Saúde

Restrições de pandemia agravando fatores desencadeantes de automutilação e problemas de saúde mental entre criana§as e jovens
Os especialistas emitiram um alerta severo sobre os efeitos da pandemia na saúde mental de criana§as e jovens.
Por Jacqueline Garget - 11/03/2021


Imagem: Menino usando ma¡scara facial

Mesmo antes da pandemia, va­amos a deterioração da saúde mental de criana§as e jovens, o que foi ampliado pela prestação inadequada de servia§os para atender a s suas necessidades

Tamsin Ford

Escrevendo no BMJ , a professora Tamsin Ford da Universidade de Cambridge e colegas dizem que a deterioração da saúde mental émais clara entre as fama­lias que já estãolutando e pedem ação urgente "para garantir que esta geração não seja desproporcionalmente prejudicada pelo COVID-19".

Eles apontam para evidaªncias de que a saúde mental das criana§as e jovens do Reino Unido estava se deteriorando antes da pandemia, enquanto os resultados sociais, educacionais e de saúde para criana§as com problemas de saúde mental eram piores no século 21 do que no final do século 20. Por exemplo, entre 2004 e 2017, a ansiedade, a depressão e as lesões autoprovocadas aumentaram, principalmente entre as adolescentes. 

Dado que a automutilação éum fator de risco importante para o suica­dio, não ésurpreendente que as taxas de suica­dio entre criana§as e jovens do Reino Unido também tenham aumentado nos últimos anos, escrevem eles, embora os números permanea§am baixos em comparação com outras faixas eta¡rias - cerca de 100 pessoas menores de 18 anos morreram por suica­dio a cada ano na Inglaterra entre 2014 e 2016.

Estudos realizados durante a pandemia sugerem que, embora algumas fama­lias estejam lidando bem com a situação, outras enfrentam adversidades financeiras, enfrentam dificuldades para ir a  escola em casa e correm o risco de experimentar ciclos viciosos de estresse e angaºstia crescentes.

As prova¡veis ​​condições de saúde mental aumentaram de 11% em 2017 para 16% em julho de 2020 em todas as idades, sexo e grupos anãtnicos, de acordo com a Pesquisa de Saúde Mental de Criana§as e Jovens da Inglaterra (MHCYP). Além disso, uma amostra de 2.673 pais recrutados atravanãs da ma­dia social relatou deterioração da saúde mental e aumento de problemas comportamentais entre criana§as de 4 a 11 anos entre mara§o e maio de 2020 (durante o bloqueio), mas redução dos sintomas emocionais entre 11-16 anos.

Os entrevistados mais carentes socioeconomicamente tiveram saúde mental consistentemente pior em ambas as pesquisas, observam os autores - uma advertaªncia severa, dado que a recessão econa´mica deve aumentar o número de fama­lias em dificuldades financeiras.

Os autores reconhecem que a deterioração da saúde mental não anã, de forma alguma, uniforme. Por exemplo, uma proporção considera¡vel de 19.000 criana§as de 8 a 18 anos de 237 escolas inglesas pesquisadas durante o ini­cio do vera£o de 2020 relataram que se sentiam mais felizes, enquanto um quarto dos jovens na pesquisa MHCYP relatou que o bloqueio tornou suas vidas melhores.

E embora a incidaªncia de automutilação registrada na atenção prima¡ria tenha sido substancialmente menor do que o esperado para criana§as de 10 a 17 anos em abril de 2020, ela voltou aos na­veis pré-pandaªmicos em setembro de 2020, com padraµes semelhantes detectados para todos os encaminhamentos de saúde mental na Inglaterra.

Os dados também mostram uma duplicação no número de encaminhamentos urgentes para transtornos alimentares na Inglaterra durante 2020, apesar de um aumento menor nos encaminhamentos não urgentes.

A professora Tamsin Ford, do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Cambridge, disse: “Mesmo antes da pandemia, va­amos a deterioração da saúde mental entre criana§as e jovens, agravada pela prestação inadequada de servia§os para atender a s suas necessidades. O bloqueio e outras medidas destinadas a combater a pandemia servira£o apenas para exacerbar esses problemas - e ainda mais para alguns grupos de diferentes idades e circunsta¢ncias socioecona´micas.

“A vida dos jovens foi virada de cabea§a para baixo pela pandemia, como éo caso de muitas pessoas, mas sua educação também foi interrompida e muitos jovens agora enfrentam um futuro incerto. Solicitamos aos formuladores de políticas que reconhea§am a importa¢ncia da educação para os resultados sociais e de saúde mental, juntamente com um enfoque apropriado no emprego e nas perspectivas econa´micas.

 

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