Saúde

Mortalidade de criana§as infectadas pela covid-19 aumenta devido a fatores anãtnicos e socioecona´micos
De acordo com Brian Sousa, criana§as que moram em cidades com maior desenvolvimento morrem quase 75% menos do que criana§as que moram em cidades menos desenvolvidas
Por USP - 20/04/2021


Criana§as com comorbidades apresentam maior risco de mortalidade pela covid-19 - Foto: Michael Appleton/Fotos Paºblicas

Criana§as com comorbidades e hospitalizadas com covid-19 tem maior chance de evolução para desfecho grave da infecção. O risco de mortalidade aumenta ainda mais quando os pacientes pedia¡tricos integram contextos anãtnicos, demogra¡ficos e socioecona´micos des favoráveis , aponta estudo realizado por pesquisadores da USP. A pesquisa utilizou banco de dados disponibilizado pelo Ministanãrio da Saúde. Foram avaliados cerca de 6 mil pacientes menores de 20 anos de idade com covid-19. O estudo focou nos fatores responsa¡veis por aumentar as chances de mortalidade pedia¡trica.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Brian Sousa, pesquisador do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP e autor do estudo, explica que os pacientes com comorbidades apresentam maior risco de mortalidade: “Pacientes com mais de uma doença crônica tem dez vezes mais risco de morte do que criana§as sem qualquer comorbidade. Pacientes com apenas uma comorbidade tem quatro vezes mais chances de evolução para a³bito quando comparados a pessoas sauda¡veis”. Entre as principais comorbidades figuram a diabete, as doenças imunola³gicas, renais, pulmonares e cardiovasculares.

Conforme o pesquisador, os fatores anãtnicos, socioecona´micos e sociodemogra¡ficos também foram considerados na avaliação. A constatação foi que, quando comparadas a s criana§as brancas, os inda­genas tem seis vezes mais risco de morte; criana§as com ascendaªncia asia¡tica morrem três vezes mais; e criana§as pardas va£o a a³bito duas vezes mais. Pacientes pedia¡tricos das regiaµes Norte e Nordeste tem mortalidade quase 3,5 vezes maior do que criana§as oriundas de localidades com maiores a­ndices de desenvolvimento. “Criana§as que moram em cidades com maior desenvolvimento morrem quase 75% menos do que criana§as que moram em cidades menos desenvolvidas. Todos esses fatores anãtnicos, socioecona´micos e sociodemogra¡ficos, de regionalidade, interferem muito na mortalidade infantil em covid-19.”

Apa³s a análise dos dados, Sousa defende que o status de pandemia deveria ser atualizado para sindemia, porque não ésão a covid-19 a responsável pela mortalidade. Uma sindemia éo sinergismo de fatores que levam ao adoecimento, como a interação de doenças crônicas, a covid-19 e as caracteri­sticas anãtnicas e socioecona´micas. 

O médico informa que cada uma das condições podem ter desfechos graves, mas que, quando somadas, potencializam o risco de mortalidade: “Existe um sinergismo entre a covid-19 e a presença de doenças crônicas. A covid-19 sozinha já eleva a mortalidade. As doenças crônicas também levam a  mortalidade. Juntas se potencializam e levam a desfechos negativos piores do que se fossem condições separadas. Nosso estudo mostra isso claramente. As criana§as que tem doenças crônicas tem uma mortalidade pior por covid-19”. E quando as condições são adicionadas a  desigualdade socioecona´mica háincremento do potencial de mortalidade em criana§as: “Essas duas condições se agrupam e se potencializam em criana§as ou em contextos de desigualdade socioecona´mica. Esses fatores socioecona´micos tem que ser levados em conta nas estratanãgias de enfrentamento da doena§a”.

O pesquisador ainda frisa que, com o agravamento da pandemia em 2021 e o colapso do Sistema ašnico de Saúde, a população pobre émais impactada do que a população mais rica: “Essa criana§a em contexto socioecona´mico desfavora¡vel tem menos acesso a hospital, a internação e tratamento. Os desfechos são invariavelmente piores. Com o prolongamento da pandemia e o agravamento das consequaªncias econa´micas, aumentam-se as desigualdades socioecona´micas no Paa­s, o que amplifica esses efeitos da pandemia com desfechos negativos”.

 

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