Talento

Formação de professores no Haiti
Durante seis meses em um orfanato no Haiti, o veterano Eli Brooks apresentou a s criana§as o design de produtos de engenharia e descobriu a paixa£o pelo ensino e pela vida.
Por Mary Beth Gallagher - 12/09/2021


O estudante de engenharia meca¢nica Eli Brooks ensinou desenho de brinquedos de engenharia para criana§as na Missão e Orfanato Have Faith Haiti em Port-au-Prince, Haiti. Aqui, Brooks (fileira de trás, centro) posa com sua classe do ensino manãdio antes de apresentarem os brinquedos que projetaram e construa­ram, incluindo "FIFAction" a  esquerda e "Light-Up Pyramid" a  direita. Créditos: Todas as imagens: cortesia de Eli Brooks

Eli Brooks são deveria ficar no Haiti por algumas semanas. Como muitos estudantes universita¡rios, os planos originais do último ano da engenharia meca¢nica para o vera£o de 2020 foram descartados devido a  pandemia. Ele teve a oportunidade de ser volunta¡rio na Missão e Orfanato Have Faith Haiti em Port-au-Prince por quatro semanas. Como seu maªs no Haiti estava chegando ao fim, Brooks mudou de ideia graças a uma criana§a persuasiva.

“As pessoas estavam me pedindo para ficar, e émuito difa­cil dizer não a uma criana§a de três anos dizendo 'Sr. Eli, vocêpode ficar aqui e me ensinar? '”, Lembra Brooks. Ele decidiu tirar uma licena§a do MIT durante o semestre do outono de 2020 e permaneceu no Haiti por mais cinco meses.

Os seis meses que Brooks passou no Haiti seriam transformadores tanto para ele quanto para as criana§as com quem trabalhava.

Por quase todo o seu tempo em Have Faith Haiti, Brooks permaneceu no terreno de um quarto de acre. Seu quarto ficava em um pequeno prédio no meio do playground. O minaºsculo cômodo não tinha águaencanada ou ar-condicionado, mas Brooks ficou surpreso com a rapidez com que os confortos que considerava garantidos em casa não pareciam importar.

“Em poucos dias percebi que, embora este seja o lugar mais difa­cil em que viverei, também éo mais feliz que já estive”, acrescenta.

Quando Brooks chegou ao orfanato, os alunos estavam isolados por seis meses devido a  Covid-19. Com tantas criana§as imunocomprometidas, havia poucos visitantes - tornando a chegada de Brooks ainda mais emocionante.

No ina­cio, seu papel era semelhante ao de um conselheiro de acampamento. De manha£, ele organizava pistas de obsta¡culos para as criana§as e julgava os lana§amentos de balaµes de a¡gua. Durante a tarde, ele ensinaria as criana§as mais novas a ler e discutir livros com as criana§as mais velhas. Foi essa experiência de ensino que acendeu uma faa­sca em Brooks.

“Depois que comecei a ensinar as criana§as a ler, me apaixonei por isso. Foi quando decidi assumir um papel mais docente, e acho que foi a melhor decisão que tomei, talvez atéhoje ”, lembra ele.

Replicando o curso de Design de Produtos de Brinquedo do MIT

Depois de decidir ficar para lecionar por cinco meses, Brooks valeu-se de suas experiências em aulas de engenharia meca¢nica no MIT. Ele viu uma oportunidade de replicar a classe 2.00b (Design de produtos de brinquedos), ao ensinar alunos do ensino fundamental e manãdio. Oferecido aos alunos do primeiro ano do MIT a cada primavera, a aula apresenta os alunos ao design e ao processo de desenvolvimento de produtos. No final do semestre, os alunos apresentam um prota³tipo funcional de um brinquedo.  

Na primeira metade do semestre, Brooks ensinou aos alunos habilidades ba¡sicas e prática s de engenharia. Ele utilizou alguns dos slides desenvolvidos pelo professor David Wallace e pelo palestrante Joshua Ramos para a aula.

“Foi incra­vel explicar o que era engenharia para essas criana§as e ver que eles se apaixonaram por ela”, diz Brooks.

Na segunda metade do semestre, os alunos apresentaram ideias de produtos de brinquedo. Assim como em 2.00b, os alunos comea§ariam com dezenas de ideias, esboa§ariam os conceitos e os restringiriam aos três primeiros. Eles então construa­ram prota³tipos para as criana§as mais novas do orfanato testarem.

Enquanto os alunos do MIT em 2.00b tem acesso a ma¡quinas, eletra´nicos e vários materiais no campus, Brooks teve que fazer a classe trabalhar com papela£o, papel e cola em bastaµes. Esses recursos limitados não sufocaram a criatividade dos alunos.

Brooks se inspirou nos prota³tipos desenvolvidos pelos alunos atéo final do semestre. Os projetos inclua­am um jogo de futebol “Live Action FIFA” e “Mad Ball”, que lembrava um ta­pico jogo de pinball. Os jogos eram tão populares que as criana§as mais novas do orfanato os jogavam durante a festa de despedida de Brooks.

Como viver a vida de uma maneira melhor

Quando sua estada no Haiti chegou ao fim no inverno passado, Brooks refletiu sobre como a experiência mudou para sua vida. Quando ele chegou a Port-au-Prince, ele estava lutando com o que ele queria fazer da sua vida e lutando com sua própria saúde mental e felicidade.

Ver como as criana§as da Have Faith Haiti ficavam felizes com tão poucos bens materiais ou o conforto que ele havia se acostumado, deu a Brooks uma educação para a felicidade.

“Acho que ir para la¡ me ensinou muito sobre como ser feliz e como lidar com a saúde mental”, diz ele. “Essas criana§as não tinham nada e eram mais felizes do que eu. Eu realmente aprendi como viver a vida de uma maneira melhor. ”

Ao entrar no último ano do MIT, Brooks agora estãoexplorando caminhos de carreira no ensino. Recentemente, ele se inscreveu em programas de pós-graduação para um mestrado em educação com especialização em docaªncia no centro da cidade.

Aonde quer que sua carreira o leve, Brooks sabe que algum dia encontrara¡ um caminho de volta ao Haiti.

“Nãohádaºvida de que voltarei para visitar, espero que algum dia em breve. Essas pessoas se tornaram meus amigos e familiares por seis meses, e o impacto que tiveram em minha vida não pode ser exagerado ”, acrescenta.

 

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