Tecnologia Científica

Ana´nimo não mais: combinando genanãtica com genealogia para identificar os mortos em sepulturas não identificadas
Para testar empiricamente o potencial de identificaça£o de seu manãtodo, os pesquisadores selecionaram seis esqueletos masculinos não identificados que haviam sido exumados ao longo dos anos em quatro cemitanãrios hista³ricos em Quebec
Por University of Montreal - 24/02/2020

No Quebec, as la¡pides não entraram em uso comum atéa segunda metade do século XIX, então os cemitanãrios hista³ricos contem muitas sepulturas não marcadas. Inspirado por colegas da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, ​​uma equipe de pesquisadores em genanãtica, arqueologia e demografia de três universidades de Quebec (Universidade de Montreal, Universidade do Quebec a  Chicoutimi e Universidade do Quebec a  Trois-Rivia¨res) realizou um estudo no qual combinaram genealogia informações do BALSAC (um banco de dados de Quebec aºnico no mundo) com informações genanãticas de mais de 960 Quebecers modernos, a fim de acessar o perfil genanãtico da população hista³rica de Quebec. Os resultados, publicados no American Journal of Physical Anthropology, sugira os recursos que esse manãtodo pode oferecer em um futuro pra³ximo.


O banco de dados BALSAC contanãm os relacionamentos geneala³gicos que ligam cinco milhões de indiva­duos, a grande maioria dos quais se casou em Quebec, nos últimos quatro séculos. O trabalho de desenvolvimento desse banco de dados começou em 1972 na Universitédu Quanãbec a  Chicoutimi, sob a direção do historiador Ganãrard Bouchard.

O primeiro autor deste estudo éTommy Harding, pesquisador de pa³s-doutorado da Universitéde Montranãal, especializado em sequenciamento de DNA. O BALSAC, disse ele, "éum fabuloso banco de dados para pesquisadores, porque tanto a quantidade quanto a qualidade dos dados que ele contanãm são verdadeiramente excepcionais. Os registros paroquiais meticulosamente mantidos pelos padres cata³licos foram muito bem preservados e hoje, graças aos avanços em tecnologia, épossí­vel usar esses dados para identificar os ossos de sepulturas não marcadas ".

Usando o cromossomo Y e o DNA mitocondrial

Este estudo foi dirigido por Damian Labuda, especialista em estrutura genanãtica e diversidade, professor do Departamento de Pediatria da Universitéde Montranãal e seu Centro de Pesquisa do Hospital Sainte-Justine. "A genanãtica", disse ele, "tem sido usada muitas vezes para identificar os restos de figuras hista³ricas, como os membros da familia imperial russa Romanov que foram mortos pelos bolcheviques e enterrados em uma cova comum, ou o rei inglês. Ricardo III, que morreu em 1483 e cujos restos foram descobertos em 2012.

"O que édiferente no manãtodo genanãtico de nossa equipe de pesquisa ", acrescentou o Dr. Labuda, "éque usamos as informações contidas em dois marcadores genanãticos que são transmitidos a s criana§as por apenas um dos pais: o cromossomo Y, que épassado dos pais para os filhos. filhos, e DNA mitocondrial, que épassado das ma£es para as filhas e para os filhos.Essas moléculas genanãticas são herdadas com poucas modificações (isto anã, mutações), de modo que os indivíduos hoje tem o mesmo DNA, ou quase o mesmo sequaªncia como seus ancestrais que viveram mais de 10 gerações antes ".
 
Fazendo ossos velhos contarem suas histórias

Harding acrescentou: "Para testar empiricamente o potencial de identificação de nosso manãtodo, selecionamos seis esqueletos masculinos não identificados que foram exumados ao longo dos anos em quatro cemitanãrios hista³ricos em Quebec. Dois desses cemitanãrios estavam em Montreal (cemitanãrio de Notre Dame, ativo de 1691 a 1791, cemitanãrio de Saint Antoine, ativo de 1799 a 1855. Os outros dois eram os do antigo munica­pio de Pointe-aux-Trembles (ativo de 1709 a 1843) e da cidade de Sainte-Marie-de-Beauce (ativo de 1748 a 1878). Enviamos esses ossos ao Genomics Core Facility, um laboratório da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, ​​especializado em analisar o DNA hista³rico. Esse laboratório extraiu o DNA desses restos e analisou-os para revelar seus marcadores genanãticos mitocondriais e cromossa´micos Y. "

Os pesquisadores de Quebec compararam os marcadores genanãticos desses restos hista³ricos com os mesmos marcadores genanãticos de mais de 960 Quebecers modernos que se ofereceram para serem genotipados em um projeto de pesquisa anterior e cuja genealogia foi estabelecida usando dados populacionais do banco de dados BALSAC. Com esse processo, os pesquisadores conseguiram deduzir o perfil genanãtico de aproximadamente 1,7 milha£o de indivíduos da hista³rica cidade de Quebec.

"No entanto", reconheceu Harding, "apenas 12% dos homens casados ​​antes de 1850, inclua­dos no banco de dados do BALSAC, compartilhavam um perfil mitocondrial e um cromossomo Y com os 960 Quebecers da amostra moderna. Por causa dessa cobertura genanãtica limitada , nenhum dos homens entre esses 12% tinha o mesmo perfil genanãtico que qualquer um dos restos não identificados ".

Alguns restos ainda não podem ser identificados

Harding continuou: "Presumivelmente, os indivíduos cujos restos analisados ​​não tinham relação materna ou paterna com nenhum dos indivíduos da amostra moderna. Mas se pudanãssemos aumentar consideravelmente o número de indivíduos modernos genotipados - em centenas de milhares -, podera­amos identificar até87% dos homens casados ​​antes de 1850. "

Harding vaª duas fontes possa­veis a partir das quais mais perfis genanãticos dos quebequenses modernos poderiam ser obtidos para comparar com o banco de dados BALSAC. "Milhares de perfis genanãticos dos quebequenses já foram reunidos por determinadas plataformas de pesquisa em genanãtica populacional, bem como por" atos de participação cidada£ ", o que significa que muitas pessoas que tem seu perfil genanãtico elaborado por razões pessoais concordam em permitir que ele seja usado para propósitos de pesquisa."

Outros usos deste manãtodo

Ele acrescentou: "Além de ser usado para identificar restos hista³ricos aqui em Quebec, para que possam descansar novamente em sepulturas marcadas, nosso manãtodo pode ser usado para identificar os restos de soldados canadenses que morreram e foram enterrados no exterior durante os dois guerras mundiais."

Ele também acredita que esse manãtodo tem possa­veis aplicações em saúde pública. "Estudar a bagagem genanãtica dos fundadores da população franco-canadense pode ajudar-nos não apenas a calibrar outros manãtodos, como a reconstrução de genomas hista³ricos usando modelos bioinforma¡ticos, mas também a avana§ar no conhecimento da epidemiologia das doenças genanãticas, identificando os hista³ricos. fontes de seus determinantes genanãticos, abrindo assim a porta para uma triagem mais fa¡cil para algumas dessas doena§as".

 

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