Talento

Enfrentando COVID-19: Professora Daniela De Angelis
Desde janeiro deste ano, Daniela De Angelis e sua equipe tem informado a resposta do governo do Reino Unido a  pandemia COVID-19.
Por Jacqueline Garget - 20/08/2020


A Professora Daniela De Angelis éDiretora Adjunta da Unidade de Bioestata­stica MRC

Desde janeiro deste ano, Daniela De Angelis e sua equipe tem informado a resposta do governo do Reino Unido a  pandemia COVID-19. Seu modelo de transmissão do va­rus em tempo real estãoajudando a rastrear e prever seu curso a  medida que as informações se acumulam ao longo do tempo.

Eu trabalho para a Unidade de Bioestata­stica (BSU) do Medical Research Council (MRC) , um departamento da Escola de Medicina Cla­nica da Universidade. Sou La­der de Programa e Diretor Adjunto da Unidade. A unidade estãofisicamente localizada no Cambridge Institute of Public Health no Cambridge Biomedical Campus. No entanto, desde o bloqueio, todos os membros da Unidade - inclusive eu - tem trabalhado em casa. 

Minha pesquisa se concentra no desenvolvimento e aplicação de manãtodos estata­sticos para caracterizar epidemias , usando informações sobre diferentes aspectos da doena§a. Isso inclui estimar a transmissão, gravidade (por exemplo, a proporção de indivíduos infectados que morrem) e reconstruir e prever a evolução das epidemias. O objetivo éfornecer suporte quantitativo preciso e oportuno para a implementação e avaliação de políticas públicas de saúde. Historicamente, trabalhamos com HIV, hepatite e gripe, mas desde janeiro deste ano nossa experiência tem sido usada para entender a pandemia de COVID-19.

Um dos aspectos mais cra­ticos do nosso trabalho COVID-19 éfornecer 'projeções' e 'previsaµes' regulares. 'Modelos atuais' referem-se a estimativas donívelatual das principais quantidades epidemiola³gicas, no nosso caso, estimativas de transmissão conta­nua e o número de novas infecções. 'Previsaµes' significa estimativas de na­veis futuros, neste caso, do número futuro de mortes. Nossos resultados alimentam diretamente o subgrupo da Scientific Pandemic Influenza em Modelagem (SPI-M), um subgrupo do SAGE e as equipes regionais de Saúde Paºblica da Inglaterra (PHE).

Eu construo modelos que nos permitem reconstruir a pandemia e prever seu curso futuro. Nosso trabalho de previsão e previsão usa um modelo de transmissão de doena§as, dados sobre mortes dia¡rias de COVID-19 de indivíduos infectados (por regia£o do NHS e faixa eta¡ria), informações publicadas sobre o risco de morrer e o tempo entre a infecção e a morte, e dados sobre na­veis de anticorpos na população. Isso nos permite reconstruir o número de novas infecções por COVID-19 e estimar asmudanças na transmissão (o famoso número de reprodução R) ao longo do tempo; e prever o número de mortes por COVID-19 em diferentes regiaµes e grupos de idade do NHS.

Acho que o maior desafio em lidar com COVID-19 éentender o que impulsiona a transmissão da infecção e como usar melhor esse conhecimento para manter a pandemia sob controle - incluindo quando introduzir restrições sociais e quando elimina¡-las. Tambanãm éimportante usar a comunicação de forma eficaz, para construir a compreensão e a confianção do paºblico, de modo que as pessoas possam reagir de forma responsável aos conselhos e recomendações dados pelo governo e pela comunidade cienta­fica.

Tem havido um enorme esfora§o de toda a comunidade cienta­fica para contribuir com a compreensão desta pandemia. No entanto, muitas vezes esses esforços não foram bem coordenados e ainda existem muitos aspectos da infecção por SARS-CoV-2 que não são compreendidos. Precisamos desenvolver uma abordagem mais colaborativa para trabalhar, construindo equipes multidisciplinares onde a experiência écompartilhada para um avanço mais rápido da ciência 

Gostaria de ver a criação de infraestruturas que possibilitem o compartilhamento efetivo de dados sensa­veis. Tanto tempo foi gasto nesta pandemia esperando o acesso autorizado a s informações que, em uma situação de emergaªncia, deve estar dispona­vel para qualquer grupo com experiência relevante. a‰ uma lição importante a aprender e precisamos estar mais bem preparados para desafios semelhantes no futuro.

Este tem sido um dos tempos mais desafiadores e estimulantes para a pesquisa cienta­fica. Estou feliz por desempenhar um papel na compreensão desta pandemia e fazer a diferença para a saúde pública. O rastreamento do COVID-19 continuara¡ a ser uma das principais prioridades da minha equipe na BSU. As muitas questões importantes que ainda permanecem nos mantera£o ocupados por anos.

Quando a pandemia passar, estou ansioso por umas boas fanãrias e por voltar a  vida normal para desfrutar da companhia de familiares e amigos!

 

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