Talento

Estudando as culturas das empresas
O aluno de doutorado e
Por Sofia Tong - 10/07/2020

Imagem: Lindsey Michelle Williams
Estudante de pós-graduação Summer Jackson em Killian Court no MIT.

Enquanto observava os funciona¡rios de recursos humanos de uma empresa de tecnologia em rápido crescimento, Summer Jackson começou a notar um padrãoestranho. A empresa bem-intencionada lutava para atingir suas metas de diversidade, mas relutava em usar ferramentas de recrutamento que pudessem ajudar. A questãoera a maneira como esses sites eram exibidos sub-representados candidatos em uma interface semelhante ao comanãrcio eletra´nico. "Eles querem que vocêcompre pessoas?" os membros da equipe de RH lamentaram.

Seu desconforto moral surpreendeu Jackson, porque a equipe usava ferramentas semelhantes, mas menos orientadas para a corrida, o tempo todo nas primeiras rodadas de contratação. Este não era o racismo codificado sobre a qualidade dos candidatos que ela poderia esperar, mas ainda apresentava uma barreira para melhorar a diversidade no local de trabalho. Ela ficou tão intrigada com a sutileza desta edição que se tornou o tema de sua dissertação.

Em seu trabalho como "etna³grafo organizacional", Jackson diz que a primeira regra élevar o seu tempo. Ela passou meses se incorporando a  empresa, de modo que "as pessoas esquecem que vocêestãola¡". Embora a palavra “etna³grafo” possa lembrar antropa³logos que estudam comunidades rurais ou isoladas, de muitas maneiras, as empresas de alta tecnologia não são diferentes de outros grupos culturais. Eles também tem suas roupas, rituais, eventos e, como Jackson aponta, seus pra³prios valores e entendimento moral.

Agora em seu sexto ano como estudante de doutorado na MIT Sloan School of Management, Jackson se interessou por esse campo por meio de suas próprias experiências profissionais. Depois de estudar relações internacionais como estudante de graduação na Universidade de Stanford e depois em um programa de mestrado na Universidade de Brandeis, ela conseguiu o que achava ser um trabalho ideal: trabalhar como especialista em avaliação no Departamento de Assuntos do Oriente Manãdio do Departamento de Estado dos EUA. Depois de dois anos, ela rapidamente ficou frustrada - mas também fascinada - pelas "ma¡s estruturas de incentivo" que encontrou la¡.

As grandes pesquisas de políticas públicas e desenvolvimento internacional estavam se perdendo na burocracia, diz ela, e os funciona¡rios se esforçaram bastante para não compartilhar nada negativo sobre seus projetos de desenvolvimento, porque pensavam que isso refletiria mal sobre si mesmos. Ela achava que teria sido muito mais produtivo abraçar abertamente a dificuldade de lidar com situações econa´micas complexas e criar uma cultura no local de trabalho propa­cio a  experimentação. A situação "não precisava de outro especialista em avaliação", ela descobriu. "Essa era uma questãode estrutura organizacional, incentivos e dina¢mica do local de trabalho".

Essa percepção a levou ao MIT Sloan, onde agora estuda essas dina¢micas como parte do grupo de Ciências do Comportamento e Pola­ticas, sob a orientação de Kate Kellogg, Ray Reagans e Ezra Zuckerman Sivan. Sua pesquisa investiga como as estruturas sociais da opressão se desenrolam no local de trabalho; ela estudou microagressões, defensores paºblicos e policiais, além de seu foco na diversidade e inclusão no setor de tecnologia. Essas questões são "exatamente o que me interessa, e mesmo que tente conscientemente evita¡-la, acabo la¡", diz ela.

Narrativas multiculturais

Jackson nasceu em Mallorca, Espanha, mas cresceu em Dhahran, na Ara¡bia Saudita, onde seu pai trabalhava como engenheiro meca¢nico. Na Ara¡bia Saudita, Jackson formou um grupo diversificado de amigos - cristãos nigerianos e coreanos, mua§ulmanos da andia, Paquistão e La­bano. No ina­cio, Jackson, que vem de uma familia multinacional e multirracial, pensou que esse grupo se formou naturalmente, mas com o tempo ela percebeu que, nas aulas de seus irmãos, as criana§as formavam ca­rculos sociais mais homogaªneos. Ela percebeu que era preciso mais do que colocar diferentes tipos de pessoas no mesmo lugar para criar um ambiente verdadeiramente diversificado. "Vocaª precisa ter estruturas que permitam a s pessoas interagirem igualmente", diz ela.

Ela tinha acabado de voltar ao ensino manãdio nos Estados Unidos quando os ataques terroristas de 11 de setembro ocorreram. As conversas resultantes que ela teve na escola forçaram Jackson a examinar as formas como sua própria experiência conflitava com as impressaµes populares da Ara¡bia Saudita e sua relação com os EUA. não ressoou com minhas experiências ”, diz ela. Ela atéteve que questionar o que significava ser americano: no exterior, as pessoas ficaram surpresas ao conhecer um americano que não era branco nem culturalmente insensa­vel; em casa, ela achou estranho como os americanos não consideravam aqueles que vivem no exterior como americanos "reais".

Essa experiência contribuiu para o crescente interesse de Jackson em vozes marginalizadas e as hierarquias cruzadas de poder e opressão, que hoje unem seus antecedentes em relações internacionais e seu trabalho atual em diversidade organizacional. Com essas desigualdades expostas mais do que nunca por Covid-19 e incidentes de racismo e brutalidade policial, ela tem notado as maneiras pelas quais as interações em sua vida cotidiana, como durante uma corrida ou uma ida ao supermercado, podem ser pontos potenciais de escalação. "Todo mundo estãoem alerta ma¡ximo", diz ela.

Faa§a, mestre, importa

A quarentena em uma pequena cidade em Vermont, enquanto os protestos abalaram opaís, foi uma "verdadeira experiência de dissona¢ncia cognitiva", diz Jackson. Ultimamente, ela tem pensado em algumas palavras de conselho de Daymond John, o fundador e CEO da FUBU Black e investidor no programa de televisão "Shark Tank", que disse: "Faa§a, domine e depois importe, geralmente nesse ordem."

"a€s vezes, especialmente para os membros do grupo sub-representados, háuma pressão maior para fazer tudo isso de uma vez", diz Jackson. Mas ela estãotentando resistir a isso enquanto trabalha para obter seu diploma: "Existem outras barreiras suficientes para que eu não precise impor novas novas".

Infelizmente, disse Jackson, ainda existem muitas razões pelas quais os estudantes sub-representados "separam, vazam e se desdobram" do fluxo de talentos. Ela se lembra de como algumas pessoas a desencorajaram a fazer um doutorado porque ela tinha muita experiência de trabalho, ou suas perguntas de pesquisa eram muito orientadas para o profissional, ou ela não tinha o embasamento tea³rico. Esses foram todos os “exerca­cios de controle” que infelizmente ainda existem na academia, diz Jackson.

Contrariando todos esses conselhos, Jackson floresceu no MIT. Ela foi reconhecida como bolsista presidencial do MIT em 2015 e foi nomeada uma mulher de excelaªncia de pós-graduação em 2019. Agora ela participa do The PhD Project , uma iniciativa projetada para aumentar a representação nos programas de doutorado em nega³cios. "Nãoquero que ninguanãm sinta isso", diz ela, lembrando-se de sua própria experiência como possí­vel estudante de doutorado. "Eu lembro o quanto terra­vel foi."

Ela diz que ama seu programa no MIT Sloan - mergulhando nas perguntas que mais lhe interessam, desenvolvendo idanãias e linguagem para se engajar com essas perguntas. Mas, observando a própria cultura organizacional do MIT, ela encontrou uma certa "mentalidade do Homem de Ferro" que precisou aprender a filtrar.

Quando ela descrevia um passeio de bicicleta ou corria com o marido no fim de semana, a s vezes as pessoas diziam a ela: "a‰ a³timo que vocênão leve seu trabalho tão a sanãrio, que vocêpode tirar uma folga nos fins de semana". E ficou surpresa quando, depois de fazer uma pesquisa, foi convidada a participar de um comitaª dedicado a incentivar os alunos a dormir. "Esta¡ tudo bem e érealmente necessa¡rio dedicar esse tempo para vocaª", ela gosta de dizer aos novos alunos de doutorado. “Nãoéum sprint. a‰ como uma maratona.

Jackson planeja entrar no mercado de trabalho para cargos de professores em escolas de administração neste outono e estãootimista com o que o futuro reserva. "Os assuntos com os quais me preocupo profundamente agora são tópicos de discussão mais comuns na Amanãrica corporativa", diz ela. "Estou animado para trazer minha pesquisa para a sala de aula e para realmente trabalhar com meus alunos de graduação e MBA."

 

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