Saúde

Estudo do promissor marcador de Alzheimer no sangue alerta sobre suplementos que estimulam o cérebro
As descobertas também alertam contra o uso de suplementos alimentares que contem o aminoa¡cido serina como remanãdio para a doença de Alzheimer. Como o PHGDH éuma enzima chave na produção de serina...
Por Universidade da Califórnia - San Diego - 01/04/2022


Doma­nio paºblico

Na­veis elevados de uma enzima chamada PHGDH no sangue de adultos mais velhos podem ser um sinal de alerta precoce da doença de Alzheimer, e um estudo liderado pela Universidade da Califórnia em San Diego fornece novas evidaªncias para apoiar essa afirmação. Ao analisar o tecido cerebral, os pesquisadores observaram uma tendaªncia consistente com suas descobertas anteriores em amostras de sangue: os na­veis de expressão do gene que codifica o PHGDH foram consistentemente mais altos em adultos com diferentes esta¡gios da doença de Alzheimer, mesmo nos esta¡gios iniciais antes dos sintomas cognitivos se manifestarem.

As descobertas também alertam contra o uso de suplementos alimentares que contem o aminoa¡cido serina como remanãdio para a doença de Alzheimer. Como o PHGDH éuma enzima chave na produção de serina, o aumento da expressão de PHGDH encontrado em pacientes com Alzheimer sugere que a taxa de produção de serina no cérebro também éaumentada e, portanto, tomar serina adicional pode não ser benanãfico, alertaram os pesquisadores.

Pesquisadores liderados por Sheng Zhong, professor de bioengenharia da Escola de Engenharia da UC San Diego Jacobs, e Xu Chen, professor de neurociências da Escola de Medicina da UC San Diego, publicaram suas descobertas em 3 de maio na revista Cell Metabolism .

O novo estudo baseia-se em trabalhos anteriores de Zhong e colegas que identificaram pela primeira vez o PHGDH como um potencial biomarcador sangua­neo para a doença de Alzheimer. Os pesquisadores analisaram amostras de sangue de adultos mais velhos e encontraram um aumento acentuado na expressão do gene PHGDH em pacientes com Alzheimer, bem como em indivíduos sauda¡veis ​​aproximadamente dois anos antes de serem diagnosticados com a doena§a.

Os resultados foram promissores e os pesquisadores ficaram curiosos se esse aumento poderia estar relacionado ao cérebro. Em seu novo estudo, eles mostram que esse érealmente o caso.

“a‰ emocionante que nossa descoberta anterior de um biomarcador sangua­neo agora seja corroborada com dados cerebrais”, disse Zhong. “Agora temos fortes evidaªncias de que asmudanças que vemos no sangue humano estãodiretamente correlacionadas a smudanças no cérebro na doença de Alzheimer”.

Os pesquisadores analisaram dados genanãticos coletados de cérebros humanos post-mortem de indivíduos em quatro coortes de pesquisa diferentes, cada uma composta por 40 a 50 indivíduos com 50 anos ou mais. Os sujeitos consistiam em pacientes com Alzheimer, os chamados indivíduos "assintoma¡ticos" (pessoas sem problemas cognitivos e sem diagnóstico de Alzheimer, mas cujas análises cerebrais post-mortem mostraram sinais precoces de alterações relacionadas a  doença de Alzheimer) e controles sauda¡veis.
 
Os resultados mostraram um aumento consistente na expressão de PHGDH entre pacientes com Alzheimer e indivíduos assintoma¡ticos em todas as quatro coortes em comparação com os controles sauda¡veis. Além disso, os na­veis de expressão foram maiores quanto mais avana§ada a doena§a. Essa tendaªncia também foi observada em dois modelos de camundongos diferentes da doença de Alzheimer.

Os pesquisadores também compararam os na­veis de expressão de PHGDH dos sujeitos com suas pontuações em duas avaliações cla­nicas diferentes: a Dementia Rating Scale, que classifica a memória e a capacidade cognitiva de uma pessoa, e o estadiamento de Braak, que classifica a gravidade da doença de Alzheimer com base na patologia do cérebro. Os resultados mostraram que quanto piores os escores, maior a expressão de PHGDH no cérebro.

"O fato de que onívelde expressão desse gene se correlaciona diretamente com a capacidade cognitiva de uma pessoa e com a patologia da doença énota¡vel", disse Zhong. “Ser capaz de quantificar essas duas manãtricas complexas com uma única medida molecular poderia tornar o diagnóstico e o monitoramento da progressão da doença de Alzheimer muito mais simples”.

O caso contra a serina

As descobertas vão com implicações para os suplementos de serina, que são anunciados para melhorar a memória e a função cognitiva. O principal responsável pela produção de serina no corpo éo PHGDH. Alguns pesquisadores propuseram que a expressão de PHGDH éreduzida na doença de Alzheimer e que aumentar a ingestãode serina poderia ajudar no tratamento e prevenção. Ensaios clínicos já estãoem andamento para testar tratamentos com serina em idosos com decla­nio cognitivo.

Mas com seus dados mostrando consistentemente o aumento da expressão de PHGDH na doença de Alzheimer, os pesquisadores postulam que a produção de serina provavelmente pode estar aumentada nesta doena§a, ao contra¡rio do que alguns outros grupos afirmam.

"Qualquer pessoa que queira recomendar ou tomar serina para mitigar os sintomas de Alzheimer deve ter cautela", disse o co-primeiro autor Riccardo Calandrelli, pesquisador associado do laboratório de Zhong.

Pra³ximos passos

Os pesquisadores estãoprocurando estudar como a alteração da expressão do gene PHGDH afetara¡ os resultados da doena§a. A abordagem pode levar a novas terapaªuticas para a doença de Alzheimer.

Uma startup de biotecnologia com sede em San Diego e cofundada por Zhong, chamada Genemo, estãotrabalhando para desenvolver um exame de sangue PHGDH para detecção precoce da doença de Alzheimer.

 

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