Saúde

As lições da última pandemia apontam o caminho para as vacinas universais contra a gripe
A gripe éum alvo indescrita­vel e frustrante para vacinas. Existem dois tipos principais de va­rus da gripe que podem infectar humanos, que evoluem rapidamente de uma estaa§a£o para outra.
Por Centro Médico da Universidade de Chicago - 04/06/2021


A hemaglutinina (HA) éuma protea­na dasuperfÍcie do va­rus influenza que se liga a receptores nas células hospedeiras. Um novo estudo mostra como os anticorpos que tem como alvo porções conservadas e esta¡veis ​​de HA, mostradas nas porções coloridas aqui, foram altamente eficazes no combate ao va­rus. Crédito: Guthmiller et al.

Um novo estudo da Universidade de Chicago e do Scripps Research Institute mostra que durante a última grande pandemia - a pandemia de influenza H1N1 de 2009 - as pessoas desenvolveram respostas imunola³gicas fortes e eficazes a partes esta¡veis ​​e conservadas do va­rus. Isso sugere uma estratanãgia para desenvolver vacinas universais contra a gripe que são projetadas para gerar essas mesmas respostas, em vez de visar partes do va­rus que tendem a evoluir rapidamente e exigem uma nova vacina a cada ano.

A gripe éum alvo indescrita­vel e frustrante para vacinas. Existem dois tipos principais de va­rus da gripe que podem infectar humanos, que evoluem rapidamente de uma estação para outra. Ao desenvolver vacinas contra a gripe sazonal, as autoridades de saúde tentam antecipar a variação predominante do va­rus que circulara¡ naquele ano. Essas previsaµes costumam ser ligeiramente erradas. a€s vezes, novas variantes inesperadas surgem, o que significa que a vacina pode não ser muito eficaz. Para evitar isso, o objetivo final de muitos pesquisadores da gripe édesenvolver uma vacina universal que possa ser responsável por qualquer cepa ou variação do va­rus em um determinado ano, ou atémais.

O novo estudo, publicado em 2 de junho na Science Translational Medicine , foi liderado pelos imunologistas da UChicago Jenna Guthmiller, Ph.D., e Patrick Wilson, Ph.D., juntamente com os bia³logos estruturais Julianna Han, Ph.D., e Andrew Ward, Ph.D., do Scripps Research Institute. Eles estudaram as respostas imunola³gicas de pessoas que foram expostas pela primeira vez ao va­rus da pandemia de gripe H1N1 de 2009 , seja por infecção ou por vacina.

Os pesquisadores viram que o sistema imunológico dessas pessoas lembra das células B de memória de sua infa¢ncia, que produziram anticorpos amplamente neutralizantes contra partes altamente conservadas na cabea§a de uma protea­na chamada hemaglutinina (HA) - uma protea­na dasuperfÍcie do va­rus que se liga a receptores nas células hospedeiras. Essas respostas de anticorpos foram muito eficazes no combate ao va­rus e, por terem como alvo partes conservadas da protea­na HA - o que significa que não mudam com muita frequência - poderiam fornecer um alvo atraente para uma vacina para gerar essas mesmas respostas imunola³gicas robustas.

Em um estudo separado de 2020 , Guthmiller e colegas encontraram os chamados anticorpos polirreativos que podem se ligar a vários locais conservados no va­rus da gripe. Agora, o novo estudo revela mais detalhes sobre as condições que podem lembrar as mesmas respostas imunola³gicas fortes dessa primeira exposição.

"Essa éa coisa empolgante sobre este estudo", disse Guthmilller. "Nãoapenas encontramos esses anticorpos amplamente neutralizantes, mas agora sabemos uma maneira de realmente induzi-los."

O aºnico problema éque em encontros subsequentes com o va­rus ou uma vacina, o corpo não gera os mesmos anticorpos supereficazes. Em vez disso, por razões que não são claras, o sistema imunológico tende a se concentrar nas variações mais recentes do va­rus. Isso pode ser eficaz no momento, mas não émuito útil no futuro, quando outra versão ligeiramente diferente da gripe surge.

"Quando as pessoas encontram esse va­rus uma segunda ou terceira vez, sua resposta de anticorpos écompletamente dominada por anticorpos contra as partes mais varia¡veis ​​do va­rus", disse Guthmiller. "Então essa éa batalha difa­cil que continuamos a enfrentar com isso."

O truque para contornar isso éprojetar uma vacina que recrie aquele encontro inicial com o H1N1, usando uma versão da protea­na HA que mantanãm os poderosos componentes indutores de anticorpos conservados e substitui as partes varia¡veis ​​por outras moléculas que não distraira£o o sistema imunológico.

"Estudos estruturais foram essenciais para delinear as áreas conservadas na protea­na HA", disse Han, que foi a coautora do novo estudo e recebeu seu doutorado do Comitaª de Microbiologia da UChicago. "Agora, esses dados podem ser usados ​​para ajustar os alvos das vacinas."

Quase no século passado, duas das quatro pandemias de gripe foram causadas pela gripe H1N1, incluindo a pandemia de gripe espanhola de 1918 que matou até100 milhões de pessoas. No entanto, as descobertas deste estudo são tranquilizadoras na luta contra possa­veis futuras pandemias causadas por outros va­rus H1.

"As chances de haver outra pandemia em nossa vida, causada por um va­rus H1 , são bastante altas", disse Guthmiller. "Saber que realmente temos o kit de ferramentas imunológico pronto para nos proteger éencorajador. Agora éapenas uma questãode obter a vacina certa para fazer isso."

 

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