Talento

Moldando o futuro por meio do pensamento sistêmico
Ananda Santos Figueiredo, aluna do último ano de ciência e engenharia de sistemas climáticos, está traçando seu próprio curso de impacto.
Por Stephanie Martinovich - 28/05/2025


Como a primeira aluna a declarar o curso 1-12 (Ciência e Engenharia de Sistemas Climáticos), a veterana Ananda Santos Figueiredo gostou da estrutura interdisciplinar do programa — e encontrou uma alegria inesperada na companhia do líder de torcida do Curso 1, Winston, o pug. Créditos: Foto: Callie Ayoub 


Muito antes de entrar em um laboratório, Ananda Santos Figueiredo já observava estrelas no Brasil, fascinada pelo cosmos e alimentando sua curiosidade científica por meio da cultura pop, dos livros e da internet. Ela se sentiu atraída pela astrofísica por sua mistura de maravilha visual e matemática.

Mesmo criança, Santos sentia que suas aspirações iam além dos limites de sua cidade natal. "Sempre me senti atraída por STEM", diz ela. "Eu tinha a sensação persistente de que deveria ir para outro lugar para aprender mais, explorar e fazer mais."

Os pais viam as ambições da filha como uma oportunidade de criar um futuro melhor. No verão anterior ao seu segundo ano do ensino médio, sua família se mudou do Brasil para a Flórida. Ela se lembra daquele momento como "um grande ato de fé em algo maior, e não tínhamos ideia de como seria". De uma coisa ela tinha certeza: queria uma educação que fosse tecnicamente rigorosa e profundamente abrangente, uma que lhe permitisse perseguir todas as suas paixões.

No MIT, ela encontrou exatamente o que procurava em uma comunidade e um currículo que correspondiam à sua curiosidade e ambição. "Sempre associei o MIT a algo novo e empolgante, que buscava o melhor que podemos alcançar como humanos", diz Santos, enfatizando o uso da tecnologia e da ciência para impactar significativamente a sociedade. "É um lugar onde as pessoas não têm medo de sonhar alto e trabalham duro para torná-lo realidade."

Como aluna de primeira geração da faculdade, ela carregou o peso do estresse financeiro e da incerteza de ser a primeira da família a transitar pela faculdade nos EUA. Mas ela encontrou um senso de pertencimento na comunidade do MIT. "Ser aluna de primeira geração me ajudou a crescer", diz ela. "Me inspirou a buscar oportunidades e a apoiar outras pessoas também."

Ela canalizou essa energia para funções de governo estudantil nos alojamentos estudantis de graduação. Por meio do Conselho de Dormitórios (Dormitory Council - DormCon ) e de seu dormitório, o Simmons Hall, sua voz pôde ajudar a moldar a vida no campus. Ela começou como chefe de reservas de seu dormitório, mas acabou se tornando presidente do dormitório antes de ser eleita chefe do refeitório e vice-presidente do DormCon. Ela trabalhou para melhorar as operações do refeitório e planejou grandes eventos comunitários, como o 20º aniversário do Simmons Hall e o Dia de Campo inaugural do DormCon.

Agora, aluna do último ano prestes a concluir o bacharelado, Santos afirma que o lema do MIT, "mens et manus" — "mente e mão" — ressoou profundamente com ela desde o início. "Aprender aqui vai muito além da sala de aula", diz ela. "Estou cercada de pessoas apaixonadas e determinadas. Essa energia é contagiante. Mudou a forma como me vejo e o que acredito ser possível."

Traçando seu próprio curso

Inicialmente formada em física, a trajetória acadêmica de Santos deu uma guinada após um estágio transformador no laboratório de ciência de dados do Banco Mundial, entre o segundo e o terceiro ano. Lá, ela usou suas habilidades de programação para estudar os impactos das ondas de calor nas Filipinas. A experiência abriu seus olhos para o papel que a tecnologia e os dados podem desempenhar na melhoria de vidas e ampliou sua visão sobre o que uma carreira em STEM poderia ser.

“Percebi que não queria apenas estudar o universo — eu queria mudá-lo”, diz ela. “Queria unir o pensamento sistêmico ao meu interesse pelas humanidades, para construir um mundo melhor para as pessoas e as comunidades.”

Quando o MIT lançou uma nova especialização em ciência e engenharia de sistemas climáticos (Curso 1-12) em 2023, Santos foi a primeira aluna a se candidatar. A estrutura interdisciplinar do programa, que combina ciência do clima, engenharia, sistemas energéticos e políticas públicas, proporcionou a ela uma estrutura para conectar suas habilidades técnicas aos desafios de sustentabilidade do mundo real.

Ela adaptou seus cursos às suas paixões e objetivos de carreira, aplicando sua formação em física (agora sua especialização) para compreender problemas de clima, energia e sistemas sustentáveis. "Um dos aspectos mais impactantes da especialização é a amplitude", diz ela. "Mesmo aulas que não são meu foco principal expandiram minha forma de pensar."

O trabalho de campo prático tem sido um pilar fundamental de seu aprendizado. Durante o Período de Atividades Independentes (IAP) do MIT, ela estudou os impactos climáticos no Havaí no Curso IAP 1.091 (Experiências Ambientais de Pesquisa Itinerante, ou TREX). Este ano, ela estudou o projeto de sistemas poliméricos sustentáveis no Curso 1.096/10.496 (Projeto de Sistemas Poliméricos Sustentáveis) do programa Global Classroom do MISTI. O curso IAP a levou ao centro da Floresta Amazônica para ver como o futuro da produção de plástico poderia ser com produtos da Amazônia. "Essa experiência foi incrivelmente reveladora", explica ela. "Me ajudou a construir uma ponte entre minha própria formação e o tipo de problema que quero resolver no futuro."

Santos também encontrou prazer além dos laboratórios e palestras. Membro do MIT Shakespeare Ensemble desde o primeiro ano, ela subiu ao palco em sua última produção de primavera de "Henrique V", atuando como Coro e Kate. "O espírito colaborativo do conjunto e a maneira como ele dá vida a textos centenários tem sido transformador", acrescenta.

Sua paixão pelas artes também se cruzou com seu interesse no Comitê de Palestras do MIT. Ela ajudou a organizar uma exibição especial do filme "Sing Sing", em colaboração com o Instituto de Justiça Educacional (TEJI) do MIT. Essa conexão a levou a se matricular em um curso do TEJI, que ilustra as maneiras surpreendentes e significativas como diferentes partes do ecossistema do MIT se sobrepõem. "É uma das coisas bonitas do MIT", diz ela. "Você se depara com experiências que o transformam profundamente."

Ao longo de sua trajetória no MIT, a comunidade de pessoas apaixonadas e focadas em sustentabilidade tem sido uma grande fonte de inspiração. Ela tem se envolvido ativamente com as iniciativas de descarbonização do Escritório de Sustentabilidade do MIT e participado do Programa de Bolsistas em Clima e Sustentabilidade.

Santos reconhece que trabalhar com sustentabilidade às vezes pode parecer exaustivo. "Enfrentar os desafios da sustentabilidade pode ser desanimador", diz ela. "A urgência de criar mudanças significativas em um curto período de tempo pode ser intimidante. Mas estar cercada por pessoas que trabalham ativamente nisso é muito melhor do que não trabalhar de jeito nenhum."

Olhando para o futuro, ela planeja fazer pós-graduação em tecnologia e política, com aspirações de moldar o desenvolvimento sustentável, seja por meio da academia, de organizações internacionais ou da diplomacia.

“Os momentos mais gratificantes que tive no MIT foram quando trabalhei em problemas difíceis e, ao mesmo tempo, reflito sobre quem quero ser, que tipo de futuro quero ajudar a criar e como podemos ser melhores e mais gentis uns com os outros”, diz ela. “É isso que me empolga — resolver problemas reais que importam.”

 

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