Tecnologia Científica
Salto quântico: a próxima fronteira da computação toma forma
Após várias previsões frustradas, a computação quântica está acelerando rapidamente, com casos de uso reais e avanços científicos esperados dentro de anos, não décadas.
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AFP - 05/03/2025
Crédito: imagem gerada por IA
Após várias previsões frustradas, a computação quântica está acelerando rapidamente, com casos de uso reais e avanços científicos esperados dentro de anos, não décadas.
Gigantes da tecnologia, startups, bancos e empresas farmacêuticas dos EUA estão investindo nessa tecnologia revolucionária.
Aqui está o que você precisa saber sobre tecnologia que pode mudar o mundo, mas pode ser difícil de decifrar:
Além de 0 e 1
Enquanto a computação clássica depende de bits com apenas dois estados (0 ou 1), a computação quântica utiliza "qubits" com infinitos estados possíveis.
Cada qubit adicionado teoricamente dobra a capacidade de computação, permitindo que computadores quânticos analisem inúmeras possibilidades simultaneamente, resolvendo em minutos o que classicamente levaria milhões de anos.
"Os computadores clássicos estão falando a língua errada. Na quântica, estamos quase falando a língua da natureza", disse John Levy, CEO da desenvolvedora de chips híbridos SEEQC. "Isso desbloqueia problemas antes insolúveis."
A Microsoft revelou recentemente a tecnologia quântica baseada em um estado totalmente novo da matéria: nem sólido, nem gasoso, nem líquido.
Veredito de Levy: "Eles deveriam ganhar um Prêmio Nobel."
'Corrida da eficiência'
Dado seu poder de computação exponencial, Levy acredita que o potencial da tecnologia quântica excede nossa "imaginação limitada", especialmente quando combinada com IA.
Alguns até veem a computação quântica como o único caminho para uma IA "superinteligente" com habilidades cognitivas superiores.
Na prática, a tecnologia quântica acelerará drasticamente a descoberta de novas moléculas, ampliando a tabela periódica aprendida na escola.
Isso significará novos materiais, medicamentos inovadores, tecidos avançados, modelos financeiros complexos e baterias supereficientes.
O filósofo e investidor Anders Indset prevê uma "corrida pela eficiência" que transformará tudo, da agricultura ao transporte: "Teremos carros hipereficientes e mais leves e métodos de transporte aéreo mais baratos e limpos".
Muito barulho
Os computadores quânticos já operam hoje.
A IBM afirma que seus serviços quânticos geraram vendas de US$ 1 bilhão, embora as aplicações atuais permaneçam limitadas principalmente à pesquisa.
O mercado se expandirá inicialmente por meio de servidores equipados com chips e sistemas especializados.
"Agora estamos mudando da teoria quântica para a economia quântica", disse Indset.
Isso explica por que os líderes em nuvem Amazon, Microsoft e Google estão aderindo.
"A motivação é ser líder em indústrias de trilhões de dólares", acrescentou Indset.
As gigantes, já em uma corrida furiosa para liderar a IA, estão investindo pesadamente para resolver o maior desafio da computação quântica: erros de cálculo.
Qubits requerem temperaturas abaixo de zero e são extremamente sensíveis ao "ruído" ambiental — vibrações, calor, interferência eletromagnética — que causam erros computacionais.
O novo chip quântico Willow do Google e o protótipo de semicondutor Ocelot da Amazon visam reduzir drasticamente esses erros e custos.
"Estamos testemunhando a criação de um ecossistema", disse Levy, o CEO, observando que a gigante farmacêutica Merck está investindo no SEEQC para garantir acesso a futuras ferramentas quânticas.
É seguro?
Os EUA e a China estão avançando no desenvolvimento quântico, com Washington impondo restrições à exportação da tecnologia.
Além da competição, a computação quântica traz sérias preocupações de segurança cibernética.
Como os qubits podem testar inúmeras combinações simultaneamente, eles podem potencialmente quebrar métodos convencionais de criptografia.
Agências do governo dos EUA e empresas de tecnologia como a Apple já estão desenvolvendo criptografia "pós-quântica" para se preparar para essa nova realidade.
© 2025 AFP
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