Saúde

Novo tratamento interrompe a progressão da doença de Alzheimer em cérebros de macacos
Os macacos tratados também aprenderam novas habilidades de resolua§a£o de quebra-cabea§as mais rápido do que seus colegas não tratados.
Por NYU Langone Health - 15/06/2021


Diagrama do cérebro de uma pessoa com doença de Alzheimer. Crédito: Wikipedia / doma­nio paºblico.

Uma nova terapia faz com que as células de defesa imunola³gica engulam protea­nas deformadas, placas de beta amiloide e emaranhados de tau, cujo acaºmulo éconhecido por matar células cerebrais próximas como parte da doença de Alzheimer, mostra um novo estudo.

Liderada por pesquisadores da NYU Grossman School of Medicine, a investigação mostrou que macacos idosos tinham até59 por cento menos depa³sitos de placas em seus cérebros após o tratamento com oligodesoxinucleota­deos CpG (CpG ODN), em comparação com animais não tratados. Essas placas de beta amiloide são fragmentos de protea­nas que se agrupam e obstruem as junções entre as células nervosas (neura´nios).

Os cérebros dos animais tratados também tiveram uma queda nos na­veis de tau ta³xico. Essa protea­na de fibra nervosa pode destruir o tecido vizinho quando alterações em sua estrutura química relacionadas a doenças fazem com que ela se espalhe por outras células.

"Nossas descobertas ilustram que esta terapia éuma forma eficaz de manipular o sistema imunológico para retardar a neurodegeneração", disse Akash Patel, MS, pesquisador assistente do Centro de Neurologia Cognitiva da NYU Langone Health.

Os pesquisadores dizem que o tratamento também trouxe benefa­cios cognitivos. Quando confrontados com uma sanãrie de quebra-cabea§as, os macacos idosos que receberam a droga tiveram um desempenho semelhante aos animais adultos jovens e muito melhor do que aqueles em sua faixa eta¡ria que permaneceram sem tratamento. Os macacos tratados também aprenderam novas habilidades de resolução de quebra-cabea§as mais rápido do que seus colegas não tratados.

De acordo com os pesquisadores, esforços anteriores de tratamento direcionados ao sistema imunológico falharam porque as drogas estimularam excessivamente o sistema, causando na­veis perigosos de inflamação que podem matar as células cerebrais.

"Nosso novo tratamento evita as armadilhas das tentativas anteriores porque éadministrado em ciclos, dando ao sistema imunológico a chance de descansar entre as doses", disse o coautor saªnior do estudo, Thomas Wisniewski, MD. Ele observa que nenhuma inflamação adicional foi observada nos macacos tratados. Wisniewski éo professor Gerald J. e Dorothy R. Friedman do Departamento de Neurologia e diretor do Centro de Neurologia Cognitiva da NYU Langone.

A doença de Alzheimer éa sexta causa de morte nos Estados Unidos e não tem cura conhecida. As terapias medicamentosas destinadas a retardar ou controlar os sintomas falharam, diz Wisniewski, também diretor do Centro de Pesquisa da Doena§a de Alzheimer da NYU Langone. Um crescente corpo de evidaªncias tem implicado o sistema imunológico, o conjunto de células e protea­nas que defendem o corpo de bactanãrias e va­rus invasores, como um contribuinte para a doença de Alzheimer. Um subconjunto de células imunola³gicas, aquelas dentro do sistema imunológico inato, engolem e eliminam detritos e toxinas dos tecidos corporais, juntamente com micróbios invasores. Estudos tem mostrado que esses guardiaµes imunológicos tornam-se lentos a  medida que a pessoa envelhece e não conseguem eliminar as toxinas que causam a neurodegeneração.
 
A nova investigação, publicada como artigo de capa em 15 de junho na revista Brain , éa primeira a ter como alvo o sistema imunológico inato com uma terapia potencial para a doença em macacos, de acordo com Wisniewski. Os medicamentos CpG ODN são parte de uma classe de reguladores imunológicos inatos que aceleram esses custa³dios imunológicos desgastados. Ele diz que a equipe de pesquisa também éa primeira a usar a técnica de administração de drogas "pulsante" para evitar o excesso de inflamação, as respostas imunes como inchaa§o e dor que resultam da entrada de células imunes em locais de lesão ou infecção. Embora seja necessa¡rio para as defesas imunola³gicas e para a cura, o excesso de inflamação contribui para muitos mecanismos de doena§as.

Para a investigação, a equipe de pesquisa estudou 15 macacos-esquilo faªmeas entre 17 e 19 anos de idade. Oito receberam uma única dose do medicamento uma vez por maªs durante dois anos, enquanto o restante recebeu uma solução salina. Os pesquisadores observaram o comportamento dos dois grupos e compararam o tecido cerebral e as amostras de sangue para depa³sitos de placas, na­veis de protea­na tau e evidaªncias de inflamação.

Wisniewski observa que, a  medida que envelhecem, praticamente todos os macacos-esquilo desenvolvem naturalmente uma forma de neurodegeneração que imita a doença de Alzheimer em humanos, o que os torna ideais para estudar a doena§a.

"As semelhanças no envelhecimento entre os animais estudados e nossa própria espanãcie nos da£o esperana§a de que esta terapia funcione em pacientes humanos também", diz a co-autora saªnior do estudo Henrieta Scholtzova, MD, Ph.D.

Scholtzova, professora associada do Departamento de Neurologia da NYU Langone, adverte que os pesquisadores avaliaram apenas macacos idosos que já apresentavam sinais significativos de neurodegeneração. Outros testes em animais mais jovens, ela observa, permitiriam que eles avaliassem a eficácia do tratamento nos esta¡gios iniciais da doena§a.

Scholtzova diz que a próxima equipe planeja comea§ar a testar a terapia CpG ODN em pacientes humanos com deficiências cognitivas leves ou em esta¡gios iniciais de demaªncia. Eles também pretendem estudar este tratamento em doenças neurodegenerativas relacionadas.

 

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