A estudante de Veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF), Laura Moraes, conquistou o primeiro lugar na Mostra Científica do Congresso de Medicina Felina – Cat in Rio, evento de destaque internacional realizado entre os dias 6 e 8 de agosto, no Rio de Janeiro.

O trabalho premiado, intitulado “Diagnóstico Molecular de um Vírus Gastroentérico Emergente (Coronavírus Canino) em um Gato Doméstico – Relato de Caso”, foi desenvolvido sob orientação da professora Tatiana Xavier de Castro, do Departamento de Microbiologia e Parasitologia da UFF.

Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), Laura integra o Núcleo de Pesquisa em Virologia (Nupev), do Instituto Biomédico da universidade, onde atua no projeto “Diagnóstico e caracterização molecular de Circovírus canino (CanineCV) em cães e gatos domésticos com enterite”.

A pesquisa liderada pela estudante registrou o primeiro diagnóstico do Circovírus canino (CaCV) em um felino no Brasil – até então, tal ocorrência havia sido descrita apenas na China e no Irã. Segundo Laura, o reconhecimento no Cat in Rio reflete não apenas a importância do trabalho do laboratório, mas também a relevância da produção científica da UFF.

O hospedeiro natural do CaCV é o cão doméstico, em que já foi associado a quadros de vasculite e gastroenterite hemorrágica, além de surtos registrados na Argentina. Em países asiáticos, como China e Irã, o vírus também foi identificado em felinos domésticos, provocando sintomas semelhantes e agravando coinfecções.

No Brasil, até então, não havia registros da ocorrência em gatos. O estudo da UFF, entretanto, identificou o vírus em uma amostra de 2016, referente a uma gata de sete meses, evidenciando a transmissão interespécie e alertando a comunidade científica sobre a necessidade de atenção a esse agente emergente.

Além da detecção inédita, a pesquisa contribui para ampliar o conhecimento epidemiológico e molecular sobre o Circovírus canino, considerado um vírus emergente. Os próximos passos incluem o sequenciamento genético das amostras positivas, o que permitirá realizar análises filogenéticas e identificar os genótipos do vírus em circulação no país.

Para Laura, a premiação representa um marco em sua formação acadêmica:

“Este prêmio é o reconhecimento da relevância e da qualidade científica do trabalho que desenvolvemos no Nupev-UFF ao longo da minha Iniciação Científica. Fortalece meu currículo e acredito que abrirá portas para a continuidade de um projeto que considero muito importante”, afirmou.