Tecnologia Científica

Por que o novo coronava­rus se tornou um pesadelo nas ma­dias sociais
O novo coronava­rus, no entanto, abriu um problema completamente diferente: as consequaªncias de supostas curas da vida, alegaa§aµes enganosas, argumentos de venda de a³leo de cobra e teorias da conspiraça£o sobre o surto.
Por Arthur MacMillan e Wg Dunlo - 29/03/2020


Informações falsas sobre o novo coronava­rus representam um grande problema de risco
de vida para os usuários de ma­dia social

O maior risco de reputação que o Facebook e outras empresas de ma­dia social esperavam em 2020 eram nota­cias falsas em torno da eleição presidencial nos EUA. De origem estrangeira ou doméstica, a ameaça de desinformação parecia familiar, talvez atégerencia¡vel.

O novo coronava­rus, no entanto, abriu um problema completamente diferente: as consequaªncias de supostas curas da vida, alegações enganosas, argumentos de venda de a³leo de cobra e teorias da conspiração sobre o surto.

Atéagora, a AFP desmentiu quase 200 rumores e mitos sobre o va­rus, mas especialistas dizem que énecessa¡ria uma ação mais forte das empresas de tecnologia para impedir a desinformação e a escala em que ele pode ser espalhado online.

"Ainda háuma desconexão entre o que as pessoas pensam ser verdade e o que as pessoas estãodispostas a compartilhar", disse a  AFP o professor David Rand, especialista em ciências do cérebro e cognitivas da MIT Sloan School of Management, explicando como a tendaªncia do usua¡rio em relação ao conteaºdo ou ela acha que seráapreciado ou compartilhado normalmente domina a tomada de decisaµes quando online.

Parte do motivo éque os algoritmos de ma­dia social são voltados para atrair os hábitos e interesses de alguém : a aªnfase estãona simpatia, não na precisão . Mudar isso exigiria que o Facebook, Twitter e outras empresas desse tipo alterassem o que as pessoas veem na tela.

a‰ necessa¡rio solicitar aos usuários que considerem a precisão do conteaºdo que estãoespalhando nas redes sociais, disse Rand, co-autor de um estudo sobre desinformação da COVID-19, publicado no ini­cio deste maªs.

Especialistas dizem que énecessa¡ria uma ação mais forte das empresas de
tecnologia para interromper as informações erradas e a escala em
que elas podem se espalhar on-line

Consequaªncias mortais

Usando testes controlados com mais de 1.600 participantes, o estudo descobriu que falsas alegações eram compartilhadas em parte simplesmente porque as pessoas não conseguiam pensar se o conteaºdo era confia¡vel.

Em um segundo teste, quando as pessoas foram lembradas a considerar a precisão do que compartilhariam, seunívelde consciência da verdade mais que dobrou.

Essa abordagem - conhecida como "intervenção de precisão" - das empresas de ma­dia social pode limitar a disseminação de informações erradas, concluiu o relatório.

"Esses são os tipos de coisas que tornam o conceito de precisão no topo das mentes das pessoas", disse Rand, observando que os feeds de nota­cias são preenchidos pelo conteaºdo dos pra³prios usuários e anaºncios comerciais.

"Provavelmente, existe uma preocupação das empresas de redes sociais quanto a avisos de precisão que degradam a experiência do usua¡rio, porque vocêestãoexpondo os usuários a um conteaºdo que eles não querem ver. Mas espero que, falando mais sobre isso, possamos leva¡-los a receber isso a sanãrio e tente. "

O que éindubita¡vel éque as informações erradas sobre o novo coronava­rus foram mortais. Embora EUA, franceses e outros cientistas estejam trabalhando para agilizar tratamentos eficazes, surgiram relatos falsos em váriospaíses.

No Ira£, um remanãdio falso da ingestãode metanol causou 300 mortes e deixou muitos outros doentes.

O Dr. Jason McKnight, professor cla­nico assistente do Departamento de Atenção Prima¡ria e Saúde da População da Universidade A&M do Texas, disse que o compartilhamento de informações falsas tem um impacto além do risco imediato do pra³prio va­rus.

"Vi posts relacionados a 'tratamentos' não comprovados, técnicas para evitar a exposição e infecção que não são comprovadas e / ou preenchidas com muitas informações enganosas e instruções para os indivíduos que estocam suprimentos e alimentos" ele disse.

McKnight destacou dois tipos de perigo representados por informações imprecisas sobre o va­rus: que "poderia incitar medo ou pa¢nico" e "o potencial de indivíduos fazerem coisas prejudiciais na esperana§a de 'curar a doena§a' ou 'impedir' a doena§a".

'Impacto positivo imediato'

O Facebook criticou a interferaªncia da Raºssia nas eleições de 2016 nos EUA. Tendo sido acusado em Capitol Hill de ignorar as alegações, o Facebook admitiu no ano seguinte que até10 milhões de americanos viram anaºncios comprados por uma agaªncia russa sombria. Amedida que aumentavam as evidaªncias sobre como a Raºssia havia usado o Facebook para semear a divisão, o CEO da empresa, Mark Zuckerberg, pediu desculpas.

O Facebook colocou informações oficiais sobre coronava­rus no topo dos feeds de nota­cias e intensificou seus esforços para remover conteaºdo nocivo, inclusive atravanãs do uso de verificadores de fatos de terceiros.

A AFP e outras empresas de ma­dia trabalham com o programa de verificação de fatos
do Facebook, no qual o conteaºdo classificado como falso érebaixado nos feeds de
nota­cias, para que menos pessoas o vejam.

Zuckerberg também disse no ini­cio deste maªs que uma crise de saúde pública éuma arena mais fa¡cil do que a pola­tica para definir políticas e adotar uma linha mais dura com conteaºdo questiona¡vel.

A AFP e outras empresas de ma­dia, incluindo a Reuters e a Associated Press, trabalham com o programa de verificação de fatos do Facebook, no qual o conteaºdo classificado como falso érebaixado nos feeds de nota­cias, para que menos pessoas o vejam. Se alguém tentar compartilhar essa publicação, ele ou ela recebera¡ um artigo explicando por que as informações não são precisas.

No entanto, uma porta-voz do Facebook se recusou a comentar sobre o potencial de adicionar avisos de precisão a  sua plataforma.

Um porta-voz do Twitter, em comunicado a  AFP, também não abordou se a empresa poderia considerar o uso de avisos.

"Nosso objetivo tem sido garantir que todos em nosso serviço tenham acesso a informações de saúde creda­veis e autorizadas", disse ele.

"Mudamos nosso foco e prioridades, trabalhando extensivamente com organizações como a OMS, ministanãrios da saúde em váriospaíses e uma variedade de funciona¡rios da saúde pública".

O estudo de desinformação do COVID-19 refletiu os testes anteriores de nota­cias falsas políticas , principalmente porque os lembretes sobre precisão seriam uma maneira simples de melhorar as escolhas sobre o que as pessoas compartilham.

"Os nudges de precisão são diretos para as plataformas de ma­dia social implementarem sobre as outras abordagens que estãoempregando atualmente e podem ter um impacto positivo imediato em conter a maréde informações erradas sobre o surto de COVID-19", conclua­ram os autores.

 

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