Saúde

Cientistas descobrem que molanãcula de açúcar em células infectadas com HIV desempenha papel na evasão do sistema imunológico
As descobertas são um primeiro passo em direa§a£o a uma nova classe de tratamento que visa não apenas suprimir a replicaça£o do va­rus, mas matar células que abrigam va­rus persistentes que nos impedem de curar a infeca§a£o pelo HIV.
Por Instituto Wistar - 11/11/2021



Um novo estudo realizado por pesquisadores do Instituto Wistar, um lider internacional de pesquisa biomédica em ca¢ncer, imunologia, doenças infecciosas e desenvolvimento de vacinas, mostra como as principais caracteri­sticas nasuperfÍcie das células infectadas pelo HIV ajudam a doença a evitar a detecção pelo sistema imunológico. Tambanãm mostra como esses recursos podem ser desativados. As descobertas, publicadas na PLOS Pathogens , são um primeiro passo em direção a uma nova classe de tratamento que visa não apenas suprimir a replicação do va­rus, mas matar células que abrigam va­rus persistentes que nos impedem de curar a infecção pelo HIV.

Va­rus HIV-1. Crédito: J Roberto Trujillo / Wikipediav

"Na³s identificamos uma interação de ponto de verificação glico-imune como um novo mecanismo que permite que as células infectadas com HIV evitem a vigila¢ncia imunola³gica", disse Mohamed Abdel-Mohsen, Ph.D., professor assistente do Centro de Vacinas e Imunoterapia do Instituto Wistar e co-autor No papel. "E desenvolvemos uma nova abordagem que visa seletivamente essas interações nasuperfÍcie dessas células infectadas."

Uma cura ou remissão de longo prazo continua sendo o Santo Graal da pesquisa do HIV. Os tratamentos atuais podem reduzir o HIV a na­veis indetecta¡veis, mas não podem erradica¡-lo totalmente. A doença geralmente retorna rapidamente quando o tratamento éinterrompido. E mesmo quando controlado, o HIV aumenta o risco de outros problemas de saúde, incluindo distúrbios neurola³gicos, doenças cardiovasculares e ca¢ncer.

Para o novo estudo, os pesquisadores analisaram um tipo de molanãcula de açúcar chamada a¡cido sia¡lico nasuperfÍcie das células infectadas pelo HIV. Esses açúcares se ligam a receptores especiais chamados siglecs nasuperfÍcie das células imunola³gicas "matadoras naturais" que combatem doena§as. Quando ativados, esses receptores atuam como inibidores, restringindo as células assassinas e fazendo com que parem de matar. "Na³s pensamos, 'épossí­vel que essas células infectadas pelo HIV estejam usando essa interação - cobrindo-se com esses açúcares para escapar da vigila¢ncia imune natural killer?'", Disse Abdel-Mohsen.

O laboratório Abdel-Mohsen descobriu que realmente era esse o caso e essas células infectadas podem aproveitar essa conexão inibita³ria para escapar da vigila¢ncia imunola³gica. Os pesquisadores então investigaram se poderiam manipular essa conexão para tornar as células assassinas mais eficazes em matar as células infectadas pelo HIV. Primeiro, eles analisaram se a desativação dos inibidores das células assassinas liberaria todo o seu poder de matar. No entanto, isso pode fazer com que as células do sistema imunológico ataquem indiscriminadamente, destruindo células sauda¡veis ​​e não sauda¡veis. Os pesquisadores então voltaram sua atenção para as células HIV. Eles usaram uma enzima chamada sialidase para remover os açúcares do a¡cido sia¡lico que ativavam os inibidores imunológicos. No entanto, isso novamente afetou todas as células, fazendo com que as células assassinas atacassem indiscriminadamente. Finalmente, eles desenvolveram um conjugado de sialidase ligado a anticorpos HIV. Este conjugado anticorpo-sialidase tem como alvo apenas o a¡cido sia¡lico nas células HIV. Com o a¡cido sia¡lico removido dessas células, as células imunes assassinas atacaram e mataram as células infectadas pelo HIV, deixando as células sauda¡veis ​​sozinhas.
 
"As células assassinas tornam-se super assassinas para as células infectadas com HIV e agora as atacam de maneira seletiva", disse Abdel-Mohsen. “A descoberta pode ser o elo perdido na abordagem de 'choque e morte' para o tratamento do HIV, que tem sido o foco da pesquisa nos últimos anos”, acrescentou. Este processo de duas etapas envolve primeiro "tirar" o HIV da lataªncia para que ele possa ser detectado e, em seguida, estimular o sistema imunológico a "matar" o va­rus de uma vez por todas. No entanto, embora tenham sido descobertos manãtodos eficazes para reverter a lataªncia, os cientistas ainda não encontraram uma maneira de tornar as células infectadas pelo HIV mais mata¡veis ​​depois de reativadas.

"Podemos ter o choque, mas ainda não matamos", disse Abdel-Mohsen. "Nosso manãtodo na verdade aumenta a suscetibilidade das células infectadas pelo HIV a  morte, o que éuma das principais necessidades não atendidas no campo do HIV."

O primeiro autor Samson Adeniji, Ph.D., um pa³s-doutorado na Wistar, observou que a abordagem da equipe poderia ser testada em combinação com terapias de anticorpos neutralizantes amplamente estudadas atualmente em ensaios clínicos. "Ao combinar abordagens, podera­amos transformar essas células imunola³gicas de um policial em uma espanãcie de Robocop", disse ele.

Os pesquisadores também observaram que, além do HIV, a abordagem pode ter uma aplicação cla­nica no tratamento de outras doenças infecciosas que podem escapar do sistema imunológico , incluindo hepatite e COVID. Em seguida, a equipe estãoavaçando com estudos em animais para testar suas descobertas in vivo. Eles também estãoinvestigando outras moléculas de açúcar no HIV que podem desempenhar um papel semelhante ao a¡cido sia¡lico. "As células infectadas pelo HIV estãoprovavelmente evitando a vigila¢ncia imunola³gica por meio de muitos pontos de controle glicoimunes em potencial", disse Abdel-Mohsen. "Estamos investigando outros mecanismos e como quebra¡-los."

 

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