Tecnologia Científica

Um laboratório que laª e escreve nossos sonhos
O fila³sofo oriental Chogyal Mankhai Norbu concluiu que todas as nossas sensaa§aµes - paladar, olfato, visão, audia§a£o - são meramente elementos de um sonho maior.
Por Peter Grad, - 17/04/2020


A Neurociênciademonstrou que o sono écrucial para a consolidação da memória, geração
de insight criativo, aprendizado, regulação das emoções e muito mais. No entanto, não existem interfaces tecnologiicas confia¡veis ​​para dormir.
Crédito: Oscar Rosello, Licena§a: CC BY 4.0

Os grandes pensadores do mundo estão"pendurados" nos sonhos háséculos. O matema¡tico e fila³sofo RenéDescarte ficou tão fascinado pelas imagens va­vidas dos sonhos que questionou a existaªncia da realidade. "Tudo o que eu aceitei atéagora como mais verdadeiro me veio atravanãs dos meus sentidos", disse ele. "Mas, ocasionalmente, descobri que eles me enganaram [em sonhos], e não éprudente confiar completamente naqueles que nos enganaram atanã. uma vez."

O fila³sofo chinaªs do século IV, Zhuangzi, contou um sonho em um ensaio "Sonho de borboleta": "Agora não sei se eu era então um homem sonhando que era uma borboleta, ou se sou agora uma borboleta, sonhando que sou um homem".

E o fila³sofo oriental Chogyal Mankhai Norbu concluiu que todas as nossas sensações - paladar, olfato, visão, audição - são meramente elementos de um sonho maior.

Hoje, os pesquisadores do MIT também são fascinados por sonhos. Eles criaram um laboratório do sono com sujeitos equipados com um dispositivo semelhante a uma luva que permite que os pesquisadores se comuniquem com eles quando entram na hipnogogia - um estado semi-consciente fugaz entre viga­lia e sono. O dispositivo, chamado Dormio, controla a freqa¼aªncia carda­aca, o ta´nus ​​muscular e a conduta¢ncia da pele. Ele alerta os pesquisadores quando os sujeitos mergulham nos esta¡gios iniciais do sonho.

"Sonhar érealmente apenas pensar a  noite", diz Adam Horowitz, pesquisador do MIT Dream Lab. "Quando vocêentra, sai diferente pela manha£. Mas não fizemos perguntas sobre a experiência dessa transformação de informação ou sobre os pensamentos que a guiam."

O dispositivo Dormio reproduz uma palavra ou outro som de a¡udio a  medida que os sujeitos passam para um esta¡gio de sono de transição. Os pesquisadores descobriram que os sujeitos lembram essas palavras, sons e outros assuntos relacionados aos esta­mulos em entrevistas após as sessaµes de sono.

Horowitz acredita que o Dormio pode contribuir para melhorar a criatividade e melhorar a memória, a  medida que os pesquisadores projetam técnicas avana§adas para capturar mais detalhes dos estados hipnoga³gicos. Abre a porta para a interatividade entre o mundo "real" e um esta¡gio de fantasia e imagens semi-conscientes que atéagora permaneciam essencialmente desprotegidas por atores externos.

Alguns vaªem Dormio como uma atualização do século 21 para o dispositivo Steel Ball, usado na exploração precoce de sonhos por figuras nota¡veis ​​como Thomas Edison, Edgar Allen Poe e Salvadore Dali. Eles agarraram a bola quando adormeceram e, quando a bola rolou de suas ma£os e os acordou, conseguiram recordar melhor seus sonhos. Edison, Poe e Dali podem não conhecer o termo hipnogogia, mas provavelmente entenderam e talvez utilizaram o que os pesquisadores do MIT hoje descrevem como "imprevisibilidade fenomenola³gica, percepção distorcida do espaço e do tempo, perda do senso de si e associação esponta¢nea e fluida de ideias . "

Outro pesquisador do MIT estãoexplorando o impacto do olfato na pesquisa dos sonhos. Judith Amores projetou um difusor de aromas que dispensa odores quando os sujeitos dormem. Nas entrevistas de acompanhamento, os sujeitos relatam memórias associadas aos cheiros.

Amores espera que seus esforços possam levar ao ala­vio de indivíduos que sofrem de trauma e TEPT. Ao provocar aromas com associações positivas durante os pesadelos, Amores acredita que "vocêpode curar sem estar totalmente consciente".

O MIT estãofornecendo a tecnologia Dormio como ca³digo aberto . Projetos de placas de circuito também estãodisponí­veis online gratuitamente.

A análise dos sonhos tem uma história rica. Freud procurou explicações psico-sexuais para o fena´meno do sono. Ele teorizou que os sonhos permitem a expressão segura de pensamentos reprimidos. Nos anos sessenta, o pesquisador de Stanford William Dement, conhecido como "o pai da medicina do sono", foi o primeiro a associar o movimento rápido dos olhos e o ini­cio dos sonhos.

Um estudo de 1998 publicado na Science examinou como o cérebro coordena emoções, sentidos e memória de longo prazo durante estados de sonho va­vidos, desafiando os teóricos que sugeriram que os sonhos são meros fragmentos aleata³rios de memória salvos ou expulsos a  medida que o cérebro conduz a limpeza da casa.

E o professor John Antrobus, do CCNY, estudou o sono por décadas. Ele demonstrou que os sonhos estãoligados a s nossas ansiedades, mas reconhece que algumas respostas permanecem ilusãorias.

"O cérebro éum órgão interpretativo e, quando as regiaµes estãomenos conectadas do que no sono, obtemos narrativas bizarras", disse Antrobus. "Mas seu objetivo? Para isso, precisamos perguntar qual éo objetivo do pensamento. Nãopodemos responder um sem responder ao outro."

Mas talvez a avaliação mais intrigante venha de Nick Bostrom, fila³sofo sueco da Universidade de Oxford. Sua conclusão: Todos nosprovavelmente estamos vivendo um sonho digital imaginado por um computador.

O que nos leva a perguntar: se somos todos apenas um sonho, então quais são nossos sonhos?

 

.
.

Leia mais a seguir