Tecnologia Científica

'Havera¡ falhas em cascata que sera£o corrigidas em tempo real'
Waldo, de Harvard, diz que o voo para o trabalho remoto fara¡ um teste de estresse na Internet - e as pea§as ira£o falhar
Por Alvin Powell - 18/03/2020


Isso faz parte de nossa sanãrie Atualização de Coronava­rus , na qual
especialistas em Harvard em epidemiologia, doenças infecciosas,
economia, pola­tica e outras disciplinas oferecem insights sobre o que
os últimos desenvolvimentos do surto de COVID-19 podem trazer.

Com escrita³rios em todo opaís fechados e trabalhadores que podem ser solicitados a trabalhar remotamente, opaís estãoconfiando na robustez da Internet e em nossa infraestrutura de tecnologia como nunca antes. Jim Waldo , diretor de tecnologia da Harvard John A. Paulson School of Engineering and Applied Sciences , professor da prática de ciência da computação no SEAS e professor de pola­tica de tecnologia da Harvard Kennedy School, que passou três décadas na indústria de tecnologia, falou sobre a probabilidade de falhas em partes da Internet e a probabilidade igual de que os engenheiros fazm reparos em tempo real que nos mantem todos trabalhando.

Perguntas e Respostas
Jim Waldo


Estamos mais bem preparados tecnologicamente do que podera­amos estar há10 anos para esse tipo de mudança para o trabalho remoto?

Oh meu Deus, sim. A onipresença da Internet e as ferramentas que foram construa­das em torno dela tornam esse tipo de mudança pelo menos possí­vel de se pensar. Dez anos atrás, eu não acho que teria sido. Nãota­nhamos aplicativos como o Zoom, que permitem videoconferaªncia de alta qualidade e a gravação de va­deo e atéde a¡udio com largura de banda compactada. Dez anos atrás, isso não era possí­vel. Nãota­nhamos coisas como o Canvas que nos permitiam fazer coisas na sala de aula que os sistemas mais antigos não nos permitiam. Naquela anãpoca, ta­nhamos pa¡ginas da Web e agora temos um conjunto de ferramentas interativas que permitem discussaµes on-line, que permitem a distribuição de conteaºdo de várias maneiras, que permitem executar testes e exames. Tudo isso foi possí­vel graças a smudanças feitas nos últimos anos,

Ouvi dizer que, além de ser uma crise nacional - que nos atinge aqui no campus - também háoportunidades. Vocaª ouve falar sobre o estoque do Zoom estar em alta; talvez isso seja benanãfico para algumas dessas empresas e parte desse setor.

O zoom pode ser a única empresa que estãotendo essa experiência, mas talvez alguns fornecedores de rede estejam tendo um aumento. Na verdade, vejo isso como um experimento muito interessante. Construa­mos a Internet anos e anos atrás para lidar com o tipo de tra¡fego que os pesquisadores precisavam e ela cresceu e se tornou realmente parte da estrutura da vida cotidiana. Agora vamos testa¡-lo de uma maneira que nunca foi testada antes. E a internet sempre foi construa­da para ficar meio confusa.

Vocaª pode explicar isso?

Bem, a Internet se baseia na noção de que pacotes sera£o perdidos, que partes dela ficara£o fora de servia§o, que podera£o fazer roteamento adapta¡vel, que coisas ruins acontecera£o na rede. E a internet éconstrua­da para lidar com esses tipos de problemas. Mas acho que nunca testamos o estresse na escala que iremos fazer nas próximas semanas.

“Uma das coisas milagrosas da Internet éo quanto bem ela aumentou. a‰ por isso que não me preocupo, mas acho que esse éum experimento interessante. ”


Como a situação atual, com todos em casa, édiferente do que acontece quando todos estãono escrita³rio? O tra¡fego édiferente? a‰ mais? Eu sei que a infraestrutura aqui em minha casa não étão robusta quanto a de Harvard; estãopassando por equipamentos diferentes?

Nãose trata tanto de equipamentos diferentes, mas de muito mais coisas. Em Harvard, temos uma rede bastante sofisticada. Isso mantanãm muito do tra¡fego que estãosendo enviado de Harvard dentro da rede de Harvard, onde sabemos quais são as restrições de largura de banda, sabemos quantos switches ele estara¡ passando. Na maioria das vezes, ele não sai de uma rede controlada por Harvard. Agora que todo mundo estãoem casa - e em casa pode estar em qualquer lugar de Boston a  China para alguns de nossos alunos -, ele estãoseguindo um caminho muito mais complicado e com um conjunto muito mais variado de equipamentos, e isso estressara¡ tudo. Isso estãoacontecendo para todas as outras empresas também.

Nãoestou muito preocupado com o núcleo da internet, isso não vai mudar muito. Mas essa última milha - ou, em alguns casos, com mais de 200 metros - entre vocêe os principais backbones da Internet não éconstrua­da para o tipo de estresse que temos exercido sobre eles na última semana. A internet em si não foi criada para nenhum dos tipos de estresse que estamos colocando no momento. Uma das coisas milagrosas da Internet éo quanto bem ela aumentou. a‰ por isso que não me preocupo, mas acho que esse éum experimento interessante.

Em tempo real, com apostas bastante altas.

Bem, sim. E, a s vezes, quando um experimento falha, érealmente panãssimo usar um termo tanãcnico. Mas acho que existem várias maneiras de pensar em nos adaptar. Estamos comea§ando dizendo: "Tudo bem, vamos tentar executar nossas aulas no Zoom". Todo mundo tem seu va­deo e vocêpode ver as pessoas. Bem, para facilitar a largura de banda, pode ser que precisemos executar nossas aulas no Zoom com o va­deo desligado, por isso émais como uma teleconferaªncia em larga escala. Eu também acho que os instrutores tera£o que comea§ar a pensar em como eles projetam seus cursos para frequência assa­ncrona, porque nem todos os seus alunos estara£o online ao mesmo tempo. Eles estãoem fusos hora¡rios diferentes, em lugares diferentes e, talvez, em pontos de extremidade com quantidades diferentes de conectividade. Eles va£o assistir em um laptop, tablet, ou no telefone? Isso exigira¡ que adaptemos as maneiras que ensinamos tradicionalmente.

Vocaª tem aconselhado professores? As pessoas vieram atévocêe disseram: "Como fazemos isso?"

Existem recursos muito melhores para isso do que eu. O Bok Center e o vice-reitor de avanços no aprendizado criaram sites realmente excelentes. Eu notei muitos sites departamentais nos quais os instrutores estãofalando sobre como podem ensinar seus assuntos específicos de maneiras diferentes. Estamos todos aprendendo muito rapidamente, porque precisamos. Geralmente, a criação de um curso - se vocêo fizer de maneira ponderada - leva entre dois meses e um semestre, mas todos somos solicitados a reprojetar nossos cursos de maneira ponderada em uma semana.

Como vocêreformulou seu curso? Vocaª mencionou que isso fazia parte do que vocêfara¡ nesta semana.

Felizmente, a semana ainda não acabou. Mas, como eu disse antes, estou procurando várias maneiras pelas quais podemos fornecer conteaºdo de maneira assa­ncrona, em vez de supor que todo mundo estara¡ online ao mesmo tempo. O curso que estou ministrando tem cerca de 65 pessoas. Estamos procurando maneiras de dividir isso em grupos de discussão menores que podem estar online. Planejamos fazer uso pesado de alguns fa³runs de discussão que já conectamos ao nosso site Canvas. E já configuramos o hora¡rio comercial online. Vamos nos adaptar a  medida que avana§amos.

ASSaNCRONO  significa que uma das primeiras etapas égarantir que sua palestra seja gravada?

Certamente isso ajuda. Espero nunca dar outra palestra - certamente não outra palestra nesta classe neste semestre. Então, se houver coisas que eu vou gravar, espero que seja muito mais parecido com a abordagem da Khan Academy, onde émais como se vocêestivesse conversando com o aluno individualmente atravanãs de uma tela de computador. E mesmo assim, tera­amos esse segmento curto, 10 minutos ou mais, intercalado com coisas para pensar e colocar no quadro de discussão da classe. Esse éo meu pensamento agora, mas isso vem mudando dia a dia.

Qual éa capacidade de adaptação ao LONGO  do semestre e a  medida que as pessoas comea§am a aprender o que funciona e o que não funciona? Vocaª pode mudar rapidamente, de modo que uma aula que estãosendo ministrada quando os exames comea§am na primeira semana de maio parece diferente da sua aparaªncia na próxima semana?

Eu ficaria surpreso se não o fizessem. Estou co-ensinando meu curso agora com Mike Smith e uma das coisas que enfatizamos durante nossa última reunia£o pessoal com nossos alunos foi que isso seria um esfora§o conjunto. Cabera¡ a eles fornecer feedback sobre o que estãofuncionando e o que não esta¡. Essa éuma grande aventura, e não vai de cima para baixo, vai de lado e de baixo para cima e todo mundo tem que participar, o que de alguma forma a torna emocionante. Eu vejo isso como uma oportunidade de realmente examinar como podemos ensinar de maneira diferente.

Vocaª espera que coisas duradouras surjam disso? Inovações?

Eu acho que pode haver alguns. Eu pretendo experimentar uma inversão mais completa da minha sala de aula hálgum tempo, e isso pode ser uma boa desculpa para tentar isso. Mas não acho que haja, francamente, algo que possamos fazer nessa situação que competira¡ com a riqueza das interações cara a cara que temos - ou ainda mais com o paºblico. ponto, para competir com a ferramenta de ensino mais poderosa que temos em Harvard: os estudantes sendo co-localizados e conversando entre si. Soube dizer que o verdadeiro ambiente de aprendizado de Harvard éo fato de trazermos os alunos que os reunimos, reunimos e damos a eles idanãias interessantes o suficiente e supervisão adulta suficiente para manter o “Senhor da coisa das Moscas ”. E então nosos deixamos ensinar um ao outro. Isso éo que realmente vai faltar aqui. Ver o que podemos fazer on-line para fazer os alunos ensinarem uns aos outros para que possam aprender nesse tipo de rico ambiente de discussão éo verdadeiro desafio.

O que os leitores devem pensar sobre o futuro, as pessoas que não trabalham em Harvard e estãopassando por essa experiência com a empresa X, e as pessoas que estãoolhando para o final das fanãrias de primavera e o reini­cio das aulas on-line?

Acho que todo mundo precisa entender que esse érealmente um experimento em muitos, muitos na­veis diferentes. a‰ um experimento de como podemos ensinar de uma maneira diferente, sem ficar cara a cara com nossos alunos, mas ainda lhes proporcionar uma experiência educacional que vale a pena ser chamada de "Harvard". a‰ um experimento sobre como usar a tecnologia de maneiras melhores não apenas para ensinar, mas para conectar e manter a comunidade unida. E éum experimento de quanto robusta éa tecnologia em que todos nospassamos a depender e que agora estamos dependendo ainda mais. Portanto, em todas as camadas, este éum experimento e aprenderemos a  medida que avana§amos.

Nãopense que realmente temos uma boa ideia do que estamos fazendo. Isto anã, em certo sentido, pura pesquisa, onde não temos idanãia do que estamos fazendo. Vamos tentar as coisas e algumas delas funcionara£o e outras não. E todos aprenderemos com isso e isso serábom.

A indústria da tecnologia atrai muitas mentes brilhantes com muitas boas idanãias. Se algo falhar no teste de estresse, vocêos vaª como capazes de corrigi-lo em tempo real? Ou vocêprevaª o contra¡rio - falhas em cascata?

Acho que teremos os dois: havera¡ falhas em cascata que sera£o corrigidas em tempo real. Passei mais de 30 anos na indaºstria, e uma das principais maneiras de aprender na indústria équando as coisas falham. Em toda a engenharia, éassim. Portanto, o fracasso éuma oportunidade para melhorar as coisas. Sa³ precisamos ter certeza de que sabemos por que falhamos e garantir que não falharemos da mesma maneira duas vezes.

Ha¡ algo que vocêgostaria de adicionar?

Sa³ que éuma sensação estranha - tanto de euforia quanto de estar morrendo de medo - que isso estãonos dando a muitos de nós, porque éuma oportunidade para aprender e experimentar.

Esta entrevista foi levemente editada.

 

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