Saúde

Os cientistas identificam um segundo paciente com HIV cujo corpo parece ter se livrado do va­rus
A terapia anti-retroviral (ART) pode prevenir a produção de novos va­rus, mas não pode eliminar o reservata³rio, necessitando de tratamento dia¡rio para suprimir o va­rus.
Por Hospital Geral de Massachusetts - 15/11/2021

Imagem microsca³pica de uma canãlula T infectada com HIV. Crédito: NIAID


Imagem microsca³pica de uma canãlula T infectada com HIV. Crédito: NIAID

Durante a infecção, o HIV coloca ca³pias de seu genoma no DNA das células, criando o que éconhecido como reservata³rio viral. Nesse estado, o va­rus efetivamente se esconde dos medicamentos anti-HIV e da resposta imunola³gica do corpo. Na maioria das pessoas, novaspartículas virais são constantemente feitas desse reservata³rio. A terapia anti-retroviral (ART) pode prevenir a produção de novos va­rus, mas não pode eliminar o reservata³rio, necessitando de tratamento dia¡rio para suprimir o va­rus.

Algumas pessoas, conhecidas como controladores de elite, tem sistemas imunológicos capazes de suprimir o HIV sem a necessidade de medicamentos. Embora ainda tenham reservata³rios virais que podem produzir mais va­rus HIV, um tipo de canãlula imune chamada canãlula T killer mantanãm o va­rus suprimido sem a necessidade de medicação.

Xu Yu, MD, membro do Ragon Institute of MGH, MIT e Harvard, tem estudado os reservata³rios de HIV de controladores de elite. Seu grupo de pesquisa identificou um paciente que não tinha sequaªncia viral do HIV intacta em seu genoma, indicando que seu sistema imunológico pode ter eliminado o reservata³rio de HIV - o que os cientistas chamam de cura esterilizante. A equipe de Yu sequenciou bilhaµes de células desse paciente, conhecido como Paciente de Sa£o Francisco, procurando por qualquer sequaªncia de HIV que pudesse ser usada para criar um novo va­rus, e não encontrou nenhuma. Esta descoberta extraordina¡ria, a primeira incidaªncia conhecida de uma cura esterilizante sem um transplante de células-tronco , foi relatada na Nature em 2020 (e Yu discute neste va­deo ).

O grupo de Yu agora relata um segundo paciente infectado com HIV não tratado, conhecido como Paciente Esperanza, que, como o Paciente de Sa£o Francisco, não tem genomas de HIV intactos encontrados em mais de 1,19 bilha£o de células sanguíneas e 500 milhões de células de tecido sequenciadas. Este relatório, publicado nos Annals of Internal Medicine , pode representar um segundo exemplo de cura esterilizante.

"Essas descobertas, especialmente com a identificação de um segundo caso, indicam que pode haver um caminho aciona¡vel para uma cura esterilizante para pessoas que não são capazes de fazer isso por conta própria", disse Yu, que também émédico investigador no Massachusetts General Hospital.

Ela explica ainda que essas descobertas podem sugerir uma resposta especa­fica de células T assassinas, comum a ambos os pacientes que impulsionam essa resposta, com a possibilidade de que outras pessoas com HIV também tenham alcana§ado uma cura esterilizante. Se os mecanismos imunológicos subjacentes a essa resposta puderem ser compreendidos pelos pesquisadores, eles podera£o desenvolver tratamentos que ensinem o sistema imunológico de outras pessoas a imitar essas respostas em casos de infecção pelo HIV.

Yu acrescenta: "Estamos agora olhando para a possibilidade de induzir este tipo de imunidade em pessoas em TARV por meio da vacinação, com o objetivo de educar seus sistemas imunológicos para serem capazes de controlar o va­rus sem TARV."

 

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