A pesquisa buscou entender o efeito do ruído antropogênico — poluente global reconhecido e com efeitos bem documentados no comportamento, fisiologia e sobrevivência de muitas espécies marinhas...

Aléxia A. Lessa, - Cortesia
A pesquisadora Aléxia A. Lessa, integrante do Laboratório de Ecologia e Conservação de Ambientes Recifais (Lecar) da UFF, foi premiada com o Geographical Award 2025, concedido pela Animal Behavior Society em parceria com a Association for the Study of Animal Behaviour e com apoio da Elsevier. O prêmio reconhece os melhores artigos publicados na revista científica Animal Behaviour.
A categoria Geographical Award é voltada para autores de países em desenvolvimento. O estudo premiado, intitulado “Exposure to anthropogenic noise affects feeding but not territory defence in damselfishes”, é fruto da dissertação de mestrado em Biotecnologia Marinha do Programa de Pós-graduação do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (Ieamp-UFF).
A pesquisa buscou entender o efeito do ruído antropogênico — poluente global reconhecido e com efeitos bem documentados no comportamento, fisiologia e sobrevivência de muitas espécies marinhas — no comportamento de peixes recifais em condições naturais. Para isso, foram realizados experimentos de campo para avaliar como dois tipos de fontes sonoras afetam o comportamento de um peixe recifal endêmico da costa brasileira, o peixe-donzela Stegastes fuscus.
“Fizemos experimentos em que foram usados um playback com o som do ruído dos barcos na região de Arraial do Cabo, Rio de Janeiro, e um ruído artificial de baixa frequência. Como resultado, vimos que durante a exposição ao som, os indivíduos comiam menos e passavam um tempo maior se refugiando”, explicou Aléxia.
O trabalho teve orientação dos professores Carlos Eduardo Leite Ferreira, do Departamento Biologia Marinha da UFF, e Fábio Contrera Xavier, do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Marinha do Ieamp-UFF e foi considerado um dos melhores trabalhos do ano. Segundo Aléxia, o apoio institucional da universidade e do Iamp foi essencial para sua formação e para o desenvolvimento do trabalho.
“O bacharelado em Ciências Biológicas na UFF e o mestrado que realizei no Ieamp foram fundamentais para que essa pesquisa se concretizasse e fosse reconhecida. Entrei na UFF em 2016, já sabendo que queria seguir na área da Biologia Marinha. Desde o início, foquei minha formação para esse campo, mantendo meu interesse em trabalhar com peixes marinhos. Ao longo da graduação, explorei diferentes aspectos da ecologia de peixes, e foi no Lecar que passei a aprofundar os meus estudos em ecologia de peixe de recifais. E hoje desenvolvo a minha pesquisa nas áreas da ecologia acústica e do comportamento animal”, compartilha.
A conquista do prêmio concedido pela Animal Behavior Society ressalta a relevância internacional da pesquisa em ecologia comportamental e conservação marinha realizada no Brasil e reforça a visibilidade da produção científica nacional no cenário global. Para Aléxia, receber esse prêmio representa uma conquista muito importante para sua trajetória acadêmica profissional e para a pesquisa nacional.
“Mais do que um reconhecimento pessoal, o Geographical Award mostra a relevância das pesquisas feitas no nosso país e projeta nossos estudos no cenário internacional. Muitas vezes sentimos que a ciência que produzimos não tem o mesmo peso da que é feita em outros países, mas este prêmio reforça que, mesmo diante de todas as dificuldades, conseguimos desenvolver pesquisas de excelência e com um impacto muito importante”, conclui.