Saúde

Fruto do coqueiro-da-bahia tem substância promissora contra va­rus HSV-1
Substa¢ncia extraa­da do coco-da-bahia, palmeira abundante no Brasil, impede multiplicaça£o do Herpes Simplex Va­rus Tipo 1 (HSV-1)
Por Júlio Bernardes - 08/09/2019

 Foto: Micrograph via Wikimedia Commons
Composto extraa­do das fibras do fruto impede multiplicação do va­rus HSV-1, causador de lesões pelo corpo

Nos frutos do coqueiro-da-bahia, uma palmeira muito comum no litoral do Norte e Nordeste do Brasil, estãouma opção promissora para combater o Herpes Simplex Va­rus Tipo 1 (HSV-1), causador de infecções e lesões pelo corpo. Por meio de testes em laboratório, pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeira£o Preto (FMRP) da USP descobriram que uma substância extraa­da das fibras do fruto impede a multiplicação do va­rus, com eficiência similar a  do medicamento antiviral aciclovir, usado contra infecções causadas pelo HSV-1. A descoberta podera¡ auxiliar no desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento de doenças provocadas pelo va­rus.

O va­rus HSV-1 éuma causa comum de lesões orais e genitais, e possui a capacidade de reativação da infecção latente. “Ele éresponsável por um amplo espectro de doena§as, incluindo infecções prima¡rias ou recorrentes das mucosas, como, por exemplo, gengivoestomatite, herpes labial ou genital, ceratoconjuntivite, infecção neonatal, infecção visceral em hospedeiros imunodeprimidos, encefalite herpanãtica e associação com eritema multiforme”, conta o médico Fernando Borges Honorato, que realizou a pesquisa.

“Entre os medicamentos antivirais eficazes para tratamento das infecções sintoma¡ticas por HSV, o mais utilizado éo aciclovir, o qual inibe a replicação viral, poranãm proporciona apenas diminuição da duração e da gravidade das lesões recorrentes”, aponta Borges Honorato. “O estudo investigou a presença de atividade antiviral in vitro de extratos brutos e fracionados da espanãcie Cocos nucifera L. em cultura de células infectadas com o HSV-1”.

A Cocos nucifera L. éuma espanãcie de palmeira conhecida como coco, coco-da-bahia, coqueiro-da-bahia ou coqueiro-comum, sendo muito comum no Brasil, especialmente no litoral do Norte e Nordeste. “Apa³s a secagem e moagem da parte fibrosa do fruto, o mesocarpo, foram preparados dois extratos, o aquoso, tendo como solvente a a¡gua, e o hidroetana³lico, cujos solventes são etanol e a¡gua”, descreve o médico. “Posteriormente, foram preparadas frações destes extratos, nos quais foram usados como solventes hexano, acetato de etila, metanol e a¡gua”.

Efeito antiviral


Foto: Filo ga¨n’ via Wikimedia Commons / CC BY-SA 4.0
Va­rus HSV-1, causa comum de lesões orais e genitais, possui capacidade de reativar infecção latente, que não éimpedida pelos medicamentos existentes.
Inicialmente, foram determinadas as concentrações dos extratos que não eram ta³xicas para as células, que foram selecionadas para testar o efeito inibitório da droga sobre a infecção pelo HSV, avaliado pela redução do efeito citopa¡tico. “As células foram infectadas com HSV em diversas multiplicidades de infecção (MOI)”, relata Borges Honorato. “Algumas delas foram tratadas com diferentes doses dos extratos, enquanto outras não foram tratadas (controle negativo). Ao final do experimento, foi realizada a quantificação da quantidade de va­rus presentes em cada amostra.”

Nos testes em laboratório, uma substância isolada das fibras do fruto da palmeira, chamada inicialmente de CN342B, foi capaz de inibir a replicação do HSV-1, com efeito antiviral compara¡vel ao do aciclovir, enquanto que os extratos brutos, as quatro frações e uma outra substância, CN1A, não foram efetivas. “A substância CN342B isolada das fibras do fruto foi eficaz contra o HSV-1 in vitro’, destaca o médico. “Entretanto, por razões técnicas, ainda não foi possí­vel determinar qual éa substância que foi isolada.”

Segundo Borges Honorato, os resultados do estudo apontam que a CN342B épromissora para o desenvolvimento de um novo medicamento para o tratamento das doenças causadas pelo HSV. “Os pra³ximos passos seriam a identificação da substância e o ini­cio de estudos pré-clínicos em modelos animais”, ressalta.

A pesquisa foi orientada pelo professor Fabio Carmona, do Departamento de Puericultura e Pediatria da FMRP, e co-orientada pelos professores Eurico de Arruda Neto, da FMRP, e Ana Maria Soares Pereira, da Universidade de Ribeira£o Preto (Unaerp), que preparou os extratos usados no experimento. Os estudos foram realizados no Laborata³rio de Virologia da FMRP e no Laborata³rio de Quí­mica de Plantas Medicinais do Departamento de Biotecnologia Vegetal da Unaerp.

 

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