Na ca¢mera, Pena écalorosa e convidativa, fornecendo informaa§aµes atualizadas sobre a biologia e epidemiologia do coronavarus, sem jargaµes desajeitados e com muitas analogias.
A pa³s-doc Izabella Pena cria vadeos em portuguaªs sobre o SARS-CoV-2 para
combater desinformação sobre a pandemia do Covid-19.Â
Foto: Gretchen Ertl / Instituto Whitehead
Em meados de mara§o, Izabella Pena recebeu um texto do WhatsApp de um amigo em Indianapolis, Indiana. “Ele disse: 'Oh, recebi sua mensagem em a¡udio de um padre na zona rural de Sa£o Paulo'â€, lembra Pena, uma pa³s-doutorada no laboratório do professor David Sabatini do Departamento de Biologia do Instituto Whitehead de Pesquisa Biomédica .
Pena havia gravado a mensagem de a¡udio de cinco minutos sobre grupos de risco e o novo coronavarus SARS-CoV-2 para o ta³pico de texto de sua familia depois de ouvir muitos comenta¡rios sobre como apenas os idosos capturaram as formas mais graves do Covid-19. Ela nunca imaginou que isso se espalharia como fogo. "Eu percebi o poder dessas ferramentas", diz Pena. "Vocaª pode realmente alcana§ar pessoas e compartilhar suas informações."
Embora a mensagem de Pena tenha sido verificada de fato e cientificamente correta, muitas das informações compartilhadas nessas plataformas não são. No Brasil natal de Pena, a plataforma de mensagens WhatsApp desempenhou um papel enorme na divulgação de notacias falsas sobre o SARS-CoV-2. Vendo o ataque de desinformação, Pena entrou em pa¢nico. Então ela revidou, optando por usar os veaculos de notacias falsas para divulgar fatos. "Na³s, cientistas, precisamos aprender a usar o WhatsApp, YouTube e Twitter para se comunicar", diz Pena. "Porque éassim que as pessoas estãoobtendo suas informações."
A princapio, os esforços de Pena para desinformação foram concentrados em amigos e familiares. Ela gravou pequenas mensagens de a¡udio em portuguaªs para responder a s perguntas e tentar convencaª-las de que o Covid-19 não éapenas mais um resfriado. A rápida disseminação de suas mensagens de a¡udio, que alertou os ouvintes sobre a importa¢ncia do isolamento fasico e dos grupos de risco, provocou uma idanãia: levar seus esforços de comunicação cientafica do WhatsApp para o YouTube, onde ela poderia alcana§ar um paºblico maior. O vadeo também tem o benefacio de ser um meio visual, onde háum rosto ligado a s informações que estãosendo compartilhadas. "Acho que se as pessoas te vaªem, hámais confiabilidade", diz Pena.
Pena enviou seu primeiro vadeo no final de mara§o, respondendo a s perguntas que havia recebido via WhatsApp sobre o Covid-19. Desde então, ela enviou outros cinco vadeos e pretende lana§ar um por semana enquanto durar a pandemia. Muitos desses vadeos respondem diretamente a s mensagens que ela recebe dos espectadores. “Por exemplo, todo mundo estãoperguntando quando a vida voltara¡ ao normal e acho que a vida são voltara¡ ao 'normal' quando houver uma vacinaâ€, diz Pena. Em 10 de abril, ela enviou um vadeo focado em vacinas, explicando o que exatamente éuma vacina e como éfeita.
Na ca¢mera, Pena écalorosa e convidativa, fornecendo informações atualizadas sobre a biologia e epidemiologia do coronavarus, sem jargaµes desajeitados e com muitas analogias. Em um vadeo recente que investigou a biologia do SARS-CoV-2 e os diferentes tratamentos que estãosendo explorados para o varus, ela comparou a proteana humana TMPRSS2, que inicia a proteana de pico do varus para permitir a fusão do viria£o a membrana da canãlula , na tesoura que vocêusa para abrir uma sacola pla¡stica resistente.
"Estamos compartilhando informações em quatro idiomas: inglês, portuguaªs, espanhol e crioulo haitiano, para beneficiar a comunidade aqui nos EUA e no exterior"
Ao usar analogias, Pena segue os conselhos de Paulo Freire, um famoso educador brasileiro e um de seus adolos pessoais. "Freire diz que a melhor maneira de ensinar algo muito complicado para alguém étentar aproximar esse conceito de suas vidas", diz Pena.
Tentar tornar a ciência complexa e inovadora digeravel requer tempo. Segundo Pena, apenas escrever o roteiro e desenvolver as analogias leva algumas horas. "Coleto todas as informações necessa¡rias antes de escrever o roteiro", diz Pena, cujos vadeos incluem uma longa lista de referaªncias na descrição, uma visão inesperada no YouTube. “Então filmo e edito o vadeo. Tudo leva algumas horas.
Os vadeos de Pena são filmados tarde da noite porque ela continua fazendo pesquisas durante a pandemia, principalmente virtualmente. Mas ela explica: "Sou parte do pessoal essencial do meu laboratório". O trabalho de Pena no Sabatini Lab concentra-se no lisossomo, a unidade de células de eliminação de lixo que decompaµe partes celulares antigas e resíduos para reciclar nutrientes. a‰ a organela perfeita para quem sempre gostou do metabolismo celular.
"Eu sempre gostei de como as substâncias químicas nas células são produzidas e decompostas", diz Pena. Sua pesquisa de doutorado na Universidade de Campinas, no Brasil, investigou como problemas metaba³licos no cérebro poderiam causar epilepsia. Desde que ingressou no laboratório Sabatini em 2018, Pena estuda distúrbios neurodegenerativos, como Parkinson e Huntington, e qual o papel do lisossomo neles. "Para doenças neurodegenerativas, hámuitas evidaªncias de que háinfluaªncia de lisossomos", diz ela. "Existem muitas mutações genanãticas no lisossomo associadas a esses distúrbios, por isso éum bom alvo para se olhar".
Trabalhando principalmente em casa, em Cambridge, Massachusetts, Pena estãoanalisando dados e escrevendo subsadios e documentos, equilibrando sua pesquisa com seu "trabalho fora do hora¡rio comercial" como comunicador cientafico. "a‰ muito comprometimento e dedicação, mas acredito que isso émuito importante, então continuarei fazendo isso", diz ela. “Estamos vivendo um momento difacil, onde ciência e educação estãoconstantemente sob ataque. Como cientistas, precisamos ajudar a informar as pessoas com informações precisas e que salvam vidas â€.
Recentemente, Pena adicionou outro cargo ao seu curraculo: vice-presidente da ContraCovid , uma iniciativa para tornar as informações sobre coronavarus acessaveis a indivíduos latinos e imigrantes. "Estamos compartilhando informações em quatro idiomas: inglês, portuguaªs, espanhol e crioulo haitiano, para beneficiar a comunidade aqui nos EUA e no exterior", diz Pena. Mas a ContraCovid quer fazer mais, incluindo a criação de vadeos como o de Pena em outros idiomas e o recrutamento de mais cientistas, para que seus materiais alcancem mais e mais pessoas.
A acessibilidade das informações estãona mente de Pena quando ela se senta para fazer um novo vadeo. "Se vocêobservar como os cientistas se comunicam, éum pouco intimidador", diz Pena. O jarga£o e o excesso de dados tornam difacil para o paºblico em geral localizar os principais tópicos. Pena concentra-se em remover o excesso e transmitir a mensagem, como a importa¢ncia de achatar a curva, de maneira facilmente digeravel.
Ao imaginar seus espectadores, Pena pensa em sua ma£e. "Minha ma£e não éuma cientista, mas ela gosta muito de tecnologia como YouTube e WhatsApp", diz Pena, que normalmente envia seus clipes de a¡udio e vadeos para sua ma£e primeiro, apenas enviando-os quando a ma£e da¡ o aval. “Minha ma£e ajuda muito no compartilhamento dos vadeos porque tem muitos seguidoresâ€, Pena ri. Foi assim que começou o envolvimento dela na divulgação do Covid-19: com a ma£e compartilhando descontroladamente a mensagem de a¡udio de Pena sobre grupos de risco com seus inúmeros seguidores.Â