Talento

Doutorando da Unicamp éum dos vencedores do praªmio alema£o Green Talents 2020
Filipe Vargas Ferreira éo aºnico brasileiro entre os 25 premiados neste ano. Praªmio seleciona jovens talentos da pesquisa em sustentabilidade
Por Felipe Mateus - 20/11/2020


O doutorando em Engenharia Quí­mica da Unicamp, Filipe Vargas Ferreira, foi um dos vencedores do praªmio Green Talents 2020. ašnico brasileiro entre os 25 premiados neste ano, Filipe concorreu com outros 589 candidatos de 87países. O foco da pesquisa do jovem cientista éo desenvolvimento de materiais polimanãricos biodegrada¡veis com potencial para serem usados como embalagens e como implantes biomédicos. Promovido pelo Ministanãrio da Educação e Pesquisa da Alemanha, o programa Green Talents seleciona jovens talentos da ciência e confere visibilidade para pesquisas inovadoras em áreas que envolvem a sustentabilidade. 

foto mostra filipe vargas vestindo terno sorrindo para a ca¢mera
Filipe Vargas Ferreira éo aºnico brasileiro entre os 25 vencedores da edição 2020 do
praªmio alema£o Green Talents

"O praªmio éo reconhecimento de um trabalho que venho desenvolvendo durantes alguns anos. Mais importante que isso, o praªmio Green Talents éo reconhecimento mundial de uma pesquisa de ponta desenvolvida em uma universidade pública brasileira", comemora Filipe. Na Unicamp, a pesquisa édesenvolvida com orientação da professora Liliane Ferrareso Lona, da Faculdade de Engenharia Quí­mica (FEQ) e tem financiamento da Fundação de Amparo a  Pesquisa do Estado de Sa£o Paulo (Fapesp) e do European Research Council Fellowship. Conta ainda com a colaboração de pesquisadores e laboratórios parceiros da própria Unicamp e de outras instituições de ensino do Brasil, da Frana§a e da Finla¢ndia.

"Os jurados do praªmio Green Talents destacaram a excelente pesquisa desenvolvida e sua abordagem interdisciplinar, unindo as ciências naturais aos aspectos sociais. De fato, esta interdisciplinaridade são foi possí­vel pelos colaboradores que participaram desta pesquisa. a‰ uma honra para a FEQ/Unicamp ver nosso aluno de doutorado representando o Brasil como um dos vencedores", comenta a orientadora, professora Liliane Ferrareso Lona. 

Celulose aplicada em embalagens e implantes

A pesquisa desenvolvida por Filipe tem o diferencial de contribuir para a preservação do meio ambiente por meio da possibilidade de reduzir os resíduos sãolidos que poluem o solo e os rios. Ele trabalha com o desenvolvimento de polímeros biodegrada¡veis com propriedades melhoradas com potencial para substituir os polímeros convencionais, não-biodegrada¡veis, que são comumente chamados de pla¡sticos. Segundo o doutorando, devido a sua versatilidade, esses pla¡sticos estãopresentes em diversas aplicações e, combinado com sua não-biodegradabilidade, tornam-se um grande problema ambiental ao serem descartados. Entretanto, explica que os pla¡sticos biodegrada¡veis podem ser mais fra¡geis, além de terem o custo mais elevado, o que dificulta sua ampla utilização. 

"Existe uma grande necessidade pelo desenvolvimento de materiais polimanãricos biodegrada¡veis com desempenho aprimorado e prea§o reduzido para diferentes setores. No nosso projeto, nosusamos a celulose, pola­mero natural mais abundante da Terra, para desenvolver materiais polimanãricos biodegrada¡veis ​​de alto desempenho, mais baratos, devido a matéria prima utilizada, e com potencial para serem usados em diferentes aplicações, como por exemplo, na medicina regenerativa e como embalagens biodegrada¡veis", detalha Filipe. 

Para o desenvolvimento dos materiais, a pesquisa utiliza a porção cristalina da celulose, conhecida como nanocelulose, para melhorar o desempenho dos polímeros biodegrada¡veis. De acordo com Filipe, os testes demonstram que o material tem boa resistência, mas ainda são necessa¡rios estudos a respeito de sua capacidade de proteção contra umidade e trocas gasosas. Para a aplicação na saúde, foi desenvolvido um manãtodo para a preparação de criogel a  base da nanocelulose, que pode ser aplicado como implantes ósseos. O criogel apresentou bom desempenho nos ensaios in vitro e in vivo em cobaias. Os pra³ximos passos são a avaliação de como o material se comporta em animais de grande porte e, depois, em ensaios clínicos. 

esquema mostra três imagens, no meio uma ilustração da nanocelulose e nas laterais,
indicadas com duas setas que saem do meio, uma imagem de embalagem biodegrada¡vel
e uma amostra de criogel utilizado para implantes a³sseios. Nanocelulose permite a criação
de novos materiais biodegrada¡veis, como embalagens, e também implantes ósseos

Filipe conta que o interesse pela carreira acadaªmica e pela pesquisa cienta­fica o acompanha desde sua graduação em Engenharia Quí­mica, cursada na Universidade Metodista de Piracicaba. Atésua chegada a  Unicamp para o curso de doutorado, ele passou pela Universidade de Stuttgart, na Alemanha, como bolsista do programa Ciência sem Fronteiras, cursou seu mestrado em Engenharia Aerona¡utica e Meca¢nica pelo Instituto Tecnola³gico de Aerona¡utica (ITA) e realizou um esta¡gio de pesquisa na Universidade do Texas, nos Estados Unidos. Ao longo dessas experiências, o pesquisador entrou em contato com a nanotecnologia e com os materiais sustenta¡veis. 

Ele relata que a escolha da Unicamp para desenvolver seu doutorado foi estratanãgica, pois esta mudança de universidade e programa de pós-graduação seriam desafios enriquecedores para sua formação e amadurecimento como pesquisador. Assim, buscou pelo laboratório da professora Liliane Lona e suas pesquisas na FEQ/Unicamp. "Ela já estava trabalhando em uma linha de pesquisa envolvendo sa­ntese de polímeros biodegrada¡veis e de nanocompósitos polimanãricos biodegrada¡veis em colaboração com o Laborata³rio Nacional de Nanotecnologia no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais. Tudo estava conectado, eu havia encontrado uma boa Universidade, uma orientadora experiente e atuante na área, uma colaboração com um grande centro de pesquisa dopaís e uma pesquisa em um tema que eu havia idealizado nos EUA", compartilha.  

"Abriu minha mente para novos desenvolvimentos na área"

Por conta da pandemia do coronava­rus, neste ano as atividades do Forum Cienta­fico Green Talents foram realizadas on-line. O evento reaºne os cientistas selecionados e possibilita a visita em instituições de pesquisa e de ensino da Alemanha e a troca de experiências entre os pesquisadores sobre seus projetos. Os 25 selecionados deste ano realizaram tours virtuais por instituições como a Universidade de Hamburgo, o Centro Helmholtz para Pesquisas Ocea¢nicas Kiel, o Instituto Max Planck e o Instituto Potsdam para Pesquisas de Impacto Clima¡tico. 

"Participar das atividades do Green Talents foi uma experiência muito importante. Tive contato com pesquisadores que trabalham com sustentabilidade, mas não necessariamente no desenvolvimento de novos materiais. Isto abriu minha mente para novos desenvolvimentos na área, e ampliou minha rede de colaboração", relata Filipe. Ele também ressalta que a visibilidade obtida pelo praªmio possibilitou levar a pesquisa a Espaços fora das universidades, aproximando a ciência das pessoas. "Este tipo de interação ajuda a diminuir a distância que existe entre a pesquisa que fazemos na academia e a sociedade", comenta. 

Ele conta ainda que pretende continuar nessa área de estudos, já que a necessidade ambiental por soluções sustenta¡veis éalgo crescente no mundo. Além disso, pretende se inserir na carreira docente como forma de contribuir para o desenvolvimento da ciaªncia, formando também novos talentos como ele: "Pretendo me tornar professor universita¡rio para ensinar, orientar e inspirar nossos jovens para seguirem o caminho do ensino e da pesquisa osuma das vias mais importantes para o desenvolvimento do nossopaís e para o crescimento sustenta¡vel da nossa sociedade".

 

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