Talento

O economista Antoine Levy estãoem todo o mapa
O aluno de doutorado éfascinado pelas variaa§aµes locais na atividade econa´mica e como elas impulsionam as políticas nacionais.
Por Sofia Tong - 23/08/2020


Aluno de doutorado em economia, Antoine Levy, fotografado em Avignon, Frana§a.
Créditos:Foto: Gretchen Ertl

Algumas das diferenças estereotipadas entre os Estados Unidos e a Frana§a confirmam, de acordo com Antoine Levy: O clima e a comida são muito piores na Nova Inglaterra, diz ele, e as pessoas são muito mais acolhedoras. Mas para Levy, que estãoprestes a iniciar o quinto ano de seu programa de doutorado em economia do MIT, os EUA estãocomea§ando a se sentir como sua Frana§a natal em alguns aspectos.

“Por muito tempo, achei que a Frana§a era obcecada por pola­tica e os Estados Unidos não”, lembra ele. No entanto, sua impressão mudou nos últimos cinco anos. Na Frana§a, de bairros urbanos a pequenas aldeias, ele diz que todos tem uma opinia£o sobre cada ministro do governo. Ultimamente, ele tem sentido uma transformação ao seu redor e tem observado seus colegas nos Estados Unidos se tornando mais interessados ​​na pola­tica local também.

Embora isso possa ser um reflexo dasmudanças recentes no clima pola­tico americano, uma perspectiva local sobre a pola­tica também éuma marca registrada da pesquisa de Levy no MIT. Seja na Frana§a ou nos Estados Unidos, o economista hámuito éfascinado por como a pola­tica e a economia convergem de maneiras diferentes de uma regia£o ou localidade para outra.

Por todo o lugar

A pesquisa de Levy analisa como diferentes marcadores sociodemogra¡ficos dentro de umpaís, como densidade populacional, podem moldar a atividade econa´mica e a pola­tica nessas áreas.

Seus projetos atuais se concentram em aproveitar o poder dos dados regionais para informar a pola­tica econa´mica, do desenvolvimento habitacional ao desemprego e a  influaªncia pola­tica. Por exemplo, ele estudou a Unia£o Econa´mica e Moneta¡ria da UE após a Grande Recessão, em relação a  curva de Phillips, que, de forma um tanto polaªmica, sugere que háuma relação inversa entre desemprego e crescimento dos sala¡rios. Embora os dados nacionais agregados não demonstrem uma curva de Phillips clara, Levy descobriu que os dados regionais europeus seguem o padrão- indicando que a pola­tica informada por dados regionais pode ser mais importante do que nunca.

“Falamos muito sobre polarização pola­tica, mas também houve uma polarização espacial massiva nos últimos 25 anos”, explica ele. “Essa conjunção de geografia econa´mica e geografia pola­tica tem implicações enormes para a influaªncia relativa dos lugares e para a pola­tica e as políticas de comanãrcio, seguro social e redistribuição.”

“Existe uma coisa na economia em que as pessoas são chamadas de agentes”, diz Levy. “As pessoas fazem coisas. As pessoas escrevem leis, votam, conseguem empregos e consomem. E em algum ponto, vocêainda tera¡ que perguntar o que faria no lugar deles. ”


Seu trabalho mais recente foi inspirado por eventos hista³ricos recentes - Brexit, a eleição de Donald Trump, os protestos do "colete amarelo" em sua Frana§a natal - que expa´s a forma como políticas econa´micas de tamanho aºnico deixaram para trás as pessoas em situações geogra¡ficas muito diferentes. Muitas vezes, diz Levy, as pessoas confiam na ideia mitificada de uma regia£o sem se aprofundar nos padraµes de comportamento populacional e econa´mico dessa regia£o. Por exemplo, em um documento de trabalho, ele argumenta que uma parte significativa do sucesso de Emmanuel Macron nas eleições presidenciais francesas de 2017 pode ser atribua­da a uma promessa de campanha especa­fica de abolir um imposto habitacional que afetou 80% das fama­lias nopaís.

Um tema-chave em seu trabalho écomo a economia regional tem uma influaªncia importante nas decisaµes políticas dos indivíduos - embora isso seja frequentemente esquecido pelos economistas.

“Existe uma coisa na economia em que as pessoas são chamadas de agentes”, diz Levy. “As pessoas fazem coisas. As pessoas escrevem leis, votam, conseguem empregos e consomem. E em algum ponto, vocêainda tera¡ que perguntar o que faria no lugar deles. ”

Tomando tudo em

Parte do interesse de Levy nas variações regionais vem da experiência pessoal. Enquanto crescia, mudou-se com frequência devido ao trabalho do pai como executivo na indústria de alimentos, o que levou a familia da cidade de manãdio porte de Lyon, no sudeste, para a muito menor Panãrigueux, no sudoeste; eventualmente eles se mudaram para Paris para os cuidados médicos e a escola de sua ma£e. Experimentar as diferenças econa´micas dia¡rias entre esses lugares, atémesmo detalhes comuns como o custo do cafanã, impressionou-o sobre a forma como as circunsta¢ncias econa´micas afetam nossas escolhas.

“O destino dos lugares e como estãovinculado a  economia: acho que éalgo que vocêexperimenta muito concretamente quando se muda”, diz Levy. “Especialmente em umpaís tão diverso como a Frana§a.”

A tendaªncia de Levy pela variedade o acompanhou atéa faculdade, onde ele não teve coragem de escolher entre uma educação mais voltada para o meio acadêmico na a‰cole Normale Supanãrieure e a escola de nega³cios na HEC Paris. Em uma jogada inusitada, ele acabou se matriculando em ambos. Ele diz que queria ficar de olho em tudo na economia - da pesquisa fundamental a s áreas mais aplicadas. Sua adoção de abordagens interdisciplinares finalmente o trouxe para o MIT, onde ele aprecia como seu programa lhe permitiu reunir seus primeiros interesses em macroeconomia e finana§as internacionais, e seu trabalho atual em tópicos microecona´micos e espaciais.

“Os professores tendem a sempre pressiona¡-lo a explorar seus interesses e ser muito abertos sobre eles”, diz Levy sobre o departamento de economia do MIT, onde éorientado pelos professores Arnaud Costinot e Ivan Werning. “Eles nunca foram excessivamente restritivos sobre o que eu deveria trabalhar ou estudar, eles estavam sempre muito abertos para ouvir novas ideias.”

Isso não significa que o caminho sempre foi fa¡cil, principalmente com o investimento de tempo de um doutorado. “Eu costumava ser aquele que queria sentir satisfação no curta­ssimo prazo”, diz Levy. “a€s vezes vocêtem que desacelerar e voltar ao ina­cio, em vez de passar por um projeto muito rapidamente.” Para se manter, ele também assume projetos menores, como escrever propostas curtas, resenhas de livros e artigos da imprensa popular.

Ele também tira tempo para ler as nota­cias ou um romance favorito de Philip Roth e tem boas lembrana§as de jogar squash, fazer piqueniques no Charles River e trocar ideias de pesquisa com amigos de seu grupo e da comunidade francesa no MIT. Ele tem uma afinidade com seus colegas expatriados: “Eles optaram por deixar a Frana§a e acho que isso ésempre um sinal de que estãoprontos para descobrir os limites de sua abertura”.

Conforme ele continua com sua pesquisa, Levy planeja manter o foco nas questões que são importantes para as pessoas ao seu redor e permanecer aberto a tópicos fora de sua especialidade e campo de pesquisa imediato. Saber que seu trabalho pode ter um impacto na vida das pessoas o mantanãm apaixonado pela economia, onde quer que ela o leve no futuro.

“Nãoéalgo que vocêfaz por causa da beleza”, diz ele sobre economia. “Quando vocêdiz que éeconomista e estãoa  mesa do jantar, as pessoas tem toneladas de perguntas. Se as pessoas tem uma pergunta que consideram relevante para a economia, talvez devesse ser. Vocaª tem que ter uma resposta. ”

 

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