Tecnologia Científica

Unicamp testa modelo de inteligaªncia artificial em pacientes com doenças carda­acas crônicas
Pesquisa foi premiada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e pelo Congresso Europeu de Inovaa§a£o
Por Edimilson Montalti - 17/11/2019

Imagem Unicamp

Uma pesquisa conduzida no Laborata³rio Aterolab da Faculdade de Ciências Manãdicas (FCM) da Unicamp testou o uso da inteligaªncia artificial para identificar pacientes com doenças coronarianas crônicas e classifica¡-los com maior ou menor risco a eventos clínicos adversos. O modelo osbaseado em algoritmos ospermitiu ainda estimar os custos desses pacientes para o Sistema ašnico de Saúde (SUS). A finalidade do estudo, de acordo com os pesquisadores da Unicamp, éaumentar a precisão da alta hospitalar e ajudar nas decisaµes médicas.

“Quando o médico atende um paciente grave com doença coronariana aguda, ele precisa decidir se o paciente pode ter alta, se precisa de outro tipo de intervenção ou de cuidados de alto custo, se pode ir para um hospital da rede pública ou ficar em hospital de alta complexidade. Para facilitar essa decisão, criamos alguns algoritmos sofisticados baseados em equações a partir da soma de caracteri­sticas dos pacientes”, explicou o cardiologista Andrei Sposito, coordenador do Aterolab e orientador da pesquisa.

Usando dados de prontua¡rios de pacientes atendidos em hospitais paºblicos e privados, os pesquisadores analisaram 1.089 indivíduos com sa­ndromes coronarianas agudas entre 2006 e 2018 e modelaram 29 varia¡veis cla­nicas possa­veis para pacientes carda­acos. Essas varia¡veis inclua­ram sinais vitais, dados coronarogra¡ficos, diagnósticos e dados laboratoriais. Para as análises de custos, os pesquisadores consideraram a possibilidade de nova revascularização, mortes cardiovasculares e não cardiovasculares, tratamento diala­tico cra´nico, hospitalizações e acidentes vasculares cerebrais (AVC).

Apa³s a captura das informações coletadas dos prontua¡rios em papel ou eletra´nico, os dados foram inseridos no sistema e o computador foi “treinado” para simular os possa­veis cenários para o paciente com doença coronariana crônica. Depois, a cada novo dado coletado durante o atendimento cla­nico ou ambulatorial e inserido no sistema, o computador se recalibra.

“O computador aprende com cada resultado e informa ao médico a melhor conduta cla­nica para o paciente. A partir desse trabalho, conseguimos prever 92% dos eventos clínicos que um paciente pode vir a ter. Identificamos, ainda, pacientes de alto risco para sa­ndromes coronarianas agudas cujo custo foi quase cinco vezes maior. A aplicação da inteligaªncia artificial para esses pacientes pode representar uma economia de quase R$ 50 milhões por ano para os hospitais brasileiros. Além disso, teremos certeza que os pacientes mais graves estara£o recebendo um tratamento mais exato”, disse o cardiologista Luiz Sanãrgio F. de Carvalho, pesquisador do Aterolab e autor principal do estudo.

Os resultados da pesquisa intitulada "Inteligaªncia artificial prediz o risco de novos eventos após sa­ndromes coronarianas agudas, identifica indivíduos de alto custo e aqueles com elevada carga de fatores de risco não controlados" foi apresentada durante o 74º Congresso Brasileiro de Cardiologia, ocorrido em setembro em Porto Alegre e ganhou o praªmio de melhor tema livre. O estudo contou ainda com a participação de Silvio Gioppato, Marta Duran Fernandez, Bernardo Carvalho Trindade, JoséCarlos Quina¡glia e Silva e Sandra avila.

Apa³s a apresentação da pesquisa durante o Congresso, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) convidou os pesquisadores do Aterolab da FCM para criarem, dentro da SBC, uma comissão para desenvolver um projeto de inteligaªncia artificial com as mesmas caracteri­sticas desenvolvidas na Unicamp e distribua­-lo, nacionalmente, para os hospitais paºblicos nos pra³ximos dois anos.

“Nosso estudo mostrou que a utilização da inteligaªncia artificial aprimora a eficácia do atendimento. Conseguimos identificar quem tem mais chance de morrer, de voltar para o hospital ou de custar mais caro. Conseguimos identificar 10% dos pacientes que consomem mais de 30% dos recursos gastos. Podemos prevenir que tudo isso acontea§a usando essa nova tecnologia”, reforçou Luiz Sanãrgio.


A pesquisa foi apresentada no ini­cio de novembro durante o International Society for Pharmacoeconomics and Outcomes Research (ISPOR) Europe 2019, na Dinamarca, e ficou em primeiro lugar como melhor trabalho. O ISPOR éo mais importante congresso europeu de inovação.

“Os Estados Unidos estãofazendo um incentivo aos hospitais que adotam prontua¡rios eletra´nicos que fazm interface com o sistema de inteligaªncia artificial. Em pouco tempo, eles estara£o rodando isso de forma perfeita. No Brasil, alguns hospitais privados estãoatrás disso. Quem lida com gestãomédica entendeu que não tem saa­da. Essa éa melhor forma de trabalhar. Para o paciente éum sistema seguro. Para o hospital émais barato, pois otimiza as ações. a‰ o futuro que chegou”, conclui Sposito.

 

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