O estresse cra´nico éuma causa conhecida de transtornos mentais. Novas pesquisas deram um passo a  frente na compreensão de como os horma´nios glicocortica³ides ('horma´nios do estresse') agem sobre o cérebro e qual ésua função. Os resultados podem levar a estratanãgias mais eficazes na prevenção e tratamento de transtornos de saúde mental.

O estudo, liderado por acadaªmicos da Universidade de Bristol e publicado hoje na Nature Communications , descobriu uma ligação entre os receptores de corticosteroides - o receptor de mineralocorticoide (MR) e o receptor de glicocortica³ide (GR) - e os genes ciliares e de neuroplasticidade no hipocampo, a regia£o do cérebro envolvida no enfrentamento do estresse, no aprendizado e na memória.

O objetivo da pesquisa era descobrir com quais genes MR e GR interagem em todo o genoma do hipocampo durante a variação circadiana normal e após a exposição ao estresse agudo. A equipe de pesquisa também queria descobrir se alguma interação resultaria emmudanças na expressão e nas propriedades funcionais desses genes.

O estudo combinou sequenciamento de última geração, bioinforma¡tica e tecnologias de análise de vias para permitir uma maior compreensão da ação do horma´nio glicocortica³ide , via MRs e GRs, na atividade do gene no hipocampo.

Os pesquisadores descobriram uma ligação atéentão desconhecida entre o MR e a função dos ca­lios. Os ca­lios são pequenas estruturas semelhantes a cabelos que se projetam dos corpos celulares. A função eficaz dos ca­lios éde vital importa¢ncia para o desenvolvimento do cérebro e a plasticidade cerebral conta­nua, mas como sua estrutura e função são reguladas nos neura´nios éamplamente desconhecido.

A descoberta do novo papel do RM na estrutura e função dos ca­lios em relação ao desenvolvimento neuronal aumentou o conhecimento do papel dessas estruturas celulares no cérebro e pode ajudar a resolver distúrbios relacionados aos ca­lios (de desenvolvimento) no futuro.

A equipe também descobriu que MR e GR interagem com muitos genes que estãoenvolvidos em processos de neuroplasticidade, como comunicação neura´nio a neura´nio e processos de aprendizagem e memória. Alguns desses genes, no entanto, tem sido associados ao desenvolvimento de transtornos de saúde mental, como depressão maior, ansiedade, PTSD, bem como transtornos do espectro da esquizofrenia. Consequentemente, a disfunção do horma´nio glicocortica³ide, conforme observada no estresse cra´nico , poderia ter um efeito prejudicial a  saúde mental por meio de sua ação sobre esses genes de vulnerabilidade, fornecendo um novo mecanismo potencial para explicar o envolvimento hámuito conhecido dos glicocortica³ides na etiologia dos transtornos de saúde mental.

Embora sejam necessa¡rias mais pesquisas sobre o papel dos horma´nios glicocortica³ides na regulação desses genes, as descobertas preenchem a lacuna entre o envolvimento hámuito conhecido dos glicocortica³ides nos transtornos mentais e a existaªncia de genes de vulnerabilidade.

Hans Reul, Professor de Neurociaªncia na Escola Manãdica de Bristol: Ciências da Saúde Translacional (THS), disse: "Esta pesquisa éum passo substancial em nossos esforços para entender como esses poderosos horma´nios glicocortica³ides agem sobre o cérebro e qual ésua função.

"Esperamos que nossas descobertas desencadeiem novas pesquisas direcionadas sobre o papel que esses horma´nios desempenham na etiologia de transtornos mentais graves, como depressão, ansiedade e PTSD."

Os pra³ximos passos para a pesquisa incluem estudar como a ação do horma´nio glicocortica³ide via MR e GR no genoma do hipocampo muda sob condições de estresse cra´nico e, graças a uma nova concessão do BBSRC, a ação dos glicocortica³ides via MR e GR sobre o genoma do cérebro feminino. Muito pouco se sabe sobre essa área de pesquisa em mulheres, pois a maioria dos estudos sobre estresse e horma´nios glicocortica³ides foi realizada em homens.