Tecnologia Científica

Cientistas encontram 'neve' de ferro no núcleo da Terra
O núcleo interno da Terra équente, sob imensa pressão e coberto de neve, de acordo com uma nova pesquisa que poderia ajudar os cientistas a entender melhor as forças que afetam o planeta inteiro.
Por Monica Kortsha - 19/12/2019

iStockUma equipe de cientistas, incluindo os pesquisadores da UT Austin, encontrou evidaªncias de "neve" de ferro no núcleo da Terra.

"O núcleo meta¡lico da Terra funciona como uma ca¢mara de magma que conhecemos melhor na crosta", disse Jung-Fu Lin, professor da Escola de Geociências Jackson da Universidade do Texas em Austin e co-autor do estudo.

O estudo estãodispona­vel on-line e serápublicado na edição impressa da revista JGR Solid Earth em 23 de dezembro.

Youjun Zhang, professor associado da Universidade de Sichuan, na China, liderou o estudo. Os outros co-autores incluem Peter Nelson, estudante de Jackson School; e Nick Dygert, professor assistente da Universidade do Tennessee, que conduziu a pesquisa durante uma bolsa de pa³s-doutorado na Jackson School.

O núcleo da Terra não pode ser amostrado; portanto, os cientistas o estudam registrando e analisando sinais de ondas sa­smicas (um tipo de onda de energia) a  medida que passam pela Terra.

No entanto, as aberrações entre os dados recentes das ondas sa­smicas e os valores que seriam esperados com base no modelo atual do núcleo da Terra levantaram questões. As ondas se movem mais lentamente do que o esperado quando passam pela base do núcleo externo e se movem mais rápido do que o esperado quando se deslocam pelo hemisfanãrio oriental do núcleo interno superior.

O estudo propaµe o núcleo coberto de neve como uma explicação para essas aberrações. O cientista SI Braginkskii propa´s no ini­cio dos anos 1960 que existe uma camada de polpa entre o núcleo interno e externo, mas o conhecimento predominante sobre as condições de calor e pressão no ambiente nuclear anulou essa teoria. No entanto, novos dados de experimentos com materiais semelhantes a núcleos, realizados por Zhang e retirados da literatura cienta­fica mais recente, descobriram que a cristalização era possí­vel e que cerca de 15% do núcleo externo mais baixo podia ser feito de cristais a  base de ferro que eventualmente caem no la­quido núcleo externo e assente sobre o núcleo interno sãolido.

"a‰ uma coisa bizarra de se pensar", disse Dygert. "Vocaª tem cristais dentro do núcleo externo nevando no núcleo interno por uma distância de várias centenas de quila´metros."

Os pesquisadores apontam o pacote de neve acumulado como a causa das aberrações sa­smicas. A composição parecida com uma pasta diminui as ondas sa­smicas. A variação no tamanho das estacas de neve - mais fina no hemisfanãrio leste e mais espessa no oeste - explica a mudança na velocidade.

"O limite do núcleo interno não éumasuperfÍcie simples e lisa, que pode afetar a condução tanãrmica e as convecções do núcleo", disse Zhang.

O artigo compara o nevoeiro departículas de ferro com um processo que ocorre dentro das ca¢maras de magma mais próximas dasuperfÍcie da Terra, o que envolve minerais cristalizando com o derretimento e brilhando juntos. Nas ca¢maras de magma, a compactação dos minerais cria o que éconhecido como "rocha acumulada". No núcleo da Terra, a compactação do ferro contribui para o crescimento do núcleo interno e a contração do núcleo externo.

E, dada a influaªncia do núcleo sobre os fena´menos que afetam o planeta inteiro, desde a geração de seu campo magnético atéa irradiação do calor que impulsiona o movimento das placas tecta´nicas, entender mais sobre sua composição e comportamento pode ajudar a entender como esses processos maiores funcionam.

Bruce Buffet, professor de geociências da Universidade da Califa³rnia, Berkley, que estuda os interiores do planeta e que não participou do estudo, disse que a pesquisa confronta questões de longa data sobre o interior da Terra e pode atéajudar a revelar mais sobre como o núcleo da Terra chegou. estar.

"Relacionar as previsaµes do modelo com as observações ana´malas permite extrair inferaªncias sobre as possa­veis composições do núcleo la­quido e talvez conectar essas informações a s condições que prevaleciam na anãpoca em que o planeta foi formado", disse ele. "A condição inicial éum fator importante na Terra se tornando o planeta que conhecemos."

A pesquisa foi financiada pela Fundação Nacional de Ciência Natural da China, Fundos de Pesquisa Fundamental para as Universidades Centrais, a Escola de Geociências Jackson, a Fundação Nacional de Ciência e a Fundação Sloan.

Descrição detalhada da figura: Um gra¡fico simplificado da Terra interior, conforme descrito pela nova pesquisa. As camadas branca e preta representam uma camada de lama contendo cristais de ferro. Os cristais de ferro se formam na camada de lama do núcleo externo (branco). Esses cristais “nevam” atéo núcleo interno, onde se acumulam e se compactam em uma camada sobre ele (preto). A camada compactada émais espessa no hemisfanãrio ocidental do núcleo interno (W) do que no hemisfanãrio oriental (E). 

 

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