Saúde

Anticorpo que inibe ampla gama de sarbecova­rus encontrados
O anticorpo neutraliza o SARS-CoV-2, as variantes do SARS-CoV-2 e outros sarbecova­rus em laboratório, protege contra a infeca§a£o em estudos com animais e parece ser capaz de impedir as tentativas do va­rus de evita¡-lo por meio de mutaa§a£o.
Por Michael McCarthy - 19/01/2022


Ilustração da ligação do anticorpo neutralizante a  protea­na do receptor humano SARS-CoV-2. Crédito: Veesler Lab

Os cientistas descobriram um anticorpo que pode levar a tratamentos mais eficazes contra uma ampla gama de sarbecova­rus, a familia de va­rus que inclui o coronava­rus SARS-CoV-2 e suas variantes.

O anticorpo neutraliza o SARS-CoV-2, as variantes do SARS-CoV-2 e outros sarbecova­rus em laboratório, protege contra a infecção em estudos com animais e parece ser capaz de impedir as tentativas do va­rus de evita¡-lo por meio de mutação.

"Nossas descobertas sugerem que éum candidato muito bom para o desenvolvimento cla­nico como tratamento com anticorpos monoclonais", disse David Veesler, investigador do Howard Hughes Medical Institute e professor associado de bioquímica da Escola de Medicina da Universidade de Washington em Seattle, que liderou o esfora§o de pesquisa com Matteo Samuele Pizzuto e Davide Corti da Humabs Biomed SA, uma subsidia¡ria da Vir Biotechnology.

Os pesquisadores relatam suas descobertas na revista Science . Young-Jun Park, um cientista saªnior do laboratório Veesler e Anna De Marco da Humabs Biomed foram os principais autores do artigo, que foi publicado na quinta-feira, 6 de janeiro.

O anticorpo, designado S2K146, foi isolado das células B produtoras de anticorpos de um paciente que tinha COVID-19 e se recuperou. Como outros anticorpos induzidos por vacinas SARS-CoV-2 e usados ​​em tratamentos com anticorpos monoclonais, o S2K146 tem como alvo a protea­na viral .

A protea­na spike se agarra a uma protea­na encontrada nasuperfÍcie das células chamada enzima conversora de angiotensina (ACE2). Em seguida, inicia o processo pelo qual o va­rus entra na canãlula. A regia£o da protea­na spike que se liga a  ACE2 échamada de doma­nio de ligação ao receptor e éo principal alvo dos anticorpos após a infecção ou vacinação.

Uma forma de os anticorpos anti-SARS-CoV-2 prevenirem a infecção éligando-se ao doma­nio de ligação ao receptor da protea­na spike, de forma que não possa se prender ao ACE2. Com o tempo, no entanto, variantes, como o omicron, adquirem mutações que alteram as sequaªncias de aminoa¡cidos do doma­nio de ligação ao receptor da protea­na spike, de modo que não émais reconhecido por muitos anticorpos contra ele. Isso échamado de evasão imunola³gica.

Para o va­rus, háuma desvantagem potencial com essa estratanãgia: asmudanças no doma­nio de ligação do receptor que permitem que ele escape do anticorpo também podem prejudicar a capacidade da protea­na spike de se ligar ao seu alvo na canãlula, ACE2, e iniciar a infecção.

A protea­na spike SARS-CoV-2, no entanto, provou ser altamente adapta¡vel e surgiram variantes com mutações que permitem que o doma­nio de ligação ao receptor escape dos anticorpos existentes contra ele, embora ainda seja capaz de se ligar ao ACE2 e desencadear a infecção. Por causa da extraordina¡ria "plasticidade" mutacional da regia£o do pico envolvida na ligação de ACE2, disse Veesler, muitos pesquisadores não pensaram que os anticorpos que a alvejassem seriam amplamente neutralizantes de va­rus tão diferentes como o SARS-CoV-2 e o SARS-CoV.

S2K146 parece ser diferente. A área que ele usa para se ligar e bloquear o doma­nio de ligação ao receptor da protea­na spike équase idaªntica a  regia£o que reconhece o receptor ACE2. "S2K146 imita os contatos moleculares formados com o receptor ACE2 ligando-se exatamente onde a protea­na spike precisa se ligar a  canãlula", disse Veesler.

Como resultado, qualquer alteração no pico viral que reduza a capacidade do anticorpo de se ligar a ele também parece reduzir a capacidade do va­rus de se ligar a ACE2 e infectar células.

Isso foi confirmado em um experimento que Veesler e seus colegas fizeram como parte de seu estudo. Neste experimento, eles expuseram um va­rus substituto que carrega a protea­na de pico SARS-CoV-2 para S2K146 para ver se os mutantes de escape emergiriam. Eles fizeram isso dezenas de vezes, e apenas um mutante de fuga emergiu. Mas sua capacidade de se ligar ao ACE2 era tão pobre que não conseguiu vencer o va­rus original. A descoberta sugere que serámuito difa­cil, embora não impossí­vel, o surgimento de variantes que possam evitar o S2K146 e permanecer em forma, disse Veesler.

O artigo da Science éintitulado "Neutralização ampla de sarbecova­rus mediada por anticorpos atravanãs do mimetismo molecular de ACE2."

 

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