As autoridades de saúde dos Estados Unidos planejam atualizar as orientações oficiais sobre a administração de vacinas mRNA COVID a adolescentes e adultos jovens depois de encontrar uma ligação prova¡vel com casos raros de inflamação do coração, mas dizem que os benefa­cios gerais ainda "claramente" superam os riscos.

A decisão foi anunciada durante uma reunia£o de especialistas convocada pelos Centros de Controle e Prevenção de Doena§as (CDC) na quarta-feira que analisou 323 casos confirmados de miocardite e de pericardite, inflamação do revestimento que envolve o coração, entre pessoas com menos de 30 anos após a vacinação.

"Felizmente, éum evento extraordinariamente raro e, quando acontece, geralmente ébastante leve", disse a  AFP Henry Bernstein, pediatra do Cohen Children's Medical Center em Nova York e membro do painel de especialistas, após a reunia£o.

Ele acrescentou que continuara¡ a aconselhar fortemente os pais a vacinarem seus adolescentes.

Dos 323 casos, 309 foram hospitalizados, 295 tiveram alta, nove permanecem internados com dois em terapia intensiva , e não hádados de desfecho para cinco casos.

Os casos são predominantemente do sexo masculino, a maioria ocorre após a segunda dose e não há³bito confirmado.

Os dados são atuais em 11 de junho, quando mais de 50 milhões de doses das vacinas de mRNA da Pfizer e Moderna foram administradas a pessoas com idades entre 12-29 nos Estados Unidos.

Embora o número de casos seja baixo, eles ainda são maiores do que o esperado nessas faixas eta¡rias e os pesquisadores estãoestudando possa­veis gatilhos biola³gicos.

"A miocardite éuma doença rara, mas não éuma doença nova, já existe hálgum tempo", disse Matthew Oster, membro da força-tarefa da vacina COVID do CDC , observando que a taxa de hista³rico estimada de miocardite éde cerca de 0,8 por 100.000 criana§as por ano.

Oster disse que a doença pode ser causada por va­rus em alguns casos, embora possa haver outros desencadeadores.

"Parece que a vacina de mRNA pode ser um novo gatilho para miocardite", disse ele.

De acordo com o CDC, para cada milha£o de doses de segundo administradas a meninos de 12 a 17 anos, 5.700 casos de COVID, 215 hospitalizações, 71 admissaµes em UTI e duas mortes em 120 dias seriam evitados pela vacinação.

Sa£o esperados entre 56 a 69 casos de miocardite como resultado das vacinas.

"Atualmente, os benefa­cios ainda superam claramente os riscos da vacinação com COVID-19 em adolescentes e adultos jovens ", disseram os cientistas do CDC em uma apresentação.

O CDC e a Food and Drug Administration (FDA) planejam atualizar seus conselhos e ra³tulos de advertaªncia para refletir os riscos potenciais.

Se uma pessoa desenvolver pericardite após a primeira dose, deve aguardar o desaparecimento dos sintomas e consultar o médico antes de receber a segunda dose, de acordo com a minuta de orientação que seráfinalizada em breve.

Se uma pessoa desenvolver miocardite após a primeira dose, ela seráaconselhada a adiar a segunda dose atéque mais informações sejam conhecidas.

Embora as criana§as sejam menos afetadas pelo COVID do que os adultos, o va­rus ainda hospitalizou mais de 3.000 menores de 18 anos nos Estados Unidos e causou mais de 300 mortes, de acordo com dados oficiais. Cerca de 2.700 pessoas com menos de 30 anos morreram de COVID.

As vacinas de RNA mensageiro tem se mostrado extraordinariamente protetoras contra a doena§a. A vacina COVID da Pfizer estãoatualmente autorizada para maiores de 12 anos, enquanto a da Moderna estãoautorizada para maiores de 18 anos.

Além de proteger as criana§as dos riscos imediatos de COVID, os pediatras também querem protegaª-las de possa­veis impactos de longo prazo, como COVID longo e uma complicação pa³s-viral rara, mas muito sanãria, chamada Sa­ndrome Inflamata³ria Multissistemica em Criana§as (MIS-C).

Tambanãm hápreocupações de que a nova variante Delta possa ser mais prejudicial a s criana§as do que as cepas anteriores.

Antes da reunia£o, Monica Gandhi, especialista em doenças infecciosas e saúde pública da Universidade da Califórnia em San Francisco, destacou que os Estados Unidos foram além das recomendações de alguns outrospaíses sobre a vacinação de adolescentes.

Isso inclui Alemanha e Israel, que recomendam apenas a vacinação de adolescentes em alto risco, enquanto a Gra£-Bretanha ainda estãoexaminando os dados e ainda não chegou a uma decisão.