Saúde

Como o COVID vai acabar? Especialistas olham para epidemias passadas em busca de pistas
Os fins das epidemias não são tão minuciosamente pesquisados ​​quanto seus prima³rdios. Mas hátemas recorrentes que podem oferecer lia§aµes para os pra³ximos meses, disse Erica Charters, da Universidade de Oxford, que estuda o assunto.
Por Mike Stobbe - 10/03/2022


Apenas 3 dos 31 membros de uma classe de sanãtima sanãrie na Grebey Junior High School em Hazleton, Penn., 16 de outubro de 1957. Todas as escolas públicas aqui foram fechadas pelo resto da semana devido a s muitas ausaªncias causadas por um uma doença semelhante a  gripe que assola a regia£o. Professor e alunos não identificados. Crédito: Foto/Arquivo AP

Dois anos após o ini­cio da pandemia do COVID-19, a maior parte do mundo viu uma melhora drama¡tica nas infecções, hospitalizações e taxas de mortalidade nas últimas semanas, sinalizando que a crise parece estar diminuindo. Mas como isso vai acabar? Epidemias passadas podem fornecer pistas.

Os fins das epidemias não são tão minuciosamente pesquisados ​​quanto seus prima³rdios. Mas hátemas recorrentes que podem oferecer lições para os pra³ximos meses, disse Erica Charters, da Universidade de Oxford, que estuda o assunto.

“Uma coisa que aprendemos éque éum processo longo e demorado” que inclui diferentes tipos de finais que podem não ocorrer todos ao mesmo tempo, disse ela. Isso inclui um "fim médico", quando a doença recua, o "fim pola­tico", quando as medidas de prevenção do governo cessam, e o "fim social", quando as pessoas seguem em frente.

A pandemia global do COVID-19 aumentou e diminuiu de maneira diferente em diferentes partes do mundo. Mas nos Estados Unidos, pelo menos, hárazões para acreditar que o fim estãopra³ximo.

Cerca de 65% dos americanos são totalmente vacinados e cerca de 29% são vacinados e reforçados. Os casos vão caindo háquase dois meses, com a média dia¡ria dos EUA caindo cerca de 40% apenas na última semana. As hospitalizações também caa­ram, quase 30%. Os mandatos de máscaras estãodesaparecendo - atéas autoridades federais de saúde pararam de usa¡-las - e o presidente Joe Biden disse que éhora de as pessoas retornarem aos escrita³rios e a muitos aspectos da vida pré-pandemia.

Mas essa pandemia foi cheia de surpresas, durando mais de dois anos e causando quase 1 milha£o de mortes nos EUA e mais de 6 milhões em todo o mundo. Sua gravidade foi surpreendente, em parte porque muitas pessoas tiraram a lição errada de uma pandemia de gripe de 2009-2010 que acabou não sendo tão mortal quanto se temia inicialmente.

“Ficamos todos preocupados, mas nada aconteceu (em 2009), e acho que era essa a expectativa” quando o COVID-19 surgiu pela primeira vez, disse Kristin Heitman, pesquisadora de Maryland que colaborou com Charters.

Dito isso, alguns especialistas ofereceram dicas de epidemias anteriores que podem informar como o fim da pandemia do COVID-19 pode se desenrolar.

GRIPE

Antes do COVID-19, a gripe era considerada o agente pandaªmico mais mortal. Uma pandemia de gripe de 1918-1919 matou 500 milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo 675.000 nos EUA, estimam os historiadores. Outra pandemia de gripe em 1957-1958 matou cerca de 116.000 americanos, e outra em 1968 matou mais 100.000.

Uma nova gripe em 2009 causou outra pandemia, mas que acabou não sendo particularmente perigosa para os idosos oso grupo que tende a morrer mais de gripe e suas complicações. Em última análise, menos de 13.000 mortes nos EUA foram atribua­das a essa pandemia.
 
A Organização Mundial da Saúde, em agosto de 2010, declarou que a gripe havia entrado em um período pa³s-pandemia, com casos e surtos mudando para padraµes sazonais habituais.

Em cada caso, as pandemias diminua­ram com o passar do tempo e a população em geral construiu imunidade. Eles se tornaram a gripe sazonal dos anos seguintes. Esse tipo de padrãoéprovavelmente o que acontecera¡ com o coronava­rus também, dizem os especialistas.

"Torna-se normal", disse Matthew Ferrari, diretor do Centro de Dina¢mica de Doena§as Infecciosas da Penn State. "Ha¡ um padrãoregular e ondulado quando háuma anãpoca do ano em que hámais casos, uma anãpoca do ano em que hámenos casos. Algo que vai se parecer muito com a gripe sazonal ou o resfriado comum."

Dr. Craig Spencer, em primeiro plano, que foi o primeiro paciente de Ebola na cidade de
Nova York, éabraçado pelo prefeito de Nova York Bill de Blasio durante uma entrevista
coletiva no Hospital Bellevue, tera§a-feira, 11 de novembro de 2014 em Nova York, durante
sua libertação, 19 dias depois de ter sido diagnosticado com o va­rus. O médico trabalhava
com os Manãdicos Sem Fronteiras. Crédito: AP Photo/Richard Drew, Arquivo

HIV

Em 1981, autoridades de saúde dos EUA relataram um conjunto de casos de lesões cancera­genas e pneumonia em homens gays previamente sauda¡veis ​​na Califórnia e em Nova York. Mais e mais casos começam a aparecer e, no ano seguinte, as autoridades estavam chamando a doença de AIDS, para sa­ndrome da imunodeficiência adquirida.

Mais tarde, os pesquisadores determinaram que era causado pelo HIV osva­rus da imunodeficiência humana osque enfraquece o sistema imunológico de uma pessoa ao destruir células que combatem doenças e infecções. Durante anos, a AIDS foi considerada uma terra­vel sentena§a de morte e, em 1994, tornou-se a principal causa de morte para americanos de 25 a 44 anos.

Mas os tratamentos que se tornaram disponí­veis na década de 1990 a transformaram em uma condição crônica gerencia¡vel para a maioria dos americanos. A atenção mudou para a áfrica e outras partes do mundo, onde não foi controlada e ainda éconsiderada uma emergaªncia em andamento.

As pandemias não terminam com uma doença diminuindo uniformemente em todo o mundo, disse Charters. “Como uma pandemia termina geralmente se torna várias epidemias (regionais)”, disse ela.

ZIKA

Em 2015, o Brasil sofreu um surto de infecções pelo va­rus Zika, espalhado por mosquitos que tendiam a causar apenas doenças leves na maioria dos adultos e criana§as. Mas tornou-se um terror quando surgiu que a infecção durante a gravidez poderia causar um defeito de nascena§a que afetou o desenvolvimento do cérebro, fazendo com que os bebaªs nascessem com cabea§as excepcionalmente pequenas.

No final daquele ano, os mosquitos também o espalhavam em outrospaíses da Amanãrica Latina. Em 2016, a OMS declarou que era uma emergaªncia internacional de saúde pública, e um impacto nos EUA ficou claro. Os Centros de Controle e Prevenção de Doena§as receberam relatórios de 224 casos de transmissão de Zika por mosquitos no territa³rio continental dos Estados Unidos e mais de 36.000 em territa³rios norte-americanos osa grande maioria em Porto Rico.

Sibongile Zulu posa para um retrato dentro de sua casa em Joanesburgo, áfrica do Sul,
tera§a-feira, 28 de julho de 2020. Zulu éHIV positiva e não pa´de obter sua medicação completa por dois meses devido a  falta de estoque nas farma¡cias do governo.
Crédito: AP Photo/Bram Janssen, Arquivo

Mas as contagens caa­ram drasticamente em 2017 e praticamente desapareceram pouco depois, pelo menos nos EUA. Especialistas acreditam que a epidemia morreu quando as pessoas desenvolveram imunidade. "Ele meio que acabou" e a pressão para disponibilizar uma vacina contra o Zika nos EUA diminuiu, disse a Dra. Denise Jamieson, ex-funciona¡ria do CDC que foi uma das principais lideres nas respostas da agaªncia ao Zika.

a‰ possí­vel que o zika seja um problema latente por anos, mas surtos podem ocorrer novamente se o va­rus sofrer mutação ou se um número maior de jovens aparecer sem imunidade. Com a maioria das epidemias, "nunca háum final difa­cil", disse Jamieson, que agora épresidente de ginecologia e obstetra­cia da faculdade de medicina da Emory University.

COVID-19

A OMS, com sede em Genebra, declarou o COVID-19 uma pandemia em 11 de mara§o de 2020 e decidira¡ quando um número suficiente depaíses tiver visto um decla­nio suficiente nos casos osou, pelo menos, nas hospitalizações e mortes ospara dizer que a emergaªncia internacional de saúde acabou .

A OMS ainda não anunciou os limites-alvo. Mas as autoridades esta semana responderam a perguntas sobre o possí­vel fim da pandemia, observando o quanto mais precisa ser feito antes que o mundo possa virar a pa¡gina.

Os casos de COVID-19 estãodiminuindo nos EUA e caa­ram globalmente na última semana em 5%. Mas os casos estãoaumentando em alguns lugares, incluindo Reino Unido, Nova Zela¢ndia e Hong Kong.

As pessoas em muitospaíses precisam de vacinas e medicamentos, disse a Dra. Carissa Etienne, diretora da Organização Pan-Americana da Saúde, que faz parte da OMS.

Somente na Amanãrica Latina e no Caribe, mais de 248 milhões de pessoas ainda não receberam sua primeira dose da vacina COVID-19, disse Etienne durante uma coletiva de imprensa com repa³rteres. Paa­ses com baixas taxas de vacinação provavelmente vera£o aumentos futuros de doena§as, hospitalizações e mortes, disse ela.

"Ainda não saa­mos desta pandemia", disse o Dr. Ciro Ugarte, diretor de emergaªncias de saúde da OPAS. "Ainda precisamos abordar essa pandemia com muita cautela."

 

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