Saúde

Uma chave para a próxima pandemia: um sistema de alerta precoce
O que precisamos fazer para nos preparar para a próxima pandemia global?
Por Alvin Powell - 20/05/2021


Ilustração fotogra¡fica: Judy Blomquist / Harvard Staff


Soluções
O que precisamos fazer para nos preparar para a próxima pandemia global?
Uma sessão de perguntas e respostas com Michael Mina 


Michael Mina éprofessor assistente de epidemiologia na Escola de Saúde Paºblica Harvard TH Chan, membro do Centro de Dina¢mica de Doena§as Transmissa­veis da Escola e diretor médico associado em microbiologia cla­nica no Departamento de Patologia do Hospital Brigham and Women's. O trabalho de Mina gira em torno de testes de doenças e do desenvolvimento de novas tecnologias para entender melhor a população e as consequaªncias e padraµes imunológicos subjacentes a s doenças infecciosas .

a‰ possí­vel prevenir a próxima pandemia? Se não, podemos nos preparar melhor para isso?

MINA: As pandemias va£o acontecer, mas podemos evitar absolutamente a devastação que ocorre a partir de uma pandemia. Podemos agir agora para nos colocar em uma posição de forma que, quando a próxima pandemia acontecer, não tenhamos que permitir que ela saia do controle. Podemos construir ferramentas para encontra¡-lo rapidamente e agir com rapidez. Podemos construir uma nova infraestrutura de saúde pública para lidar com isso assim que comea§ar a se espalhar.

Existem muitas maneiras de fazer isso. Uma dessas etapas éconstruir uma vigila¢ncia adequada. Podemos trabalhar juntos - em váriospaíses - de uma forma que melhore as sociedades em todos os lugares. Nãovimos isso nesta pandemia, infelizmente, principalmente porque nosso presidente não conseguia nem unir as pessoas em umpaís. Mas no que eu consideraria tempos mais comuns, um va­rus deveria ser algo que todas as pessoas na Terra possam se proteger.

Como seria esse sistema de vigila¢ncia?

MINA: Um observata³rio imunológico, um observata³rio imunológico global, seria um enorme feito de engenharia, do tipo que pode ser comparado - pelo menos na minha visão - ao sistema meteorola³gico. Nãoprecisamos de médicos trabalhando nesse problema; realmente precisamos de engenheiros, epidemiologistas e matema¡ticos. Seria um tipo de programa de “bem coletivo global” para ajudar a prevenir - ou pelo menos identificar rapidamente - a próxima pandemia para que possamos responder rapidamente.

Funcionaria o tempo todo em segundo plano e permitiria duas coisas. Um seria a rápida identificação de novas doenças infecciosas. Seria um programa de vigila¢ncia massivo e dia¡rio usando amostras de sangue prontas para acessar de bancos de sangue ou hospitais que estãoprestes a ser jogados fora - existem inaºmeras maneiras de obter amostras de sangue no mundo. Isso poderia ser apoiado por governos federais, pela indústria ou pelo Departamento de Defesa. Seria uma rotatividade dia¡ria, executando muitos testes diferentes para verificar as respostas imunola³gicas das pessoas.

A partir dessas respostas imunola³gicas, sabera­amos o que estãocirculando por aa­?

MINA: Eu penso em cada indiva­duo como um dispositivo de gravação. Somos todos apenas dispositivos USB, sempre gravando. O problema éque émuito difa­cil descobrir o que gravamos. Mas temos as ferramentas para realmente entrar em nosso sangue e dizer: “O que Michael gravou hoje em termos de exposição a doenças infecciosas? Ele não ficou doente, mas talvez tenha sido exposto a alguma coisa. ” Podera­amos comea§ar a fazer isso para milhões de pessoas todos os dias. Isso criaria um programa de vigila¢ncia robusto. Os dispositivos de registro constante de nosso sistema imunológico seriam interpretados e lidos: "Ei, parece que háum novo coronava­rus se espalhando em Wuhan." Ou, no final de janeiro [2020], “Parece que algumas pessoas com o que parece ser um novo va­rus surgindo na cidade de Nova York”. E então vocêlia as nota­cias e dizia: "Ha¡ um surto de coronava­rus em Wuhan, ”Somando dois e dois, o governador [Andrew] Cuomo teria o poder de fogo para fechar a cidade no ini­cio de fevereiro, em vez de mara§o. Isso teria salvado dezenas de milhares de vidas e talvez evitado aquele grande surto em Nova York.

A chave seria que não estamos esperando que as pessoas adoea§am ou que alguém perceba que várias pessoas adoeceram com algo que não reconhecem. Seria uma varredura de rotina do sangue de pessoas coletadas para outros procedimentos?

MINA: sim. Temos ferramentas que estamos desenvolvendo em meu laboratório, algumas inicialmente inventadas por colaboradores como Steve Elledge [Gregor Mendel professor de Genanãtica e Medicina] aqui em Harvard, que usam uma gota de sangue, são uma picada no dedo. O governo poderia gastar algumas centenas de milhões de da³lares e comprar cada dez deles para usar ao longo do ano - écomo papel de filtro e uma lanceta. Essas coisas podem ser enviadas para a casa de todos. Na verdade, fizemos isso em Massachusetts recentemente. Enviamos a milhares de pessoas pelo correio um pequeno pedaço de papel de filtro e uma pequena picada no dedo, exatamente como um dispositivo para picada no dedo para diabetes, e vocêcoloca uma gota no papel de filtro e envia de volta ao laboratório. E com aquela gota, podemos avaliar o sangue de alguém para centenas de milhares de anticorpos distintos simultaneamente.

O que estamos fazendo éperguntar, para esta pessoa: ela viu centenas de patógenos diferentes? E obtemos alta resolução para a aparaªncia desses anticorpos individuais. Por exemplo, se vocêfizer um teste de anticorpos COVID, recebera¡ um número de volta. Com nossa tecnologia, vocêrecebe 1.000 números de volta apenas para COVID. Portanto, vocêpode comea§ar a construir algo como impressaµes digitais de como os diferentes patógenos se parecem em termos de resposta imunola³gica. Então, se houver um va­rus novo, algo que o mundo nunca viu antes, vocêpode detecta¡-lo.

Nãota­nhamos esse coronava­rus em nosso teste um ano e meio atrás, obviamente, porque não saba­amos que ele existia. Mas tera­amos percebido muito rapidamente ao ver uma foto de muitas pessoas que parecia uma resposta de anticorpos contra o coronava­rus. Nosso software de reconhecimento de padraµes teria dito: “Ei, acabamos de receber esses 30 novos casos de coronava­rus e esses novos anticorpos detectados em pessoas com coronava­rus, mas eles não tem como alvo a protea­na conhecida de pico de coronava­rus. Talvez seja porque éuma nova protea­na de pico e éum novo coronava­rus. ” Podera­amos usar o reconhecimento de padraµes e a resolução que vem desses novos testes para ver o que são padraµes essencialmente estranhos. Eles se parecem muito com um coronava­rus, mas não se encaixam nos padraµes que estamos acostumados a ver para coronava­rus. Isso nos daria uma dica de que talvez um novo esteja se espalhando.

Qual éo status desses testes hoje?

MINA: Essas tecnologias existem e são muito baratas. Estamos tentando construa­-los em uma plataforma muito mais robusta. Eles poderiam essencialmente ser integrados a um programa que governos ou organizações sem fins lucrativos poderiam comprar e utilizar.

a‰ uma maneira extraordinariamente poderosa de tentar identificar uma nova transmissão. Estamos fazendo um piloto agora em parceria com uma empresa chamada Octapharma. Esta empresa coleta plasma sangua­neo de pessoas comuns, então, todas as semanas, meu laboratório obtanãm dezenas de milhares de amostras de lugares em todos os Estados Unidos. Existem 110 sites diferentes.

Esta éuma forma centralizada de obter um grande número de espanãcimes. Estamos processando-os para anticorpos COVID. Nesse caso, estamos fazendo coleta passiva de todas essas amostras de sangue que iam ser descartadas pela empresa. Então, a empresa disse: “Vamos apenas envia¡-los para vocaªâ€.

Então, até2020, teremos processado cerca de meio milha£o de espanãcimes, e seremos capazes de reconstruir a entrada desse va­rus nos Estados Unidos e observar, praticamente diariamente, como a prevalaªncia do va­rus mudou, cresceu e caiu e cresceu novamente em todos os EUA

Agora estamos olhando para trás no tempo, mas o que eu quero fazer éme atualizar para que o fazmos em tempo real. Então poderemos dizer a um governador, que pode ter recusado o programa de teste do estado para va­rus, que nosso sistema de vigila¢ncia estãocomea§ando a ver novos casos de gripe no ini­cio deste ano, ou coronava­rus, ou estamos detectando muitos novos anticorpos contra a doença de Lyme e parece que este seráum ano muito ruim, ou Zika, qualquer que seja o va­rus ou pata³geno.

Ele também pode ser usado não apenas para detecção de pandemia, mas para fornecer um fluxo de dados totalmente novo que permite que as pessoas digam: “Ha¡ evidaªncias realmente boas de que hárinova­rus circulando em sua comunidade”. Portanto, se vocêépai ou ma£e e seu filho estãodoente, vocêprovavelmente quer saber: seu filho estãocom gripe? Seu filho tem adenova­rus? Coronava­rus? Rinova­rus? RSV? Cada um deles requer diferentes na­veis de atenção.

Então, talvez vocêabra seu telefone e um aplicativo diga que sua comunidade, seu CEP, teve muitos rinova­rus na última semana e quase nenhuma gripe. Então vocêprovavelmente poderia dizer: “Olha, garoto, vocêvai ficar bem. a‰ muito prova¡vel que vocêtenha rinova­rus e, se não piorar muito, não precisamos realmente tomar medidas ”.

Eu penso nisso como o sistema meteorola³gico. Neste momento, olhamos para nossos telefones e se diz que vai chover, trazemos um guarda-chuva. Nãoesperamos atécomea§ar a chover. Na³s o levamos preventivamente conosco para o trabalho.

E então essas duas funções estariam lado a lado - vigila¢ncia para novos patógenos e um estado mais rotineiro de transmissão viral - ou o que quer que seja - ocorrendo em sua área?

MINA: Isso mesmo. Isso serviria a propósitos duplos. Talvez todo o programa possa ser financiado por assinantes ou algo parecido. Nãosei. Sa³ acho que hámaneiras de fazer isso funcionar. Francamente, deveria ser financiado apenas pelo governo. Esta pandemia éum golpe de US $ 16 trilhaµes em nossa economia. Se o governo investiu US $ 2 bilhaµes em um esfora§o como este e teve alguma chance de impedir uma grande expansão de um novo va­rus pandaªmico no futuro, o investimento valeu a pena. Os benefa­cios potenciais superam em muito o risco financeiro.

Falamos sobre um sistema de vigila¢ncia global, mas vocêtambém mencionou a construção de uma infraestrutura de saúde pública como uma forma de se antecipar a uma futura pandemia. Como éisso?

MINA: Para não ter outro 2020, precisamos colocar algumas coisas no lugar. O primeiro érealmente um manual. A ciência não éimuta¡vel, mas a ciência émuito mais padronizada do que os formuladores de políticas. Nãodevemos apostar neste ou naquele governo - alguns podem ser mais cientificamente experientes do que outros. Nãohárazãopara não podermos antecipar isso e criar um manual que todo formulador de políticas, sejam governadores, presidentes ou primeiros-ministros, deva ser capaz de abrir e dizer: “OK, este éum va­rus que parece estar se espalhando prontamente com transmissão em aerossol. Tem um R zero de cerca de dois; não parece se espalhar muito pela transmissão de fa´mites; e éum coronava­rus. Agora, qual éa maneira de lidar com isso? ”

Deva­amos ter esses manuais escritos para que, quando acontecer, pudanãssemos apertar um botão e dizer: “OK, essas são as coisas de que precisamos. Estas são as boas abordagens potenciais a serem adotadas. E essas são as ferramentas de que vamos precisar. ”

a‰ um processo que poderia ser executado, pelo menos inicialmente, independente de lideres pola­ticos? Isolado da pola­tica?

MINA: Eu penso que sim. Uma lição que devemos aprender com essa pandemia e com a presidaªncia de Trump éque, embora presumamos que cientistas com os melhores interesses da humanidade estariam liderando os esforços, isso não aconteceu nesta presidaªncia. Devemos ter um grupo de crise independente que não inclua nomeados pola­ticos. Eles podem dizer: “Isso ésanãrio”. Pode ser um grupo constante de conselheiros - não o CDC porque o CDC tem seu trabalho conta­nuo dia¡rio - pessoas que podem se revezar a cada dois anos, como uma Guarda Nacional de cientistas. Pode ser um pequeno grupo, talvez apenas 20 ou 30 que respondem quando chamados para uma ameaa§a.

Como éum forte sistema de saúde pública? E como isso édiferente do que temos agora?

MINA: Vou responder a essa pergunta do ponto de vista das doenças infecciosas, porque a questãomais ampla da saúde pública éenorme e inclui nutrição, tabagismo e muitas outras coisas. Mas significa otimizar o sistema para ajudar o maior número de pessoas, mesmo a s custas dos indiva­duos. Os instrumentos de saúde pública, sejam vacinas, teste ou distanciamento e ma¡scaras, precisam ser avaliados no contexto da população e não no risco individual.

Isso requer uma maneira totalmente nova de pensar, e eu gostaria de comea§ar um novo campo chamado engenharia de saúde pública porque, em última análise, a resposta a um surto precisa ser planejada. Essa éuma grande diferença. A medicina émuito mais uma interação individual entre um paciente e um médico. Nãoéum problema de engenharia fria. A saúde pública sim. Inclui a consideração de estruturas sociais e sistemas de crena§as, mas esses são parte do problema de otimização.

Essa ideia de saúde pública a s vezes entra em conflito com o bem-estar individual algo que tivemos o luxo de esquecer, já que domesticamos tantas doenças infecciosas?

MINA: Absolutamente. Nãotivemos que lidar com a adversidade em nossas costas de qualquer maneira que abrangesse toda a população em décadas ou atémais. Perdemos a noção do que significa agir coletivamente. A Segunda Guerra Mundial foi um grande exemplo de quando dissemos: “Temos que trabalhar coletivamente. Precisamos otimizar nossa resposta ”. No final da Segunda Guerra Mundial, esta¡vamos lana§ando bombardeiros B24 a cada 60 minutos. Isso éalgo que teria sido insonda¡vel se estivanãssemos tentando otimizar a segurança e o bem-estar de cada indiva­duo e não pensando na resposta emnívelde população.

Se vocêvoltar mais longe e houver uma praga a bordo de um navio, vocêqueimara¡ o navio e colocara¡ em quarentena todos os passageiros nele. Vocaª faria o que fosse necessa¡rio porque a última coisa que quera­amos éque isso se espalhasse para a população. Já avana§amos, mas nosso problema hoje éque o va­rus éo mesmo. Nãoimporta. O va­rus não sente por nossas emoções. Nãoéum inimigo que podemos reprimir. Nãopodemos subornar um va­rus com dinheiro. a‰ completamente sem emoção. Nãohánada que possamos fazer para controla¡-lo, exceto controla¡-lo. Acho que perdemos todo o sentido disso.

Somos realmente bons nestepaís em fazer biologia, em fazer medicina. Fomos capazes de ir de zero a uma vacina finalizando a fase três dos testes em meses. Mas falhamos completamente - sempre nestepaís e em muitospaíses - em realmente fazer a parte da saúde pública. Fizemos todas as coisas biológicas caras; fizemos todas as coisas sofisticadas que da£o cranãdito a s pessoas, todas as coisas de médico, todas as coisas de tecnologia. Mas então, quando se tratou de dimensionar e distribuir a vacina, a parte nada sexy da intervenção de saúde pública, ninguanãm pensou a respeito. 

Foi uma reflexa£o tardia completa, mas éa parte mais importante. Portanto, precisamos de todo um novo campo que pense sobre a otimização da saúde pública de uma maneira totalmente nova. Precisamos de engenheiros no terreno.

Como vocêchega a  parte do comportamento humano nisso? Levar as pessoas a fazer o que a ciência e a saúde pública nos dizem que funcionara¡?

MINA: Uma coisa que os governos fazem mal éignorar a saúde pública. E a maneira como comunicamos a saúde pública ao paºblico precisa mudar. Precisa de campanhas que estejam a par das campanhas de Joe Camel e Marlboro Man, Doritos e Coca-Cola. Quando écom fins lucrativos, temos grandes indaºstrias focadas em como levar as pessoas a fazer algo que elas não sabiam que queriam fazer. Ha¡ uma grande quantidade de psicologia envolvida nessas campanhas publicita¡rias e de mensagens. Por que essa ferramenta incra­vel édeixada apenas para coisas adversas para as populações humanas? Para coisas lucrativas que geralmente não tornam as pessoas mais sauda¡veis?

Este étalvez um aspecto de comunicação de sua engenharia de saúde pública?

MINA: Sim, tudo precisa ser levado em consideração. Um problema para a disseminação dos testes rápidos éque as pessoas dizem: “Bem, as pessoas não sabera£o como usa¡-los”. Bem, eles sabera£o como usa¡-los se virem no verso de todas as revistas e virem a¢ncoras de nota­cias e pessoas em comédias fazerem um teste COVID em casa. a‰ absolutamente necessa¡rio que faz parte desta abordagem geral de como lidaremos com as pandemias no futuro. Nãodevemos fugir do marketing. Deva­amos estar despejando bilhaµes de da³lares na McCann e na agaªncia de branding da Coca-Cola. Deva­amos estar pagando bem a eles para falar ao paºblico sobre saúde pública, para ensinar as pessoas. Nãohárazãopara que não possamos fazer isso. Valeria bem a pena cada da³lar e provavelmente seria o melhor retorno sobre o investimento que podera­amos apresentar, dado o contexto desta pandemia no momento.

Existe uma oportunidade hoje em que háuma geração de criana§as e jovens para quem este seráum evento formativo em suas vidas? Eles podem receber essa mensagem, mesmo que os mais velhos sejam mais indiferentes.

MINA: Eu realmente acho que os sinais estãoapontando para uma nova geração de pessoas mais engajadas umas com as outras, mesmo que esteja se envolvendo por meio da tecnologia. Espero que muitas pessoas se interessem por políticas públicas, pela dina¢mica das doenças infecciosas e epidemias. O interesse em pesquisar doenças infecciosas e pandemia disparou entre os jovens este ano. Ao meu redor, de qualquer maneira, existiram exanãrcitos de jovens - e alguns idosos - que realmente se uniram, neste caso, a mim e a essa ideia de teste rápido, construção de campanhas populares online. Ver essa energia foi muito encorajador.

 

.
.

Leia mais a seguir