Saúde

Vivendo com Alzheimer: a bomba-rela³gio da saúde na China
Aproximadamente 10 milhões de pessoas foram diagnosticadas com o distaºrbio cerebral degenerativo - e incura¡vel - na China, que éresponsável por aproximadamente um quarto dos casos mundiais.
Por Phys.org - 19/09/2021


Doma­nio paºblico

A primeira vez que Chen Shaohua desapareceu e foi preso pela pola­cia, a familia do homem de 68 anos confundiu a situação.

Quando ele desapareceu pela segunda vez, eles perceberam que ele não estava muito bem - mas já era tarde demais.

"Perdemos os primeiros sinais", explicou a filha Chen Yuanyuan, acrescentando: "Por vários anos nossa ma£e reclamou que ele estava mentindo ... mas não poda­amos julgar porque não viva­amos com eles hános".

Os médicos diagnosticaram Chen com a doença de Alzheimer, a forma mais comum de demaªncia, em que as pessoas sofrem com a função cognitiva prejudicada, incluindo perda de memória, eventualmente necessitando de cuidados em tempo integral.

Aproximadamente 10 milhões de pessoas foram diagnosticadas com o distaºrbio cerebral degenerativo - e incura¡vel - na China, que éresponsável por aproximadamente um quarto dos casos mundiais.

Como a população dopaís estãoenvelhecendo rapidamente, esse número deve subir para 40 milhões até2050, de acordo com um estudo da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

O relatório alertou que esse aumento de casos custaria a  economia US $ 1 trilha£o a cada ano em despesas médicas e perda de produtividade a  medida que os cuidadores abandonam a força de trabalho.

A Organização Mundial de Saúde afirma que, embora a demaªncia não seja "uma consequaªncia inevita¡vel do envelhecimento biola³gico", o fator de risco mais forte para adquiri-la éa idade.

E embora este seja um problema crescente em todo o mundo, os especialistas dizem que a China estãomal preparada para o desafio.

Os Estados Unidos tem 6,2 milhões de pacientes com Alzheimer e 73.000 leitos em centros de tratamento especializados, enquanto a China tem o dobro dos casos, mas menos de 200 leitos.

"Nenhum problema de saúde émaior na China do que a doença de Alzheimer", disse Wei Shouchao, neurologista da universidade médica de Guangdong.

"a‰ a grande doença que mais cresce no continente e não estamos equipados para lidar com ela."

'Na³s nunca suspeitamos'

Quando Chen começou a perder suas chaves ou carteira, sua familia pensou que era apenas esquecimento.

Na primeira vez que ele desapareceu, demorou 40 horas para encontra¡-lo. A pola­cia o pegou depois que alguém relatou uma tentativa de arrombamento.

"(Aquilo) parecia o lugar onde mora¡vamos. Papai estava confuso. Ele esqueceu que agora estamos em Pequim ... felizmente ninguanãm o agrediu", disse sua filha a  AFP.
 
Sem saber o que fazer a seguir, eles compraram para ele um rela³gio que poderia ajuda¡-los a rastrea¡-lo por meio de um aplicativo, mas quando ele desapareceu novamente após tira¡-lo, eles perceberam que ele precisava de ajuda médica .

"Nunca suspeitamos de Alzheimer porque não ta­nhamos um hista³rico familiar e ele émuito jovem", disse Chen Yuanyuan.

Enquanto milhões migram para as cidades, os pais idosos na China rural são "deixados para trás e vulnera¡veis", disse He Yao, do Centro Nacional de Pesquisa Cla­nica para Doena§as Geria¡tricas.

A falta de conscientização entre as fama­lias significa que os pacientes ficam sem acesso a cuidados médicos adequados por anos, disse ele.

"Esta éuma oportunidade perdida porque as intervenções precoces podem retardar a progressão da doena§a", disse ele.

No ano passado, Pequim anunciou o plano de ação Healthy China 2030, que visa implementar programas de triagem emnívelcomunita¡rio para a detecção precoce de Alzheimer ou demaªncia e aumentar a conscientização pública sobre a doena§a.

No entanto, os cra­ticos dizem que as propostas não incluem detalhes sobre o treinamento de médicos, a construção de instalações de cuidados dedicados ou o aumento da capacidade dos hospitais paºblicos para tratar pacientes com demaªncia.

“Os médicos rurais não são treinados para o diagnóstico precoce”, disse Wei.

"AtéPequim tem apenas um lar de idosos com equipe treinada para lidar com pacientes com Alzheimer."

Pais desaparecidos

Chen éum ex-maºsico do exanãrcito que toca vários instrumentos cla¡ssicos chineses, incluindo flauta de bambu.

Ele estãofisicamente apto e tem uma memória na­tida de coisas que aconteceram décadas atrás. Superficialmente, o aºnico indicador de que algo estãoerrado équando ele fala de eventos passados ​​como se estivessem acontecendo agora.

"O presidente Mao compareceu a uma de nossas apresentações", disse ele a  AFP, referindo-se a um concerto na cidade de Wuhan na década de 1960.

Pacientes com demaªncia geralmente precisam de cuidados 24 horas por dia, e o custo fa­sico e mental dos cuidadores pode ser significativo, principalmente se houver pouca ajuda profissional.

O filho de Chen, Chen Yunpeng, tem um trabalho agitado em uma empresa de loga­stica, mas como não háinstalações comunita¡rias, ele deve, em vez disso, levar seu pai para o depa³sito, onde ele concilia o trabalho em tempo integral com a proteção do pai.

E quando ele desapareceu, a familia teve que contar com um grupo de voluntários que ajuda a encontrar idosos desaparecidos.

Mais de uma daºzia de pessoas - incluindo funciona¡rios paºblicos aposentados, professores e donas de casa - correram para o local onde Chen foi visto pela última vez e ajudaram a pola­cia a examinar horas de filmagens de ca¢meras públicas para encontrar pistas sobre onde ele foi.

A equipe diz que ajudou a encontrar cerca de 300 pacientes desaparecidos de Alzheimer desde 2016.

"Recebemos ligações quase todos os dias sobre pais desaparecidos de fama­lias em todo opaís", disse Su Xiao, chefe do Centro de Servia§os de Resgate de Emergaªncias de Zhiyuan em Pequim.

"O perigo real éque os idosos fiquem presos em canteiros de obras abandonados ou caiam em valas abertas ou fiquem fora durante o mau tempo."

 

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