Talento

Em seu elemento no laboratório de química e no ringue de kickboxing
A estudante de doutorado Levi Knippel se dedica a tornar o Departamento de Quí­mica
Por Sofia Tong - 21/07/2020


"Sinto que preciso pagar todas as oportunidades e ajuda que me foram fornecidas", diz o estudante de doutorado Levi Knippel.
Crédito: Adam Glanzman

Antes de vir para o MIT para fazer um doutorado em química, Levi Knippel passava horas após seus dias de trabalho na Genentech, onde ele era um cientista associado, treinando com dois campeaµes mundiais de kickboxers. "Isso me ajudou a sair da minha concha", diz ele sobre o esporte. "Esse estado zen de apenas eu, meu corpo e meu oponente tentando me machucar - écomo esta partida de xadrez."

No ringue, ele tem um recorde combinado de uma vita³ria, uma derrota e um empate. "Bom e equilibrado", diz ele com uma risada.

Knippel descreve o kickboxing como um quebra-cabea§a desafiador que requer criatividade e estratanãgia mais do que força bruta. Uma afinidade semelhante, embora menos física, para resolver esse enigma o levou a  química orga¢nica no ensino manãdio e, finalmente, ao MIT, onde ele agora estuda química de hidreto de cobre. Trabalhar com moléculas também requer uma delicada sensação de tato e equila­brio, diz ele.

Infelizmente, as duas paixaµes foram suspensas no momento, devido a  pandemia do Covid-19 e a um ombro machucado que o manteve fora do ringue. Em vez de gerenciar reações e purificar materiais no laboratório, ele escreveu manuscritos, submeteu resumos a conferaªncias e estudou para sua prova oral, em sua casa em Allston, Massachusetts. "Sinto falta de trabalhar com as ma£os", diz ele. "Quando vocêobtanãm o material em que trabalha hálgumas semanas e segura o pa³ nas ma£os, érealmente satisfatório."

Luta com compostos

Como parte do Grupo de Pesquisa Buchwald no Departamento de Quí­mica, Knippel trabalha com a tomada de olefinas, produtos químicos que são relativamente fa¡ceis e baratos de produzir, e com o uso de catalisadores de cobre para gerar novos compostos que podem um dia ajudar no projeto de novos medicamentos e outras terapias. . Estes compostos são quirais, tendo duas orientações possa­veis; em muitos casos, apenas uma dessas orientações pode ser eficaz no corpo.

Nos primeiros meses de seu projeto de tese, parecia que ele estava obtendo 95% da quiralidade desejada, mas se tornaria teimosamente uma mistura de 50 a 50 ao longo do tempo. Por fim, ele resolveu esse problema, que acabou relacionado ao seu manãtodo de purificação. "Vocaª precisa trabalhar todos os dias e ter autoconfianção para saber que estãofazendo tudo certo", diz Knippel. “a€s vezes a química simplesmente não funciona. Se funcionasse, já teria sido descoberto.

Knippel diz que a comunidade do departamento de química o leva a momentos realmente difa­ceis, o que também o motivou a assumir papanãis de liderana§a dentro dele. Como presidente do Comitaª de Estudantes de Pa³s-Graduação em Quí­mica , ele tem mantido contato com outros grupos, como Mulheres na Quí­mica e a Aliana§a Quí­mica para Diversidade e Inclusão, para tornar o departamento mais acolhedor e inclusivo. Um evento que ele lembra com carinho foi um festival de outono do departamento no ano passado, que marcou a primeira grande colaboração entre todos os grupos de estudantes. "a‰ apenas um esfora§o conjunto entre todos esses grupos para torna¡-lo uma comunidade da qual todos querem fazer parte", diz ele.

Seu departamento, diz ele, éo tipo de lugar em que, depois de saber que ele havia passado por um dia particularmente ruim, todos os membros de sua coorte de mais de 40 pessoas o abraçaram. "Foi quando eu soube que estava no lugar certo", lembra ele.

Muito longe de casa

Parte do que colocou Knippel no caminho para o MIT foi sua forte orientação durante seus anos de graduação na Johns Hopkins University. "Olhando para trás agora, era meio presuna§oso", diz ele, lembrando como conheceu seu mentor, o professor de química Thomas Lectka. No primeiro dia de seu primeiro ano, Knippel bateu com ousadia na porta do escrita³rio de Lectka, entrou e conseguiu uma posição como pesquisador de laboratório. "Eu queria ver como a salsicha éfeita, por assim dizer", diz ele. “Acabei adorando. Percebi que, se eu fizer isso como uma carreira, não havera¡ dois dias iguais para o resto da minha vida. ”

Mas na Hopkins, a pesquisa de graduação não era remunerada - e Knippel, mesmo com uma bolsa de estudos completa, lutava para sobreviver. Lectka o ajudou a conseguir uma posição de assistente de ensino que lhe permitiu parar de trabalhar no campus e aprofundar sua experiência no campo, mantendo uma fonte consistente de renda. 

"O que ele fez para me concentrar na ciência foi enorme", diz Knippel. “Simplesmente não consigo imaginar que estaria onde estou agora, se ele não tivesse me dado essas oportunidades para provar a mim mesmo. Sinto que trabalhei muito mais porque ele estava se esforçando para facilitar minha vida. ”

Encontrar a posição de AT foi apenas uma das maneiras pelas quais Knippel teve que navegar na faculdade como estudante de baixa renda. Foi uma surpresa para ele, e para muitos com quem ele cresceu, o fato de as principais universidades possua­rem programas robustos de ajuda financeira que poderiam estar abertos a ele. E uma vez na Hopkins, ele ainda lutava financeiramente. “Eu conhecia colegas de classe que acabavam de comprar novos laptops quando os deles quebravam, mas basicamente economizei tudo o que tinha para comprar um Chromebook, que nem conseguia executar todos os programas necessa¡rios para a aula”, lembra ele.

"Sinto que preciso pagar adiante todas as oportunidades e ajuda que me foram fornecidas", diz ele. "a‰ por isso que estive envolvido em programas como o Programa de Pesquisa de Vera£o do MIT , que visa aumentar a diversidade na ciaªncia, trazendo estudantes de origens sub-representadas ao MIT para fazer pesquisas."

"Se vocêpode, vocêfaz"

A ma£e de Knippel também ajudou a impulsiona¡-lo em seu caminho para a academia. Ela frequentava a universidade com uma bolsa de estudos musical, mas acabou saindo antes de se formar, quando ele nasceu. Com o pai biola³gico fora de cena, ele morou com a ma£e e a amiga em um trailer nos primeiros anos de vida. O amigo cuidava dos filhos enquanto a ma£e fazia turnos mais longos no trabalho para passar mais tempo com ele. Eventualmente, sua ma£e se casou e a familia se estabeleceu em Two Rivers, Wisconsin, onde ele cursou o ensino manãdio.

"Minha educação sempre foi a coisa mais importante para ela", diz ele sobre sua ma£e. "Ela optou por interromper a educação porque me possua­a e apenas colocou toda essa energia em mim." Ele lembra como ela colocou uma estante de livros no trailer e examinaria todas as vendas de garagem para preenchaª-la com livros. Ela também o pressionou a se candidatar a escolas fora do estado, quando muitos estudantes da área foram para a universidade estadual. "a‰ importante que, se vocêpuder, faz", ele se lembra dela insistindo.

Seus anos como assistente de ensino e seu relacionamento com seu mentor levaram Knippel a se ensinar. No vera£o depois da faculdade, antes de comea§ar seu trabalho na Genentech, ele trabalhou como professor na Montgomery College, uma faculdade comunita¡ria em Maryland, ensinando química orga¢nica a estudantes sub-representados e não-tradicionais. Ele ainda estãoem contato com alguns deles - atémesmo ajudando-os a se matricular em escolas de pós-graduação.

Ele ainda estãopensando em ensinar como carreira, embora também esteja intrigado com as possibilidades de trabalhar em locais como a Genentech, onde o desenvolvimento de uma droga pode salvar milhares de vidas. Mas Knippel, que estãono terceiro ano do seu doutorado, ainda tem tempo para decidir. "Nãoquero descartar nada", diz ele.

 

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