockdown estrito, com fechamento de estabelecimentos não essenciais e limites a  circulação das pessoas, com o propa³sito de evitar novos conta¡gios. O lockdown estrito compreende a abertura somente daqueles servia§os realmente essenciais, tais como mercados, farma¡cias e locais de atenção a  saúde. Sabemos o custo imediato disso, mas não háoutra maneira de se evitar o colapso hospitalar generalizado, que gera desespero e mortes, além de efeitos devastadores para a economia.

A duração deste lockdown deve ser melhor estudada em cada regia£o, mas devera¡ durar, no ma­nimo, 14 dias. Já a urgência de institua­-lo éimediata. Somente poderemos abandonar esta medida restritiva quando os a­ndices de casos e mortes atingirem patamares muito mais baixos que os atuais.

Os impactos de tal lockdown para a população necessitam ser mitigados por um novo auxa­lio emergencial sem condicionalidades, que precisa ser urgentemente aprovado pelo Congresso Nacional. O valor do auxa­lio, tendo em vista a situação de emergaªncia do Paa­s, deve estar alinhado com as necessidades da população de fazer frente a  sua subsistaªncia. Tambanãm énecessa¡rio que o auxa­lio não seja extinto antes de resolvido o problema agudo de saúde pública.

Um plano de restrições a  mobilidade como aqui apontamos, junto com as demais intervenções não farmacola³gicas, precisa delinear uma estratanãgia de retomada progressiva das atividades cotidianas, tão logo a situação da pandemia osagora catastra³fica osapresente melhora expressiva.

Tem-se visto, em váriospaíses no mundo, o sucesso de estratanãgias de testagem, quarentena e rastreio de contactantes, que abriria um caminho alternativo ao lockdown. No Brasil, tais estratanãgias não foram implementadas, mesmo após mais de um ano de pandemia, com exceção de alguns poucos munica­pios. Estamos atrasados e isso tem que mudar imediatamente, com mais atenção e investimentos em todas as esferas de governo.

a‰ também fundamental acelerar o ritmo de vacinação no Paa­s, para que ocorra uma queda na incidaªncia de casos graves e mortes, como em diversospaíses que estãocom melhores coberturas vacinais. O Brasil tem o Sistema ašnico de Saúde (SUS) e seu Programa Nacional de Imunizações (PNI) que dispaµe de estrutura de servia§os de saúde e expertise em campanhas de vacinação que podem rapidamente ampliar as coberturas vacinais, mediante disponibilidade de vacinas.

O governo federal brasileiro abandonou os esforços de coordenação quanto a  mitigação da epidemia. Neste momento, somos uma constelação de 27 unidades federativas sem políticas coerentes e sem centralidade, muitas com estruturas assistenciais a  beira de um colapso. a‰ preciso que se busque algum tipo de concertação para dar efetividade a s medidas que são, repetimos, imperativas. As políticas adotadas atéaqui, limitadas a gerenciar leitos hospitalares, se mostraram absolutamente incapazes de controlar a disseminação do va­rus, nos levando a  crise atual.

Sem nenhuma estratanãgia de contenção da epidemia, o Brasil tornou-se terreno fanãrtil para a emergaªncia de novas variantes de Sars-Cov-2 e sua propagação, ameaa§ando não apenas o Paa­s, mas todo o mundo. A intensa circulação do va­rus no Brasil possibilita o surgimento de novas mutações de preocupação. A ameaça global em que se transformou o Brasil coloca o Paa­s em risco de isolamento internacional não apenas por meio do fechamento de fronteiras, mas também pela possí­vel imposição de sanções. As consequaªncias disso para o Paa­s, para a economia, para suas relações futuras com o resto do mundo podera£o ser severas.

• A adoção imediata de um lockdown estrito, com a abertura somente de servia§os essenciais, e restrições severas a  circulação de pessoas em todo opaís. Para manutenção dos servia§os essenciais háque se oferecer condições seguras para o deslocamento dos trabalhadores e para a realização de suas atividades.

• A aprovação imediata de um auxa­lio emergencial no valor de R$ 600,00 (refletindo o custo da cesta ba¡sica) atanã, no ma­nimo, que os indicadores da epidemia tenham se reduzido para possibilitar a reabertura da economia.

• A ampliação macia§a da campanha de vacinação, com a compra de doses de vacinas, tanto importando de outros fabricantes, quanto dando maior apoio a  produção nacional.

• Testagem com agilidade de todos os casos suspeitos e seus contatos, e acompanhamento de contactantes.

O tempo da pandemia, agora, tem que ser medido em dias e horas, não mais em semanas e meses. O compromisso com a vida exige isso do Brasil, dos seus governantes e de cada um de nós. O senso de máxima urgência se impaµe nesta hora em que a vida dos brasileiros estãoem risco.

Observatório Covid-19 BR

O Observatório Covid-19 BR éuma iniciativa independente, fruto da colaboração entre pesquisadores com o desejo de contribuir para a disseminação de informação de qualidade baseada em dados atualizados e análises cientificamente embasadas. Os pesquisadores criaram o site com ca³digos de fonte aberta que os permite acompanhar o estado atual da epidemia de covid-19 no Brasil, incluindo análises estata­sticas e previsaµes. Confira a lista dos pesquisadores envolvidos:
• Alcione Miranda dos Santos (UFMA)
• Alexandra Crispim Boing (Departamento de Saúde Paºblica osUFSC)
• Ana Freitas Ribeiro (médica sanitarista @ IIER osprofessora Uninove e USCS)
• Ana Paula A. Assis (pa³s doc @ IB-USP)
• Andrea Sa¡nchez-Tapia (pa³s doc JBRJ)
• Andrei Michel Sontag (mestrando @ IFT-Unesp)
• Antonio Fernando Boing (Departamento de Saúde Paºblica osUFSC)
• Brigina Kemp (assessora técnica @ COSEMS/SP)
• Carine Emer (bia³loga Cemave)
• Camila Genaro Estevam (mestranda FCM-Unicamp)
• Carlos Tautz (jornalista)
• Caroline Franco (doutoranda IFT-Unesp)
• Ceca­lia S. de Andreazzi (tecnologista Fundação Oswaldo Cruz)
• Danilo G. Muniz da Silva (pa³s doc IB-USP)
• Danãbora Y C Brandt (doutoranda UC Berkeley, Estados Unidos)
• Diogo Melo (pa³s doc IB-USP)
• Eleonora D’orsi (Departamento de Saúde Paºblica- UFSC)
• Erika Marques Santana (técnica IB-USP)
• Fabiana Rodrigues Arantes (fa­sica e artista)
• Fla¡via Maria Darcie Marquitti (pa³s doc IFGW e IB osUnicamp)
• Fla¡via Marques Ferrari (bia³loga, professora, autora de materiais dida¡ticos IB-USP)
• Gabriela Rodrigues de Araujo (doutoranda Zurique, Sua­a§a)
• Giuliano Boava (Departamento de Matema¡tica osUFSC)
• Guilherme Valle Moura (Departamento de Economia e Relações Internacionais osUFSC)
• Gustavo Burin (pa³s doc IB-USP)
• Henrique dos Santos Flores (fa­sico)
• Hugo Fernandes-Ferreira (professor UECE / Science Vlogs Brasil)
• Irina B. Barros (doutoranda University of California)
• Irina Lerner (bacharelanda CCM-USP)
• Janaina Vargas de Moraes Maudonnet (doutora em Educação USP)
• Jose Cassio de Moraes (professor FCMSCSP)
• Josimari Telino de Lacerda (UFSC)
• Jaºlia Yoko Lopes Yamaguti (bacharelanda UFABC)
• Karina de Cassia Braga Ribeiro (professora FCMSCSP)
• Kate P. Maia (pa³s doc IB-USP)
• Laa­s de Souza Alves (doutoranda IF-UnB)
• Laura Segovia Tercic (bia³loga, pa³s-graduanda LabJor)
• Leandro G. Cosmo (doutorando IB-USP)
• Leonardo S. Bastos (pesquisador PROCC/Fiocruz)
• Leonardo Souto Ferreira (mestrando IFT-Unesp)
• Lorena G. Barberia (USP)
• Lucas P. de Medeiros (doutorando MIT)
• Luiz Celso Gomes Jr. (professor UTFPR)
• Marcelo Eduardo Borges (bia³logo)
• Marcelo F. C. Gomes (pesquisador PROCC/Fiocruz)
• Marcelo Gasparian Gosling (desenvolvedor de software)
• Marcelo ToméKubo (doutorando IB-USP)
• Marcia Caldas de Castro (professora Harvard T.H. Chan SPH)
• Marco Antonio Silva Pinheiro (doutorando IFT-Unesp)
• Maria Amanãlia de Sousa Mascena Veras (professora FCMSCSP)
• Maria Rita Donalisio Cordeiro (médica epidemiologista FCM-Unicamp)
• Marina C. Ca´rtes (professora IB-Unesp)
• Marina Costa Rillo (pa³s doc Uni Oldenburg, Alemanha)
• Marilia P. Gaiarsa (pesquisadora University of California)
• Mathias M. Pires (professor IB osUnicamp)
• Mauricio N. Cantor Magnani (professor UFSC)
• Monica de Bolle (senior fellow PIIE)
• Nata¡lia de Paula Moreira (USP)
• Oswaldo G. Cruz (pesquisador PROCC/Fiocruz)
• Pamela C. Santana (doutoranda IB-USP)
• Paula Lemos-Costa (pa³s doc University of Chicago)
• Paulo Guimara£es Jr. (Miaºdo) (professor IB-USP)
• Paulo Ina¡cio Prado (professor IB-USP)
• Priscila Tintino de Carvalho (professora do ensino ba¡sico, editora de materiais dida¡ticos, revisora de texto)
• Rafael Badain (bacharelando CCM-USP)
• Rafael Cruz (pa³s doc e autor de materiais dida¡ticos IBT)
• Rafael Lopes Paixa£o da Silva (doutorando IFT-Unesp)
• Rafael Lua­s G. Raimundo (professor DEMA osUFPB)
• Raphael Parmigiani (bia³logo molecular)
• Renato Andrade (doutorando University of Glasgow)
• Renato Mendes Coutinho (professor CMCC-UFABC)
• Roberto Kraenkel (professor IFT-Unesp)
• Rodrigo Corder (doutorando ICB-USP)
• Sara R. Mortara (pa³s doc JBRJ osINMA)
• Silas Poloni Lyra (doutorando IFT-Unesp)
• Tatiana P. Portella Zenker (doutoranda Ecologia osUSP)
• Tatiane C Moraes de Sousa (ENSP/Fiocruz)
• Thomas Nogueira Vilches (pa³s-doc IMECC Unicamp)
• Vera´nica Porto Carreiro de Vasconcellos Coelho (Laborata³rio de Imunologia osInCor osFMUSP)
• Vitor Mori (pa³s-doc Universidade de Vermont)
• Va­tor Sudbrack (mestrando IFT-Unesp)
• Viviana Ma¡rquez Vela¡squez (doutoranda UFPB)
• Viviane Carnier Casaroli (Instituto de Tecnologia de Ta³quio)
• Wendell Pereira Barreto
• Wesley F. Da¡ttilo da Cruz (professor A.C.Manãxico)

 

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