Saúde

Produtos relacionados a  cannabis demonstram redução de curto prazo na dor crônica
As evidaªncias por trás da eficácia de produtos relacionados a  cannabis para tratar a dor crônica são surpreendentemente finas, de acordo com uma nova revisão sistema¡tica de evidaªncias por pesquisadores da Oregon Health & Science University.
Por Oregon Health & Science University - 06/06/2022


Doma­nio paºblico

As evidaªncias por trás da eficácia de produtos relacionados a  cannabis para tratar a dor crônica são surpreendentemente finas, de acordo com uma nova revisão sistema¡tica de evidaªncias por pesquisadores da Oregon Health & Science University.

A revisão financiada pelo governo federal, que seráatualizada continuamente, foi publicada hoje nos Anais da Medicina Interna.

Pesquisadores encontraram evidaªncias para apoiar um benefa­cio de curto prazo no tratamento da dor neuropa¡tica — causada por danos aos nervos perifanãricos, como a neuropatia diabanãtica, resultando em dor descrita como queima e formigamento, envolvendo dois produtos sintanãticos aprovados pela FDA com 100% tetrahidrocanabinol, ou THC: dronabinol (sob o nome comercial Marinol) e nabilona (Cesamet). Ambos os produtos também levam a efeitos colaterais nota¡veis, incluindo sedação e tontura, de acordo com a revisão.

Outro produto, um spray sublingual de partes iguais THC e canabidiol, ou CBD, extraa­do da planta de cannabis, conhecido como nabiximols, também mostrou evidaªncias de algum benefa­cio cla­nico para dor neuropa¡tica, embora esse produto não esteja dispona­vel nos EUA. Este produto também levou a efeitos colaterais, como na¡usea, sedação e tontura.

"Em geral, a quantidade limitada de evidaªncias surpreendeu a todos nós", disse a autora principal Marian S. McDonagh, Pharm.D., professora emanãrito de informa¡tica médica e epidemiologia cla­nica na Escola de Medicina da OHSU. "Com tanto burburinho em torno de produtos relacionados a  cannabis, e a fa¡cil disponibilidade de maconha medicinal e recreativa em muitos estados, consumidores e pacientes podem assumir que haveria mais evidaªncias sobre os benefa­cios e efeitos colaterais.

"Infelizmente, hámuito pouca pesquisa cientificamente va¡lida sobre a maioria desses produtos", disse ela. "Vimos apenas um pequeno grupo de estudos de coorte observacional sobre produtos de cannabis que estariam facilmente disponí­veis em estados que permitem, e estes não foram projetados para responder a s questões importantes sobre o tratamento da dor crônica."

Eleitores em Oregon, Washington e outros 20 estados legalizaram a maconha medicinal e recreativa, no entanto, os pesquisadores descobriram que muitos dos produtos agora disponí­veis nos dispensa¡rios dos EUA não foram bem estudados.
 
"Para alguns produtos de cannabis, como produtos de plantas integrais, os dados são escassos com estimativas imprecisas de efeito e os estudos tiveram limitações metodola³gicas", escrevem os autores.

Essa situação dificulta a orientação dos pacientes.

"Os produtos de cannabis variam bastante em termos de sua composição química, e isso pode ter efeitos importantes em termos de benefa­cios e danos aos pacientes", disse o coautor Roger Chou, M.D., diretor do Centro de Pra¡tica situado no Noroeste do Paca­fico da OHSU. "Isso dificulta para pacientes e médicos, já que as evidaªncias de um produto a  base de cannabis podem não ser as mesmas para outro."

A revisão viva, incluindo um resumo visual dos achados, também serácompartilhada em uma nova ferramenta baseada na web lana§ada pela OHSU e pelo VA Portland Health Care System no ini­cio deste ano para ajudar médicos e pesquisadores a avaliar as últimas evidaªncias em torno dos efeitos na saúde da cannabis. Conhecido como Testes Sistematicamente de Evidaªncias sobre Maconha, ou STEM, o projeto inclui "resumos clínicos" para ajudar os profissionais de saúde a traduzir as implicações cla­nicas.

"Essa nova revisão de evidaªncias vivas éexatamente o tipo de recurso que os médicos precisam esclarecer aos pacientes as áreas de potencial promessa, as formulações de cannabis que foram estudadas e, importante, as principais lacunas no conhecimento", disse o coautor Devan Kansagara, M.D., M.C.R., professor de medicina na ESCOLA DE MEDICINA DA OHSU e médico da equipe da VA Portland.

Os revisores pesquisaram mais de 3.000 estudos na literatura cienta­fica a partir de janeiro deste ano e chegaram a um total de 25 com evidaªncias cientificamente va¡lidas — 18 estudos controlados randomizados e sete estudos observacionais de pelo menos quatro semanas.

Os efeitos da cannabis e produtos relacionados baseiam-se em sua capacidade de imitar o pra³prio sistema endocanabina³ide do corpo. O sistema écomposto por receptores e enzimas no sistema nervoso que regulam funções corporais e podem afetar a sensação de dor. Na revisão das evidaªncias, os pesquisadores classificaram os tipos de produto em altas, compara¡veis e baixas proporções de THC para CBD e compararam seus benefa­cios e efeitos colaterais relatados.

Dronabinol e nabilona se encaixam na categoria alta proporção THC/CBD, com 100% de THC (sem CBD), mostrando o maior benefa­cio entre os produtos estudados, com a meta-análise dos seis estudos controlados randomizados demonstrando benefa­cios estatisticamente va¡lidos para aliviar a dor neuropa¡tica em comparação com um placebo.

"Honestamente, o melhor conselho éconversar com seu médico de atenção prima¡ria sobre possa­veis tratamentos para dor crônica", disse McDonagh. "Se vocêquer considerar a cannabis, vocêprecisa falar com o seu médico."

Além de McDonagh, Chou e Kansagara, os coautores inclua­ram Benjamin J. Morasco, Ph.D., Jesse Wagner, M.A., Azrah Y. Ahmed, B.A., e Rongwei Fu, Ph.D.

 

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