Talento

Asegun Henry tem uma grande ideia para lidar com a mudança climática: proteja o sol
'Esta éa chave, o eixo que colocara¡ muitas coisas na direa§a£o certa', diz o professor de engenharia meca¢nica.
Por Jennifer Chu - 11/07/2021


Asegun Henry, professor de engenharia meca¢nica do MIT, acredita que a chave para reduzir as emissaµes de carbono estãoem nossa capacidade de proteger o sol.
Créditos: Imagem: Adam Glanzman

Asegun Henry tem uma ideia ousada para salvar o mundo. Ele acredita que a chave para reduzir as emissaµes de carbono e mitigar ainda mais asmudanças climáticas estãoem nossa capacidade de proteger o sol.  

Hoje, grande parte da energia renova¡vel que écapturada do vento e do sol éfornecida na capacidade de usar ou perder. Para armazenar essa energia, Henry prevaª uma rede de carbono zero totalmente sustenta¡vel, com potencial para suprir todas as nossas necessidades elanãtricas, mesmo em dias nublados e sem vento. E ele tem um plano de como chegar la¡.

Imagine, ao lado de usinas solares e turbinas ea³licas, um contaªiner do tamanho de um depa³sito, fortemente isolado, cheio de metal la­quido incandescente. Qualquer excesso de energia capturado durante os tempos de baixo uso seria desviado para este contaªiner, onde seria convertido em calor. Quando a demanda de energia aumenta, o metal la­quido pode ser bombeado atravanãs de um conversor para transformar o calor em eletricidade.

Henry diz que esse sistema “sol em uma caixa” serviria como uma bateria recarrega¡vel, embora ocupasse meio campo de futebol. Ele mostrou que as partes principais do sistema funcionam e estãoreunindo essas partes para demonstrar um sistema em escala de laboratório. Se for bem-sucedido, ele avana§ara¡ para versaµes com capacidade de armazenamento crescente e, por fim, para um sistema integrado a  rede em escala comercial.

a‰ uma estrada ambiciosa e que não foi isenta de obsta¡culos, assim como o caminho do pra³prio Henry para o MIT. Em 2020, ele conseguiu um cargo efetivo no corpo docente do Departamento de Engenharia Meca¢nica do MIT e estãocanalizando grande parte de sua energia para armazenar o sol.

“Fui ensinado a reverenciar a cultura africana, mas nunca a tinha visto ou ouvido de verdade, e me apaixonei totalmente pela bateria naquele dia”


“Na minha opinia£o, a escolha de ir para o MIT foi um caminho para salvar a raça humana”, diz Henry. “Acredito nesta tecnologia e que esta éa chave, o eixo que colocara¡ muitas coisas na direção certa.”

Pensando grande

Henry cresceu em Sarasota, Fla³rida, depois em Tallahassee, onde se tornou baterista. Seus pais, ambos professores da Florida A&M University, fizeram todos os esforços para incutir nele um aprea§o pelas raa­zes da áfrica Ocidental de sua fama­lia. Quando ele tinha 10 anos, sua ma£e o levou para uma aula de dança africana na universidade.

“Fui ensinado a reverenciar a cultura africana, mas nunca a tinha visto ou ouvido de verdade, e me apaixonei totalmente pela bateria naquele dia”, diz Henry.

Pelos pra³ximos seis anos, ele se juntou a um grupo de turnaªs profissional e se dedicou a  bateria africana. Ele tinha 16 anos quando decidiu abandonar a carreira de baterista, depois de ver as dificuldades financeiras de seus professores. Por volta dessa anãpoca, ele participou de um programa de ritos de passagem para jovens negros, onde conheceu o mentor Makola Abdullah, professor de engenharia civil na Florida A&M. Abdullah contratou Henry como um jovem assistente em seu laboratório, onde a equipe estudava a estrutura das pira¢mides ega­pcias.

“Isso realmente mudou as coisas para mim”, lembra Henry. “Eu estava sendo pago para fazer trabalho tanãcnico pela primeira vez, o que era empolgante naquela idade”.

Como estudante de graduação na Florida A&M, Henry continuou trabalhando no laboratório de Abdullah, em um estudo de vibrações induzidas por terremotos. Ele também se interessou por vibrações na escala atômica e pelo movimento dos a¡tomos no contexto do calor, o que o levou a se inscrever na pós-graduação no MIT.

A experiência de Henry no MIT foi academicamente intensa, a s vezes financeiramente incerta e, em geral, socialmente isolada, diz ele, observando que em certa anãpoca ele foi o aºnico estudante negro de graduação em engenharia no departamento.

“Esse [isolamento] me motivou e eu estava na missão de obter meu diploma”, diz ele.

Henry continuou, trabalhando com seu orientador para desenvolver simulações de dina¢mica molecular de condução de calor, e recebeu seu mestrado e doutorado em engenharia meca¢nica em 2009. Ele então aceitou um cargo de professor na Georgia Tech, mas antes de se estabelecer no campus, ele assumiu três pa³s-doutorado, no Oak Ridge National Laboratories, Northwestern University e no Departamento de Energia da Agência de Projetos de Pesquisa Avana§ada-Energia, ou ARPA-E.

Cada pa³s-doutorado ajudou a cristalizar seus pra³prios objetivos de pesquisa. Em Oak Ridge, ele aprendeu a fazer ca¡lculos de estrutura eletra´nica. Na Northwestern, ele entrou em energia renova¡vel, simulando materiais termoquímicos solares promissores. E na ARPA-E, uma divisão projetada para apoiar projetos de alto risco e alta recompensa, ele aprendeu a pensar grande.

“Visitei oficinas de ma¡quinas do tamanho do Jura¡ssico, onde construa­ram as maiores turbinas do mundo, e também visitei usinas solares concentradas”, diz Henry. “Foi uma experiência transformadora e comecei a me interessar por design denívelde sistema.”

“Uma mudança de etapa”

Ele voltou para a Georgia Tech com uma ideia arriscada para um novo tipo de energia solar concentrada (CSP). A maioria dos projetos de CSP são baseados na ideia de armazenar calor como sal fundido e mover o la­quido atravanãs de tubulações de metal e bombas para convertaª-lo em eletricidade. Mas háum limite de quanto quentes os sais podem ficar ao armazenar calor. As temperaturas superiores a este limite também podem fazer com que os tubos de metal e as bombas corroam muito rapidamente.

“Eu estava interessado em levar isso ao extremo, para ver como obter uma mudança radical no desempenho”, diz Henry.

Ele propa´s fazer tubos e bombas de cera¢mica mais resistente ao calor e armazenar o calor não em sal fundido, mas em metal la­quido incandescente e incandescente.

“Foi uma ideia radical e, com base na física, ésãolida”, diz Henry.

Ele e seus alunos trabalharam durante anos para demonstrar um componente-chave do sistema, uma bomba de cera¢mica de alta temperatura, a princa­pio com pouco progresso.

“Eu costumava fazer esses discursos de treinador no vestia¡rio para manter todos motivados”, lembra Henry.

Em 2017, seus esforços foram recompensados ​​com uma bomba que podia circular o la­quido a até1.400 graus Celsius. A demonstração rendeu a eles uma publicação na Nature e um Recorde Mundial do Guinness para a "bomba de la­quido com temperatura operacional mais alta".

“Isso aumentou as coisas”, diz Henry, que na anãpoca havia recebido um convite para uma entrevista para um cargo de professor no MIT. Quando lhe foi oferecido o emprego, ele não tinha certeza se poderia aceita¡-lo. Enquanto seu trabalho avana§ava, ele estava passando por um diva³rcio complicado.

“Eu estava em uma encruzilhada difa­cil”, diz ele. “Devo ficar e, possivelmente, obter a custa³dia dos meus filhos ou devo dobrar minha carreira e ir para o MIT, onde acho que tenho a melhor chance de seguir essa ideia?”

No final, Henry aceitou o cargo e voltou para o MIT em 2018. O diva³rcio o levou a  falaªncia, mesmo quando ele estava abrindo um novo laboratório e gerenciando as demandas de ensino no campus. Foi um ano tumultuado, mas ele acabou se mudando para Boston com os filhos e, pouco antes de a pandemia comea§ar, Henry também foi nomeado titular.

“a‰ um ala­vio drama¡tico para mim”, diz Henry. “Depois de arriscar tudo para vir aqui, vocêquer a segurança de que as coisas va£o dar certo.”

Ele estãoavaçando para melhorar o sistema sun-in-a-box e, desde então, superou seu recorde com uma bomba de temperatura ainda mais alta. Ele também continua a simular o movimento dos a¡tomos em diferentes materiais e estãoconvertendo esses movimentos em som - um projeto que foi parcialmente inspirado por suas primeiras experiências musicais.

Sobre o novo equila­brio que encontrou na vida e no trabalho, ele diz: “a‰ muito sãolido. E eu estou agradecido. ”

 

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