Saúde

O perfil molecular do meningioma pode levar a um melhor prognóstico e terapia
Neste estudo, publicado na Science Advances , pesquisadores do Baylor College of Medicine e do Jan e Dan Duncan Neurological Research Institute (Duncan NRI) do Texas Children's Hospital continuaram seus esforços...
Por Baylor College of Medicine - 02/02/2022


Doma­nio paºblico

Prever com segurança se o meningioma, o tumor cerebral prima¡rio mais comum, ira¡ se repetir ou permanecer benigno não tem sido fa¡cil. Neste estudo, publicado na Science Advances , pesquisadores do Baylor College of Medicine e do Jan e Dan Duncan Neurological Research Institute (Duncan NRI) do Texas Children's Hospital continuaram seus esforços para melhorar o prognóstico do tumor.

A equipe relata que a análise de 365 meningiomas, integrando várias abordagens de perfil molecular, sugeriu fortemente que existem três grupos biologicamente distintos, sendo um deles confia¡velmente maligno. Isso poderia transformar a assistaªncia ao paciente , proporcionando um melhor prognóstico e revelando os tumores que requerem tratamento mais agressivo.

A classificação atual éo sistema da Organização Mundial da Saúde, que divide os meningiomas em três categorias: grau I da OMS (benigno), grau II (ata­pico) e grau III (maligno). "O sistema da OMS se baseia na histopatologia do tumor, ou seja, na aparaªncia das células tumorais sob o microsca³pio. Embora esse sistema tenha algum sucesso na previsão de recorraªncia do tumor, háespaço para melhorias", disse o coautor correspondente Dr. Akash J. Patel, um neurocirurgia£o especializado no tratamento de meningioma no Baylor St. Luke's Medical Center.

"Por exemplo, os tumores de grau II e III da OMS tendem a recorrer, mas também vimos pacientes com meningioma de grau II cujos tumores tem um curso mais benigno", disse Patel, que também éprofessor associado de neurocirurgia em Baylor e pesquisador do o Duncan NRI. "Por outro lado, uma parte dos tumores grau I, que geralmente são curados com cirurgia, recorrem apesar da ressecção completa e caracteri­sticas microsca³picas benignas. Parece que a forma como estamos olhando para o meningioma poderia se beneficiar da reavaliação, e isso nos inspirou a continuar em busca de evidaªncias que apoiem uma maneira melhor de prever o comportamento do tumor."

Em seu trabalho anterior , Patel e seus colegas examinaram os tumores de meningioma nonívelgenanãtico e não nonívelcelular. Eles usaram três abordagens de perfil molecular: sequenciamento do exoma inteiro, sequenciamento de RNA e variações do número de ca³pias do gene. Eles identificaram três grupos distintos de meningioma (A, B e C) que não correspondiam ao sistema de classificação da OMS. Os tumores do grupo C tiveram um curso cla­nico notavelmente pior do que os tumores do grupo A ou B. Esses três tipos permitiram uma melhor previsão do comportamento do tumor do que o sistema da OMS.

No estudo atual, Patel e seus colegas compararam sua abordagem de perfil molecular de meningioma com outras que usaram a metilação do DNA para classificar tumores. Um perfil de metilação do DNA refere-se a  distribuição dos marcadores químicos de metila ao longo do genoma, o que afeta quais genes são expressos.
 
"Realizamos perfis de metilação do DNA dos tumores que já ta­nhamos examinado em nosso estudo anterior para determinar se essas diferentes metodologias para classificar tumores estavam encontrando os mesmos grupos biola³gicos", disse Patel. "Descobrimos que, independentemente da abordagem de perfil que usamos - expressão gaªnica ou metilação do DNA - sempre encontramos os mesmos grupos moleculares."

Na segunda parte do estudo, os pesquisadores investigaram o que estava tendo o efeito dominante no perfil de expressão gaªnica nesses grupos. Foi a metilação do DNA ou a variação do número de ca³pias do gene influenciando predominantemente a expressão do gene?

"Para determinar qual dos dois teve um efeito dominante, criamos um modelo matema¡tico, o modelo de regressão de ma­nimos quadrados parciais. O primeiro autor Dr. Jim Bayley, residente no laboratório, passou um ano neste trabalho", disse Patel.

Com esse modelo, os pesquisadores podem dizer que, para um determinado gene, seu perfil de expressão estãoaltamente correlacionado com seu perfil de metilação, o que sugere que a expressão desse gene provavelmente éregulada por metilação. Para outros genes , o perfil de expressão do gene pode ser regulado pela variação do número de ca³pias, não pela metilação.

Por fim, a equipe queria entender o que estava impulsionando o perfil de expressão gaªnica dos tumores malignos do grupo C, aqueles com os piores resultados.

"Descobrimos que os tumores mais agressivos tendem a ser mais influenciados pela perda do número de ca³pias do gene, particularmente a perda do cromossomo 1p, que vemos na grande maioria dos tumores do grupo C", disse Patel. "O grupo C émarcado pela instabilidade cromossa´mica, o que significa que esses tumores tem uma tendaªncia maior de adicionar ou perder cromossomos inteiros ou seções deles, o que afeta o perfil de expressão gaªnica".

A nova abordagem na classificação dos meningiomas tem implicações importantes para os pacientes.

"No momento, o padrãode cuidado éremover o tumor e aconselhar o paciente. Identificar esses grupos fornece aos pacientes um melhor prognóstico", disse Patel.

Este trabalho também abre a oportunidade de estudar o que torna os meningiomas agressivos agressivos, o que pode levar a futuras terapias.

"Nosso estudo e os de outros grupos nos últimos anos prepararam o terreno para uma classificação molecular de meningiomas. Para outros tumores, gliomas e meduloblastomas, a classificação molecular substituiu a classificação histopatola³gica tradicional. Esperamos que nos pra³ximos anos também se tornara¡ padrãoo uso de dados moleculares para classificar meningiomas", disse Patel.

Outros colaboradores deste trabalho incluem Caroline C. Hadley, Arif O. Harmanci, Akdes S. Harmanci e Tiemo J. Klisch. Os autores são afiliados a uma ou mais das seguintes instituições: Baylor College of Medicine; Jan e Dan Duncan Neurological Research Institute no Texas Children's Hospital e no University of Texas Health Science Center, em Houston.

 

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