Talento

Estudantes da USP criam roba´ que aproxima universita¡rios em meio a  pandemia
Approxima éo nome da iniciativa que foi desenvolvida especialmente para o Telegram, aplicativo de mensagens que éuma alternativa ao WhatsApp
Por Denise Casatti - 04/12/2020


Arte sobre foto / Freepik

“Nutrir a nossa sociabilidade éum jeito sauda¡vel de manter a saúde mental.” A sa¡bia frase foi escrita por um dos estudantes consultados na fase de desenvolvimento do Approxima bot, uma ferramenta criada para fortalecer a amizade e os va­nculos entre estudantes universita¡rios que possuem interesses comuns. Apelidado de “Tinder da amizade”, o Approxima éum roba´ interativo que funciona como um pequeno aplicativo dentro do Telegram, uma das principais alternativas ao WhatsApp.

O papel desse roba´ ou bot osabreviação do termo em inglês robot oséidentificar estudantes que possuem interesses em comum e apresenta¡-los um ao outro. Por isso, um dos primeiros passos para se cadastrar no Approxima édefinir suas preferaªncias. Depois, o bot sugere potenciais amigos para cada estudante, de acordo com essas preferaªncias.

Então, a sorte élana§ada: os usuários tem total liberdade para decidir se querem acatar as sugestaµes. Se os estudantes acreditarem que a amizade tem futuro, podemos dizer que “deu match”, ou seja, um par foi formado, similar ao que acontece no famoso aplicativo de relacionamento Tinder, e a dupla pode iniciar um bate-papo. A diferença éque, no Approxima, o objetivo não éencontrar um parceiro roma¢ntico, mas alguém com quem possamos trocar ideias e compartilhar experiências, uma amizade. Nada mais indicado, para isso, do que comea§ar a se relacionar com alguém que possua interesses comuns com vocaª, ou seja, que curta os mesmos jogos, filmes, sanãries e músicas, por exemplo.

Resultado: cerca de 100 pessoas já se cadastraram no Approxima. E se vocêéum estudante universita¡rio e quer fazer novos amigos, basta acessar https://t.me/approxima_bot. “Todo usua¡rio novo no bot também deveria entrar no https://t.me/approxima_avisos, nosso canal para avisos sobre atualizações, novas funcionalidades e feedbacks. Essa éa nossa ponte de contato com os usuários”, explica Vitor Santana Cordeiro, que cursa Ciências de Computação e faz parte da equipe desenvolvedora do Approxima.

Composta de estudantes do Instituto de Ciências Matema¡ticas e de Computação (ICMC) da USP, em Sa£o Carlos, a equipe começou a trabalhar na criação da ferramenta logo depois do ini­cio da pandemia do novo coronava­rus no Brasil, que obrigou o cancelamento das aulas presenciais, mantendo os universita¡rios afastados de seus amigos e isolados. “Preocupados com essa situação, a direção do ICMC entrou em contato com nosso Grupo de Apoio Psicopedaga³gico (GAPsi) e sugeriu que pensa¡ssemos em alternativas para reduzir o isolamento dos estudantes e prevenir problemas de saúde mental”, revela a professora Simone Souza, coordenadora do GAPsi. Esse grupo éformado por professores, alunos e funciona¡rios e conta com o apoio de estagia¡rios da área de psicologia, tendo como finalidade informar e promover ações e reflexões sobre saúde e bem-estar psicossocial.

Lana§ada a demanda, uma das participantes do grupo, a professora Sarita Bruschi, sugeriu que fosse criada uma solução em parceria com o grupo de extensão USPCodeLab Sanca, do qual écoordenadora. Então, a equipe de alunos do ICMC deu ini­cio ao projeto em conjunto com o GAPsi. Para identificar as necessidades dos estudantes em quarentena, o primeiro passo foi realizar uma pesquisa com estudantes universita¡rios de diversas instituições.

Vitor Santana Cordeiro, da equipe desenvolvedora do Approxima
- Foto: Reprodução/GitHub.com


Simone Souza, coordenadora do Grupo de Apoio Psicopedaga³gico
do ICMC USP - Foto: Divulgação/ICMC USP

“Adorei o projeto! Assim que cheguei a Sa£o Carlos, já pensei que seria legal se houvesse algum aplicativo ou outro meio que ajudasse pessoas com interesses em comum a fazer amizade. Durante a pandemia, me senti privado de socializar e conhecer pessoas novas, portanto, acho que o projeto ajudaria muito a mim e outras pessoas que também se sentem assim. Dou todo o apoio que puder”, escreveu no formula¡rio on-line da pesquisa um dos estudantes que ingressou no ICMC este ano.

Dos 174 respondentes da pergunta “Vocaª acha a ideia do aplicativo interessante? Acha que seráútil?”, 88,5% responderam afirmativamente. “Nesse momento de quarentena, principalmente, éessencial ter meios que facilitem conhecer novas pessoas. Muitas pessoas se sentem sozinhas, ou pararam de falar com vários amigos”, justifica um dos estudantes. “Acho que ajudaria a facilitar conversas entre pessoas com hista³rico de fobia social, no sentido de promover uma aproximação com varia¡veis mais controladas que ajudariam no processo de desenvolvimento de va­nculos”, pondera outro participante da pesquisa.

Nasce um roba´

Com base na pesquisa realizada, Vitor e mais quatro alunos do ICMC se tornaram responsa¡veis por desenvolver o aplicativo: Carolina Arenas Okawa, Lui Franco Rocha, Victor Reis e Nelson Oliveira. Tal como Vitor, os três primeiros cursam Ciências de Computação; já Nelson éaluno de Sistemas de Informação.

Mas em junho, quando começam de fato a trabalhar na criação do novo aplicativo, os primeiros desafios surgiram: ao realizar o projeto concomitantemente com outras tantas demandas da vida universita¡ria, o time percebeu que não estava conseguindo progredir de forma significativa. Então no fim de julho, surgiu a ideia de criar uma versão de teste, do produto, mais simples e rápida do que um aplicativo, seguindo uma metodologia bastante difundida na área de tecnologia, a do Produto Ma­nimo Via¡vel osou Minimum Viable Product (MVP). Foi assim, depois de uma sessão de brainstorming (a famosa tempestade de ideias), que surgiu a proposta de criar um roba´ para o Telegram, com a vantagem de que essa ferramenta éautogerencia¡vel.

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Arte sobre foto / Freepik


Apesar de não ter a popularidade do WhatsApp, o Telegram éamplamente utilizado e tem o diferencial de oferecer diferentes recursos e funções exclusivas aos usuários, tal como os bots interativos, que podem ser programados para desempenhar as mais diferentes funções, desde jogos ao auxa­lio com nota­cias e tarefas do dia a dia. Essas aplicações são gratuitas, bastando adiciona¡-las por meio de uma barra de pesquisas e, em seguida, interagir com os comandos listados. Sa£o inaºmeras opções e o Approxima tornou-se uma delas.

Vitor destaca que a equipe do projeto estãoprocurando pessoas que queiram contribuir com desenvolvimento do Approxima, assim, talvez seja possí­vel no futuro atémesmo criar um aplicativo que não fique restrito ao Telegram. Além disso, qualquer pessoa que queira contribuir com novas funcionalidades pode acessar o ca³digo do bot, que estãoaberto no GitHub. A linguagem de programação utilizada éa TypeScript.

“A ideia surgiu no contexto da pandemia, mas não pensamos em descontinuar o projeto após voltarmos a s aulas presenciais. Na verdade, acreditamos que o Approxima éuma a³tima oportunidade para os estudantes conhecerem outros estudantes que, de outra forma, não conheceriam. Botamos muita féno potencial dessa iniciativa no pa³s-pandemia também”, diz Vitor.

Levando em conta os depoimentos que a equipe tem coletado ao longo dessa jornada de aprendizado, a história do Approxima estãomesmo são comea§ando: “a‰ muito nobre a mobilização de vocaªs em um período como esse. Sinto que muitas pessoas, assim como eu, estãosentindo muita falta desse contato social e da oportunidade de conhecer novas pessoas”.

Se depender da motivação do time de desenvolvedores, o Approxima tera¡ uma vida bastante longa. “Fazer coisas que impactam a vida das pessoas émeu projeto de vida e o que me motiva neste projeto”, finaliza Vitor.

Pra³ximos passos

Com base na pesquisa realizada, Vitor e mais quatro alunos do ICMC se tornaram responsa¡veis por desenvolver o aplicativo: Carolina Arenas Okawa, Lui Franco Rocha, Victor Reis e Nelson Oliveira. Tal como Vitor, os três primeiros cursam Ciências de Computação; já Nelson éaluno de Sistemas de Informação.

Mas em junho, quando começam de fato a trabalhar na criação do novo aplicativo, os primeiros desafios surgiram: ao realizar o projeto concomitantemente com outras tantas demandas da vida universita¡ria, o time percebeu que não estava conseguindo progredir de forma significativa. Então no fim de julho, surgiu a ideia de criar uma versão de teste do produto, mais simples e rápida do que um aplicativo, seguindo uma metodologia bastante difundida na área de tecnologia, a do Produto Ma­nimo Via¡vel osou Minimum Viable Product (MVP). Foi assim, depois de uma sessão de brainstorming (a famosa tempestade de ideias), que surgiu a proposta de criar um roba´ para o Telegram, com a vantagem de que essa ferramenta éautogerencia¡vel.

Apesar de não ter a popularidade do WhatsApp, o Telegram éamplamente utilizado e tem o diferencial de oferecer diferentes recursos e funções exclusivas aos usuários, tal como os bots interativos, que podem ser programados para desempenhar as mais diferentes funções, desde jogos ao auxa­lio com nota­cias e tarefas do dia-a-dia. Essas aplicações são gratuitas, bastando adiciona¡-las por meio de uma barra de pesquisas e, em seguida, interagir com os comandos listados. Sa£o inaºmeras opções e o Approxima tornou-se uma delas.

“Os bots são uma tendaªncia na área de computação porque possibilitam que os desenvolvedores criem soluções a partir de algo que já existe, baseados em produtos que já estãodisponí­veis e foram testados. Isso agiliza e facilita o processo”, explica a professora Simone Souza.


Arquivos disponí­veis no GitHub, plataforma de ca³digos abertos 
Foto: Reprodução/GitHub

Desde setembro, quando começam a testar o prota³tipo do Approxima, diversas novas funcionalidades foram implementadas pela equipe para aprimorar a experiência dos usuários. Por meio do canal de avisos, os desenvolvedores fazem constantes pesquisas com esses usuários. Segue o exemplo de uma pergunta lana§ada no canal dia 13 de outubro: “Na sua opinia£o, ajudaria se mostrássemos os interesses em comum que vocêtem com cada uma de suas conexões?”

Dos 23 jovens que responderam a questão, 91% disseram que “sim”. Por isso, em 8 de novembro, a novidade écomunicada no canal de avisos: “Vocaªs pediram e nosatendemos! Agora, para saber os interesses em comum com uma conexão da sua lista, ésão utilizar o comando /prefs @username_do_amigo.”

 

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