Neste trabalho, os pesquisadores descobriram que as células-tronco tumorais são a principal causa de resistência a imunoterapia nesse subtipo de câncer de mama.

Crédito: Unsplas
Um estudo publicado na revista Nature Cancer, realizado no a¢mbito do Programa de Ca¢ncer do Instituto de Pesquisa Manãdica do Hospital del Mar (IMIM-Hospital del Mar) pelo Laborata³rio de Canãlulas-Tronco do Ca¢ncer e Dina¢mica de Meta¡stases, liderado pelo Dr. Toni Celia -Terrassa, e o Laborata³rio de Terapia Molecular do Ca¢ncer, coordenado pelo Dr. Joan Albanell, com a participação de centros internacionais, descobriu uma abordagem que aumenta radicalmente o sucesso da imunoterapia em um dos tipos mais agressivos de tumores, o câncer de mama triplo negativo. Esse subtipo, embora represente apenas 15% dos casos, éum dos de progressão mais rápida e acomete pacientes mais jovens. Neste trabalho, os pesquisadores descobriram que as células-tronco tumorais são a principal causa de resistência a imunoterapia nesse subtipo de câncer de mama. O motivo éque essas células são invisaveis ao sistema imunológico, tornando a imunoterapia ineficaz.
Essa subpopulação de células mais agressivas pode representar entre 5% e 50% de toda a população tumoral no câncer de mama triplo negativo. Eles tem baixos naveis de fator correpressor dependente de ligante (LCOR), que desempenha um papel fundamental, mas anteriormente desconhecido, ao permitir que as células apresentem antagenos em suasuperfÍcie, moléculas que permitem que o sistema imunológico diferencie células normais de células tumorais e ataque as últimas. Consequentemente, no caso das células-tronco tumorais, a baixa presença desse fator LCOR as torna invisaveis a s defesas do organismo. Como resultado, essas células são resistentes a imunoterapia do câncer de mama , que tem uma taxa de sucesso relativamente baixa na prática clanica atual.
Um mecanismo que provoca resistência ao tratamento
Essa capacidade das células-tronco tumorais de permanecerem invisaveis ao sistema imunológico permite que elas resistam ao tratamento de imunoterapia. Como explica o Dr. Toni Celia -Terrassa, "Vimos como, apesar do tratamento com imunoterapia, essas células sobrevivem e tem a capacidade de gerar resistência, o que estãoligado a sua capacidade de se esconder do sistema imunológico, permitindo-lhes escapar da imunoterapia".
Usando modelos de camundongos, os pesquisadores demonstraram como essa situação se inverte quando o gene LCOR éativado nesse tipo de canãlula, acionando a maquinaria que permite ao sistema imunológico detectar o tumor. "Trata-se de reconfigurar o tumor para torna¡-lo completamente visível e, portanto,sensívela imunoterapia, transformando-o de invisível em visível", diz Iva¡n Panãrez-Naºa±ez, pesquisador de pré-doutorado no Laborata³rio de Canãlulas-Tronco do Ca¢ncer e Dina¢mica de Meta¡stases e primeiro autor do estudo. Os pesquisadores puderam ver como, ao combinar essa abordagem com a imunoterapia, a taxa de resposta ao tratamento foi total e todos os tumores foram eliminados, curando os camundongos a longo prazo. Isso evita a recorraªncia do câncer e a geração de resistência.
Estudo pioneiro sobre o uso da terapia de RNA mensageiro em câncer e imunoterapia
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Inspirados na tecnologia usada no projeto de vacinas de RNA mensageiro para COVID-19, os pesquisadores decidiram usar uma estratanãgia semelhante para transportar e entregar o RNA do gene LCOR em células tumorais e desencadear sua função. Nanovesaculas biológicas, pequenas estruturas semelhantes a bolsas formadas nas células, foram desenvolvidas para transportar essa informação e demonstraram fazaª-lo com sucesso, impedindo que as células-tronco tumorais permanea§am invisaveis.
"O que estamos fazendo éfazer com que o sistema imunológico veja melhor a canãlula tumoral. Ao contra¡rio das células sauda¡veis, as células malignas tem uma carga muito maior de antagenos 'estranhos' reconhecidos, que não são inerentes ao sistema imunológico . defesas reconhecera£o, atacara£o e eliminara£o as células malignas", explica a Dra. Celia -Terrassa. Nesse sentido, destaca que "Descobrimos como fazer com que esse tipo de câncer de mama responda a imunoterapia em modelos pré-clínicos , tornando essas células visaveis graças ao uso do mecanismo de apresentação de antagenos, potencializando assim a resposta imunotera¡pica e sua eficiência ."
Essa estratanãgia pode ser aplica¡vel a outros tipos de tumores de câncer de mama e outros tipos de tumores, embora sejam necessa¡rios estudos de segurança e ensaios clínicos em humanos primeiro. Mesmo assim, de acordo com o Dr. Joan Albanell, colider do estudo, diretor do Programa de Pesquisa do Ca¢ncer do IMIM-Hospital del Mar e chefe do Departamento de Oncologia do Hospital del Mar, essa abordagem abre novas possibilidades. "O importante éque os resultados experimentais demonstram uma sensibilização sem precedentes do câncer de mama triplo-negativo a imunoterapia, tornando os tumores resistentes virtualmente cura¡veis", diz o Dr. Albanell, também professor da UPF. "Isso nos motiva inequivocamente a investigar estratanãgias terapaªuticas que possam culminar em ensaios clínicos e explorar se poderia ser aplica¡vel a outros tumores", conclui.
O uso de LCOR em combinação com imunoterapia gerou uma patente e uma empresa spin-off serácriada para desenvolvaª-la. "O projeto liderado pelo Dr. Celia -Terrassa e Dr. Albanell éum exemplo paradigma¡tico de pesquisa em terapias imunola³gicas que serápotencializada em um futuro pra³ximo pela nova Divisão de Imuno-oncologia que estamos criando no IMIM", explica o Dr. Joaquan Arribas, diretor do IMIM-Hospital del Mar e autor do estudo.
Imunoterapia no câncer e câncer de mama
A imunoterapia éum dos tratamentos mais promissores para erradicar tumores e curar o ca¢ncer. Infelizmente, para câncer de mama são éaprovado no subtipo de câncer de mama triplo negativo , onde os resultados ainda estãolonge do esperado da imunoterapia. Fazer a imunoterapia funcionar no câncer de mama seria uma grande oportunidade terapaªutica para a população com câncer de mama, tornando-se uma opção muito boa para casos mais avana§ados e metasta¡ticos. Deve-se lembrar que o câncer de mama metasta¡tico , apesar dos avanços significativos e contanuos, ainda não écura¡vel na maioria das pacientes.