Talento

Pesquisadores da USP Ribeira£o Preto criam esteira capaz de avaliar a fadiga de corredores
Premiado em principal evento de inteligaªncia artificial do Brasil, equipamento pode prevenir lesões em corredores com custo seis vezes menor que outros modelos nacionais
Por Robert Siqueira - 12/01/2021


Sistema inteligente da esteira avalia a fadiga do corredor, prevendo o padrãode corrida da pessoa e se ela estãocansada ou descansada. Foto: Cedida pelo pesquisador

A tecnologia evoluiu muito ao longo dos anos e, hoje, estãocada vez mais presente em todas as áreas. Ao mesmo tempo, o número de pessoas preocupadas com a saúde e que começam a praticar exerca­cios fa­sicos também aumentou. Unir tecnologia e esporte, então, se tornou um trabalho essencial, principalmente para evitar lesões naqueles que estãoiniciando na prática . 

Nesse contexto, pesquisadores da USP Ribeira£o Preto desenvolveram uma esteira com sensores e sistema inteligente capaz de avaliar a fadiga de um corredor. A nova tecnologia nacional éexplicada por Sanãrgio Baldo Jaºnior, aluno do curso de Informa¡tica Biomédica da Faculdade de Medicina de Ribeira£o Preto (FMRP) da USP e responsável pelo projeto. “A partir de sinais de força, épossí­vel extrair algumas caracteri­sticas dele e, junto com o uso de redes neurais artificiais, épossí­vel prever o padrãode corrida dessa pessoa e se ela estãocansada ou descansada.”

O professor Renato Tinós, da Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras de Ribeira£o Preto (FFCLRP) da USP e orientador de Baldo Jaºnior, conta que toda a análise épossí­vel pela rede de inteligaªncia artificial acoplada diretamente no equipamento e que armazena os dados dos sensores. “A pessoa corre na esteira e essa base de dados vai ser usada para treinar a rede neural, que depois vai ser capaz de classificar o padrãode corrida dessa pessoa.”

Esteira Ergomanãtrica

Conta com 4 células de carga utilizadas como sensores de força vertical

Os sinais de força emitidos por cada canãlula de carga passam por um amplificacor de sinal

Uma canãlula de carga aclopada na base da esteira 

Sa£o enviados por canais diferentes para uma placa de aquisição dados
Software MATLAB para a gravação dos sinais em tempo real

Segundo os pesquisadores, trata-se de uma esteira que envolve um altonívelde controle, com sensores e motores que chegam a 40 ou 50 quila´metros por hora (km/h). Atualmente, as esteiras semelhantes existentes no mercado nacional podem custar atéR$ 120 mil, já os modelos importados podem chegar a US$ 230 mil. Os altos custos e a importa¢ncia, principalmente para a pesquisa nacional, de equipamento preciso e mais acessa­vel motivaram os pesquisadores a desenvolver o projeto.

a‰ o que argumenta o outro orientador de Baldo Jaºnior, o professor Paulo Santiago, da Escola de Educação Fa­sica e Esporte (EEFERP) da USP. “Pela impossibilidade de comprar equipamentos como esse, surgiu a ideia de construir a nossa própria esteira”. E, segundo avaliação do professor, obtiveram uma nova esteira ainda melhor que uma importada. “O motor émais potente e o valor, muito mais barato”, garante, ressaltando que o custo da esteira que desenvolveram não passa dos R$ 20 mil.

A importa¢ncia cienta­fica e acadaªmica da esteira da USP édestacada por Santiago que afirma ter desenvolvido uma unidade “barata e de excelente qualidade para uso em pesquisas que necessitam de um monitoramento preciso e refinado para corredores de alto na­vel”. Além do que, pode também beneficiar a população já que a ideia éque a esteira chegue ao mercado. “Ela vai ajudar a monitorar as cargas de treino para, pelo menos, a pessoa saber quando estãocansada ou descansada, o que pode ajudar a prevenir dores e lesões”, destaca o professor Santiago.

Projeto premiado

Usar inteligaªncia artificial na prática de exerca­cios fa­sicos, com o poder de evitar lesões, fez o trabalho da USP Ribeira£o Preto ser premiado no 16º Encontro Nacional de Inteligaªncia Artificial e Computacional (ENIAC 2020). O evento, que discute as inovações, tendaªncias, experiências e evolução nos campos de Inteligaªncia Artificial e Computacional, foi realizado on-line entre 20 e 23 de outubro.

O reconhecimento do projeto pelo meio cienta­fico foi recebido pelo acadêmico Baldo Jaºnior num “misto de orgulho e alegria”, como ele mesmo descreve seu sentimento. Para o aluno, ganhar o praªmio em um evento desseníveléalgo muito difa­cil e o fato o deixa muito animado a continuar, já que seu “trabalho foi reconhecido por quem éreferaªncia na área”.

O projeto “Uso de redes neurais artificias para classificar padraµes de corrida em esteira ergomanãtrica em esportes de alto desenvolvimento” foi  financiado pela Pra³-Reitoria de Pesquisa da USP, pela Fundação de Amparo a  Pesquisa do Estado de Sa£o Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cienta­fico e Tecnola³gico (CNPq).

 

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