Tecnologia Científica

A tecnologia do encantamento
Em um novo curso de antropologia e arte em estaºdio, os alunos do MIT investigam asDimensões humanas da interaça£o com as tecnologias.
Por Alison Lanier e Emily Hiestand - 07/11/2019

Imagem: Graham Jones
Prathima Muniyappa (com ca¢mera) e outros alunos examinando uma demonstração do aluno. Ao estudar várias imagens e obras amba­guas, os alunos descobrem como o conteaºdo emocional e as experiências anteriores contribuem para o que pensamos ver.

Um suspiro auda­vel percorre a sala de aula enquanto Seth Riskin, gerente do MIT Museum Studio e Compton Gallery, usa a ma£o para trazr fluxos de luz atravanãs do ar vazio. A ilusão ésimples: aumentando gradualmente a velocidade de uma luz estrobosca³pica, Riskin cria a magia visual passando a ma£o pelo feixe que muda rapidamente.

Uma luz estrobosca³pica dificilmente éa tecnologia mais avana§ada encontrada em um laboratório do MIT, mas como co-instrutor e professor de antropologia, Graham Jones comenta: "Em 10 anos de ensino no MIT, nunca ouvi uma sala inteira ofegar dessa maneira". 

Por mais ba¡sica que seja, a ha¡bil manipulação da luz por Riskin produz um efeito profundo, que os alunos experimentam coletivamente em um momento de surpresa e admiração. a‰ disso que trata uma nova aula de antropologia, 21A.S01 (Paranormal Machines): explorar a experiência humana do desconcertante e do estranho em relação a  tecnologia e descobrir como as pessoas e as culturas constroem histórias e crena§as em torno de fora do comum experiências.



Trabalhando em várias disciplinas



Na linguagem cotidiana, a palavra paranormal geralmente se refere ao mundo fantasmaga³rico dos caçadores de fantasmas e clarividentes. Mas Riskin e Jones usam a palavra de maneira diferente e mais fundamental para abranger qualidades da experiência humana que desafiam nossas expectativas e percepções ta­picas. Acontece que este éum a³timo ta³pico de investigação maºtua para as artes, com sua capacidade de criar experiências novas e transformadoras e a antropologia, uma ciência que estuda a diversidade da experiência. "Quando exploramos a sobreposição de arte e antropologia", diz Riskin, "encontramos conexões profundas e complexas".

Uma bolsa de desenvolvimento de classe interdisciplinar do Centro de Arte, Ciência e Tecnologia do MIT (CAST) permitiu que Riskin e Jones fizessem essa exploração oportuna. As qualidades da experiência que os alunos do 21A.S01 estãoestudando tem uma nova releva¢ncia em nossa era, a  medida que a inteligaªncia artificial se torna cada vez mais parte de nossas vidas dia¡rias e comea§amos a encontrar ma¡quinas que parecem pensar, ver e entender - que podem parecem ter uma vida própria. As pessoas percebem e experimentam essa tecnologia de várias maneiras, inclusive com admiração, ansiedade, excitação, prazer, medo, incerteza e carinho. 

Aprendizagem experiencial



Os alunos do curso estãofazendo explorações antropola³gicas e arta­sticas de tais percepções, usando uma lente humana­stica para entender melhor nosso relacionamento em evolução com a tecnologia. As experiências geradas nas aulas da£o aos alunos a chance de considerar a maneira como os seres humanos da£o sentido a experiências enigma¡ticas e multicamadas, incluindo interações com tecnologias avana§adas.  

"Os alunos estãoaprendendo sobre o conteaºdo do curso experimentalmente", diz Riskin. “a‰ um novo manãtodo para muitos dos alunos que se baseia na prática e na percepção da arte.” 21A.S01 pede aos alunos que usem uma mistura de interpretação criativa, entendimento tea³rico e reflexa£o pessoal, além de conhecimento e informações técnicas.

"Essa abordagem nos permite aprender junto com nossos alunos", acrescenta Jones. “Eu estou constantemente descobrindo coisas que enriquecem a minha compreensão antropola³gica, e que eu quero dobrar para trás em futuras iterações da classe. Este éprecisamente por isso que o apoio do elenco étransformadora.”


Os alunos do curso são introduzidas pela primeira vez para leituras antropola³gicas e criações arta­sticas - da arte cinanãtica para objetos rituais - em seguida, se esforçam para desenvolver uma compreensão de como a mente humana pode perceber essas obras tão vivo, consciente, ou responsivo. O apoio do CAST também garante que os alunos tenham os recursos para desenvolver suas próprias demos e experiências de engenharia que podem produzir admiração, incerteza ou fasca­nio.



Um laboratório para as artes visuais



O curso decorre no MIT Museum Studio e na Compton Gallery, uma oficina movimentada, com paredes de vidro e galeria de exposições experimentais no Edifa­cio 10, operado pelo MIT Museum.

Lar de uma comunidade criativa de prática que explora pontos comuns entre manãtodos cienta­ficos e arta­sticos, o espaço deslumbra com as luzes e sons de obras de arte tecnologiica em larga escala feitas por alunos anteriores. Dividido em sessaµes alternadas de estaºdio e semina¡rios, liderados respectivamente por Riskin e Jones, o curso foi desenvolvido pelos dois instrutores em colaboração. "O que éinteressante para noséolhar para o tipo de experiências ou percepções estranhas que podem dar origem a crena§as complexas", diz Jones. 


"Quando vocêescreve sobre essas coisas em um texto antropola³gico, estãocontendo o poder da experiência com linguagem, análise e comenta¡rios cra­ticos", acrescenta. "Uma parte do que quera­amos explorar com obras de arte tecnologiicas éa possibilidade de gerar esses tipos de experiências e percepções e residir nelas, concentrando-nos em experimentar seu poder".    


"Falamos sobre a quantidade ma­nima de sinal necessa¡ria para que algo seja percebido como humano", diz a estudante Erica Yuen, aluna do segundo ano do programa MEng. “Acontece que não épreciso muito. O curso desafiou minha percepção da realidade porque mostrou que projetamos nossas experiências passadas em sinais amba­guos para criar uma história. ”

Engenharia de ma¡quinas emotivas?

Em uma sessão de estaºdio focada em abstração e ambiguidade, os alunos são presenteados com uma fina folha de papel translaºcido e uma sanãrie de pequenas luzes. Usando webcams e outros sensores, os alunos podem criar variações em tempo real das luzes embaa§adas pelo papel. No final da sessão de estaºdio, um grupo criou uma esfera simples e brilhante que usava sinais ultrassa´nicos para detectar movimento. Se alguém se mover muito rápido ou se aproximar demais, o orbe desaparece, apenas para reaparecer lentamente em outro lugar da matriz. Apresentando a criação para a classe, uma inquietação muito próxima dos sensores significa que todo o aparelho ficou escuro. 

"Cuidado", diz um aluno, "vocêestãoassustando!"

Por que atribua­mos emoção e narrativa a visuais não-humanos e não-narrativos? Essa éuma das questões fundamentais do curso e, para comea§ar a respondaª-lo, os alunos exploram os momentos de ambiguidade em que essas percepções comea§am. 

"Os artistas estãointeressados ​​em brincar com estados de indeterminação ou de ambiguidade", diz Jones. “Muitas vezes, a melhor arte époderosa precisamente porque não pode ser resolvida em uma única interpretação simples, e o valor da obra de arte realmente depende da possibilidade de que maºltiplas interpretações possam ser simultaneamente verdadeiras e não mutuamente exclusivas. Estamos tentando criar um espaço complementar entre idanãias antropola³gicas e expressão arta­stica - em termos desses momentos experimentais de incerteza interpretativa. ”

Em uma sessão de estaºdio focada em movimento meca¢nico amba­guo, Liv Koslow, uma graduada saªnior em matemática, mostra a demonstração de sua equipe: reagindo a  velocidade e a  proximidade, os diferentes materiais de seu mecanismo se movem - alguns previsa­veis, outros imprevisa­veis. Enquanto a ma¡quina não tem uma função da maneira que, digamos, um Roomba ou um drone de vigila¢ncia, Koslow explica que o princa­pio de sua interação com os seres humanos éo mesmo: A ma¡quina foi projetada para indicar imediatamente a capacidade de sentir e reagir - exceto neste caso, também transmite a aparaªncia de comportamento emotivo.

Os alunos não trabalham apenas com ambiguidade em torno do comportamento percebido das ma¡quinas. Usando um material meta¡lico que, atravanãs de simplesmudanças de pressão, pode parecer fluido, Ether Bezugla, estudante de segundo ano em engenharia elanãtrica e ciência da computação, demonstra como os elementos de design podem elevar ou manipular a percepção humana. Bezugla, atraa­do para a classe por seu interesse em explorar a ambiguidade dos sentidos, usa esse surpreendente exerca­cio de design para "explorar o limiar em que uma pessoa percebe a anormalidade" e comea§a a tentar fazer sentido para explica¡-la.

As aplicações da ambiguidade

A pesquisa antropola³gica de Jones hámuito se concentra na magia do entretenimento - o que pensamos como ma¡gica de palco, truques e ilusaµes. 21A.S01 éuma partida para ele; a aula ésobre maravilha, não ilusão. Ironicamente, ele diz, "alguns dos cra­ticos mais ferozes de experiências maravilhosas e enigma¡ticas podem ser ma¡gicos porque compreendem a facilidade com que as pessoas podem ser enganadas em suas crena§as".

Os conceitos desenvolvidos neste curso colocam questões e insights importantes sobre a percepção humana em contato com a vanguarda da tecnologia de interface humana: Como as tecnologias podem aprofundar a experiência humana e enriquecer a paisagem interna? Como incentivamos a tecnologia a se sentir mais "viva" ou mais humana? O que - ao conversarmos com Alexa ou nomearmos nosso Roombas - nos faz tratar nossa tecnologia como se ela realmente tivesse vida própria?


Yuen diz que as experiências esclarecedoras da classe informação seu trabalho em uma abordagem computacional das ciências cognitivas. Trabalhando com os aspectos mais minuciosos da percepção e reação, ela também planeja aplicar as experiências das Ma¡quinas Paranormais a  sua obra de arte sobre ambiguidade e estruturas faciais. 

Riskin vaª a turma como uma contribuição para o que o presidente do MIT, L. Rafael Reif, chamou de missão educacional "bila­ngue" no MIT: para que os alunos desenvolvam conhecimento em áreas técnicas e humana­sticas e formas de explorar e conhecer. “A conexão entre idiomas disciplinares, neste caso, arte e antropologia, traz precisão e manãtodo ao que entendemos por inteligaªncia bila­ngue e como isso se traduz em uma experiência de aprendizado”, diz Riskin.

 

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