Saúde

A escola de enfermagem apresenta uma nova forma de treinamento com boa relação custo-benefa­cio: realidade virtual
Tanto na tela quanto por meio de fone de ouvido, a RV prepara os alunos para situaa§aµes de emergaªncia de alto risco.
Por Carité Rico - 13/03/2021


CRa‰DITO:WILL KIRK / UNIVERSIDADE JOHNS HOPKINS

Sarah tinha 6 anos quando seu pai a trouxe para o pronto-socorro. Assustada e com falta de ar, ela tinha pressão baixa e uma erupção cuta¢nea cobrindo seu torso. "Eu não consigo respirar", ela ofegou, e seu pai, a  beira do pa¢nico, relatou que tinha levado Sarah a s pressas para o hospital depois de dar a ela "um comprimido" para uma infecção no ouvido.

"Era um cena¡rio de anafilaxia, uma reação alanãrgica ao medicamento", lembra Melissa Boggan, estudante de Doutorado em Pra¡tica de Enfermagem na Escola de Enfermagem Johns Hopkins. "Então eu tive que fazer um epi."

Um "epi" éuma injeção de epinefrina usada para neutralizar o inchaa§o das vias aanãreas causado por certos alanãrgenos. "Quando um paciente reage dessa forma ao medicamento, o tempo de resposta antes da parada carda­aca pode ser de apenas cinco minutos", disse Kristen Brown , coordenadora de simulação de prática avana§ada na Escola de Enfermagem. "Qualquer pessoa na enfermagem precisa saber como lidar com uma reação anafila¡tica."

A palavra-chave no tí­tulo de Brown é"simulação". Sarah, ao que parece, não era uma paciente de verdade. Ela éum avatar em um cena¡rio de realidade virtual, um dos vários usados ​​para treinamento por alunos de pré-licenciamento e de prática avana§ada na escola. “Implementamos a plataforma de simulação virtual durante o vera£o, durante o COVID, e pudemos treinar cerca de 400 alunos em um curto espaço de tempo”, diz Brown.

"a‰ INCRaVEL. VOCaŠ SE SENTE COMO SE ESTIVESSE EM UM OUTRO MUNDO."

Melissa Boggan
Estudante de enfermagem

A plataforma éum software de RV desenvolvido pela Oxford Medical Simulation , uma empresa sediada em Boston examinada por Brown e sua equipe durante uma busca por tecnologia de RV, uma tendaªncia crescente no treinamento de enfermeiras, antes da pandemia. A disseminação do coronava­rus "acelerou o andamento do projeto", disse Nancy Sullivan , diretora de simulação cla­nica da escola. O software oferece duas formas de RV - na tela, conduzida pelo computador em casa, e "imersiva", que, com o uso de um fone de ouvido Oculus , oferece uma experiência semelhante a um videogame.

“Usei a versão na tela pela primeira vez no semestre passado”, lembra Kristin White, uma estudante pré-licenciatura que se formou no programa MSN: Entrada na Pra¡tica de Enfermagem em maio. "Era um paciente com asma. Pratica¡vamos em casa e ta­nhamos que marcar 80% em tarefas diferentes. Depois conseguimos fazer isso com o fone de ouvido no campus, o que foi a³timo, quase como na vida real."

O programa de RV faz parte do treinamento de simulação, que inclui manequins e atores ao vivo e complementa as visitas cla­nicas aos pacientes do hospital, que foram reduzidas durante a pandemia. E embora os manequins, ligados a equipamentos médicos, sejam incrivelmente realistas, eles também são caros e ocupam muito Espaço.

Construa­da nos cenários de RV, entretanto, estãoa inteligaªncia artificial, que permite que os avatares - substitutos de pacientes, por exemplo - alterem seu comportamento. “Dependendo de quando vocêfaz algo, a resposta fisiola³gica do paciente muda”, explica Brown. "Quando coloco o oxigaªnio, ou a quantidade de oxigaªnio que dou, muda o cena¡rio. Ajusta-se ao aluno."

Estudantes de enfermagem usam RV para simular emergaªncias médicas
IMAGEM CRa‰DITO: WILL KIRK / JOHNS HOPKINS UNIVERSITY

Seja na tela ou via Oculus, cada cena¡rio coloca o aluno em um ambiente de emergaªncia com um auxiliar de enfermagem que apresenta um paciente que enfrenta um dilema especa­fico. Ray, por exemplo, um homem de 42 anos que fez um transplante de rim, estãoreclamando de fortes dores no peito. Deepak, 64, estãovomitando sangue. Boris, 40, sofre de tremores e parece suicida.

O aluno tem 20 minutos, rastreados por um rela³gio digital, para diagnosticar e tratar a doença executando uma sanãrie de tarefas. Usando um mouse ou controladores Oculus (um para cada ma£o), o aluno passa sobre a cabea§a e o corpo do paciente para fazer perguntas e realizar exames, respectivamente, e tem acesso de 360 ​​graus a equipamentos médicos, um telefone para chamar médicos e um gabinete de medicamentos a serem prescritos.

Depois que um cena¡rio éconclua­do, o aluno éapresentado com uma lista de verificação de análises - o que foi feito correta e incorretamente - acompanhada por uma pontuação percentual. Os alunos com pontuação de 80 e acima va£o para o nova­ssimo Laborata³rio de Realidade Virtual da escola, onde os protocolos de segurança COVID-19 permitem que eles usem o Oculus para uma experiência totalmente imersiva.

"a‰ incra­vel", diz Boggan. "Vocaª se sente como se estivesse em um outro mundo."

Melhor ainda, para Brown e Sullivan, éo debrief que ocorre após as sessaµes do Oculus. Um punhado de alunos se reaºne, a uma distância segura, com o instrutor para revisar o desempenho uns dos outros. "Eles falam", diz Sullivan. "O instrutor faz perguntas e os alunos discutem enquanto os orientamos. Então, eles saem da sala com as respostas."

Eles então repetem os cenários enquanto melhoram seu desempenho e reduzem os estressores emocionais que podem inviabilizar os procedimentos de ER. “E eles não correm o risco de machucar ninguanãm”, diz Brown. "Eles aprendem habilidades de pensamento crítico enquanto são expostos a situações de alto risco que não são vistas com muita frequência. a‰ uma a³tima preparação."

a‰ também o assunto de um estudo que Brown e Sullivan estãoconduzindo para determinar como a RV se compara a outros manãtodos de simulação e prática cla­nica. Os primeiros resultados mostram que "os usuários avaliam muito em termos de usabilidade e debriefing do cena¡rio", diz Brown. "E ao compara¡-lo ao sim tradicional e ao cla­nico, eles o classificaram como 'semelhante' ou 'superior'."

Essa ferramenta relativamente "nova na caixa de ferramentas do sim", como Sullivan coloca, poderia beneficiar a profissão de enfermagem de muitas maneiras. "Isso tem implicações na inscrição e no aumento da oferta de programas online, permitindo que os enfermeiros permanea§am na força de trabalho enquanto avana§am na educação", diz Brown. "Mais educação baseada na aprendizagem experiencial produzira¡ uma força de trabalho mais bem preparada, melhorando o atendimento ao paciente."

 

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