Saúde

Omicron resistente a  maioria dos anticorpos monoclonais, mas neutralizado por uma dose de reforço
Estudos epidemiola³gicos iniciais demonstram que a variante Omicron émais transmissa­vel do que a variante Delta. As caracteri­sticas biológicas da variante Omicron ainda são relativamente desconhecidas.
Por Instituto Pasteur - 07/01/2022


Visualização 3D de mutações na protea­na spike da variante Omicron. Esquerda: visão aanãrea. Adireita: vista lateral. As mutações são indicadas em vermelho. Eles ocorrem em toda a protea­na spike, mas particularmente no doma­nio de ligação ao receptor (RBD) e na regia£o conhecida como doma­nio N-terminal (NTD). Crédito: Institut Pasteur - Fanãlix Rey

A variante Omicron foi detectada pela primeira vez na áfrica do Sul em novembro de 2021 e, desde então, se espalhou para muitospaíses. Espera-se que se torne a variante dominante dentro de algumas semanas ou meses. Estudos epidemiola³gicos iniciais mostram que a variante Omicron émais transmissa­vel do que o va­rus atualmente dominante (a variante Delta). a‰ capaz de se espalhar para indivíduos que receberam duas doses da vacina e para indivíduos previamente infectados.

Cientistas do Institut Pasteur e do Vaccine Research Institute, em colaboração com KU Leuven (Leuven, Banãlgica), Hospital Regional de Orlanãans, Ha´pital Europanãen Georges Pompidou (AP-HP), Inserm e o CNRS, estudaram a sensibilidade da variante Omicron ao monoclonal anticorpos usados ​​na prática cla­nica para prevenir formas graves da doença em pessoas em risco, bem como anticorpos no sangue de indivíduos previamente infectados com SARS-CoV-2 ou vacinados. Eles compararam essa sensibilidade com a da variante Delta. Os cientistas demonstraram que o Omicron émuito menossensívelaos anticorpos neutralizantes do que o Delta.

Os cientistas então analisaram o sangue de pessoas que receberam duas doses da vacina Pfizer ou AstraZeneca. Cinco meses após a vacinação, os anticorpos no sangue já não eram capazes de neutralizar o Omicron. Esta perda de eficácia também foi observada em indivíduos infectados com SARS-CoV-2 nos últimos 12 meses. A administração de uma dose de reforço da vacina Pfizer ou de uma dose única de vacina em indivíduos previamente infectados levou a um aumento significativo nos na­veis de anticorpos que foram suficientes para neutralizar o Omicron. O Omicron anã, portanto, muito menossensívelaos anticorpos anti-SARS-CoV-2 atualmente usados ​​na prática cla­nica ou obtidos após duas doses da vacina .

O estudo foi publicado como uma pré-impressão no site bioRxiv em 15 de dezembro de 2021 e na Nature em 23 de dezembro de 2021

Estudos epidemiola³gicos iniciais demonstram que a variante Omicron émais transmissa­vel do que a variante Delta. As caracteri­sticas biológicas da variante Omicron ainda são relativamente desconhecidas. Ele tem mais de 32 mutações na protea­na do pico em comparação com o primeiro SARS-CoV-2 e foi designado como uma variante de preocupação pela OMS em 26 de novembro de 2021.

Na áfrica do Sul, a variante Omicron substituiu os outros va­rus em poucas semanas e levou a um aumento acentuado no número de casos diagnosticados. As análises em váriospaíses indicam que o tempo de duplicação para os casos éde aproximadamente 2 a 4 dias. O Omicron foi detectado em dezenas depaíses, incluindo a Frana§a, e tornou-se dominante no final de 2021.
 
Em um novo estudo apoiado pela Autoridade de Preparação e Resposta a Emergaªncias de Saúde da Unia£o Europeia (HERA), cientistas do Institut Pasteur e do Instituto de Pesquisa de Vacinas, em colaboração com KU Leuven (Leuven, Banãlgica), Hospital Regional de Orlanãans, Ha´pital Europanãen Georges Pompidou ( AP-HP) e Inserm, estudaram a sensibilidade do Omicron aos anticorpos em comparação com a variante Delta atualmente dominante. O objetivo do estudo foi caracterizar a eficácia de anticorpos terapaªuticos, bem como de anticorpos desenvolvidos por indivíduos previamente infectados pelo SARS-CoV-2 ou vacinados, na neutralização dessa nova variante.

Os cientistas da KU Leuven isolaram a variante Omicron do SARS-CoV-2 de uma amostra nasal de uma mulher de 32 anos que desenvolveu COVID-19 moderado alguns dias após retornar do Egito. O va­rus isolado foi imediatamente enviado a cientistas do Institut Pasteur, onde anticorpos monoclonais terapaªuticos e amostras de soro de pessoas vacinadas ou previamente expostas ao SARS-CoV-2 foram usados ​​para estudar a sensibilidade da variante Omicron.

Os cientistas usaram ensaios de neutralização rápida, desenvolvidos pela Unidade de Imunidade e Va­rus do Institut Pasteur, na amostra isolada do va­rus Omicron. Este esfora§o multidisciplinar colaborativo também envolveu virologistas e especialistas do Institut Pasteur na análise da evolução viral e estrutura da protea­na, juntamente com equipes do Hospital Regional de Orlanãans e do Ha´pital Europanãen Georges Pompidou em Paris.

Os cientistas começam testando nove anticorpos monoclonais usados ​​na prática cla­nica ou atualmente em desenvolvimento pré-cla­nico. Seis anticorpos perderam toda a atividade antiviral e os outros três foram 3 a 80 vezes menos eficazes contra o Omicron do que contra o Delta. Os anticorpos Bamlanivimab / Etesevimab (uma combinação desenvolvida pela Lilly), Casirivimab / Imdevimab (uma combinação desenvolvida pela Roche e conhecida como Ronapreve) e Regdanvimab (desenvolvido pela Celtrion) já não tinham qualquer efeito antiviral contra Omicron. A combinação Tixagevimab / Cilgavimab (desenvolvida pela AstraZeneca sob o nome de Evusheld) foi 80 vezes menos eficaz contra o Omicron do que contra o Delta.

"Demonstramos que esta variante altamente transmissa­vel adquiriu resistência significativa a anticorpos. A maioria dos anticorpos monoclonais terapaªuticos atualmente disponí­veis contra SARS-CoV-2 são inativos", comenta Olivier Schwartz, co-último autor do estudo e Chefe do Va­rus e Unidade de Imunidade do Institut Pasteur.

Os cientistas observaram que o sangue de pacientes previamente infectados com COVID-19, coletado até12 meses após os sintomas, e de indivíduos que receberam duas doses da vacina Pfizer ou AstraZeneca, tomadas cinco meses após a vacinação, quase não neutralizou a variante Omicron . Mas o soro de indivíduos que receberam uma dose de reforço da Pfizer, analisada um maªs após a vacinação, manteve-se eficaz contra o Omicron. No entanto, foram necessa¡rios cinco a 31 vezes mais anticorpos para neutralizar o Omicron, em comparação com o Delta, em ensaios de cultura de células. Esses resultados ajudam a lana§ar luz sobre a eficácia conta­nua das vacinas na proteção contra formas graves de doena§as.

"Agora precisamos estudar a duração da proteção da dose de reforço. As vacinas provavelmente se tornam menos eficazes em oferecer proteção contra a contratação do va­rus, mas devem continuar a proteger contra as formas graves", explica Olivier Schwartz.

“Este estudo mostra que a variante Omicron prejudica a eficácia de vacinas e anticorpos monoclonais, mas também demonstra a capacidade dos cientistas europeus de trabalharem juntos para identificar desafios e soluções potenciais. Enquanto KU Leuven foi capaz de descrever o primeiro caso de infecção Omicron na Europa usando o sistema de vigila¢ncia do genoma belga, nossa colaboração com o Institut Pasteur em Paris nos permitiu realizar este estudo em tempo recorde. Ainda hámuito trabalho a fazer, mas graças ao apoio da Autoridade de Preparação e Resposta a Emergaªncias de Saúde da Unia£o Europeia (HERA), chegamos claramente a um ponto em que os cientistas dos melhores centros podem trabalhar em sinergia e avana§ar no sentido de uma melhor compreensão e uma gestãomais eficaz da pandemia ", comenta Emmanuel Andranã, coautor do estudo,

Os cientistas conclua­ram que as muitas mutações na protea­na spike da variante Omicron permitiram que ela evitasse em grande parte a resposta imunola³gica. Pesquisas em andamento estãosendo conduzidas para determinar por que essa variante émais transmissa­vel de um indiva­duo para outro e para analisar a eficácia a longo prazo de uma dose de reforço.

 

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