Tecnologia Científica

Estudo mostra que nosso sol émenos ativo que estrelas semelhantes
Pela primeira vez, os cientistas compararam o sol com centenas de outras estrelas com períodos de rotaa§a£o semelhantes.
Por Max Planck Society - 30/04/2020


Variações de brilho do Sol em comparação com a estrela KIC 7849521.
Crédito: MPS / hormesdesign.de

Pelos padraµes ca³smicos, o sol éextraordinariamente mona³tono. Este éo resultado de um estudo apresentado por pesquisadores do Instituto Max Planck de Pesquisa de Sistemas Solares na próxima edição da Science . Pela primeira vez, os cientistas compararam o sol com centenas de outras estrelas com períodos de rotação semelhantes. A maioria apresentou variações muito mais fortes. Isso levanta a questãode saber se o sol estãopassando por uma fase incomumente silenciosa hávários milaªnios.

A extensão em que a atividade solar (e, portanto, o número de manchas solares e o brilho solar) varia pode ser reconstrua­da usando vários manãtodos - pelo menos por um determinado período de tempo. Desde 1610, por exemplo, háregistros confia¡veis ​​de manchas solares cobrindo o Sol; a distribuição de variedades radioativas de carbono e bera­lio em ananãis de a¡rvores e núcleos de gelo nos permite tirar conclusaµes sobre onívelde atividade solarnos últimos 9000 anos. Durante esse período, os cientistas encontram flutuações regularmente recorrentes de força compara¡vel, como nas últimas décadas. "No entanto, em comparação com toda a vida útil do Sol, 9000 anos são como um piscar de olhos", diz o cientista do MPS Dr. Timo Reinhold, primeiro autor do novo estudo. Afinal, nossa estrela tem quase 4,6 bilhaµes de anos. "a‰ conceba­vel que o Sol esteja passando por uma fase silenciosa hámilhares de anos e, portanto, tenhamos uma imagem distorcida de nossa estrela", acrescenta.

Como não hácomo descobrir o quanto ativo o Sol era nos tempos primitivos, os cientistas são podem recorrer a s estrelas: juntamente com colegas da Universidade de New South Wales, na Austra¡lia, e da Escola de Pesquisas Espaciais, na Coranãia do Sul, os pesquisadores do MPS investigou se o Sol se comporta "normalmente" em comparação com outras estrelas. Isso pode ajudar a classificar sua atividade atual.

Para esse fim, os pesquisadores selecionaram estrelas candidatas que se assemelham ao Sol em propriedades decisivas. Além da temperatura dasuperfÍcie, da idade e da proporção de elementos mais pesados ​​que o hidrogaªnio e o hanãlio, os pesquisadores observaram, sobretudo, o período de rotação . "A velocidade com que uma estrela gira em torno de seu pra³prio eixo éuma varia¡vel crucial", explica o Dr. Sami Solanki, diretor do MPS e co-autor da nova publicação. A rotação de uma estrela contribui para a criação de seu campo magnético em um processo de da­namo em seu interior. "O campo magnético éa força motriz responsável por todas as flutuações na atividade", diz Solanki. O estado do campo magnanãticodetermina com que freqa¼aªncia o Sol emite radiação energanãtica e lana§apartículas em alta velocidade no espaço em erupções violentas, como são numerosas manchas solares escuras e regiaµes brilhantes em suasuperfÍcie - e, portanto, também com que intensidade o sol brilha.

Um cata¡logo abrangente que contanãm os períodos de rotação de milhares de estrelas estãodispona­vel apenas nos últimos anos. a‰ baseado em dados de medição do telesca³pio espacial Kepler da NASA, que registrou as flutuações de brilho de aproximadamente 150000 estrelas da sequaªncia principal (ou seja, aquelas que estãono meio de suas vidas) de 2009 a 2013. Os pesquisadores vasculharam essa enorme amostra e selecionaram essas estrelas que giram uma vez em torno de seu pra³prio eixo dentro de 20 a 30 dias. O Sol precisa de cerca de 24,5 dias para isso. Os pesquisadores foram capazes de restringir ainda mais essa amostra usando dados do Telescópio Espacial Europeu Gaia. No final, restaram 369 estrelas, que também se assemelham ao Sol em outras propriedades fundamentais.

A análise exata das variações de brilho dessas estrelas de 2009 a 2013 revela uma imagem clara. Enquanto entre as fases ativa e inativa a irradia¢ncia solar flutuou em média apenas 0,07%, as outras estrelas apresentaram variações muito maiores. Suas flutuações eram tipicamente cerca de cinco vezes mais fortes. "Ficamos muito surpresos que a maioria das estrelas parecidas com o Sol seja muito mais ativa que o Sol", diz Alexander Shapiro, da MPS, que chefia o grupo de pesquisa "Conectando Variações Solares e Estelares".

No entanto, não épossí­vel determinar o período de rotação de todas as estrelas observadas pelo telesca³pio Kepler. Para fazer isso, os cientistas precisam encontrar certas quedas periodicamente que reaparecem na curva de luz da estrela. Esses mergulhos podem ser rastreados atémanchas de estrelas que escurecem asuperfÍcie estelar, giram para fora do campo de visão do telesca³pio e reaparecem após um período fixo de tempo. "Para muitas estrelas, esses escurecimentos peria³dicos não podem ser detectados; eles são perdidos no rua­do dos dados medidos e nas flutuações de brilho subjacentes", explica Reinhold. Visto atravanãs do telesca³pio Kepler, mesmo o Sol não revelaria seu período de rotação.

Os pesquisadores também estudaram mais de 2500 estrelas semelhantes ao Sol com períodos de rotação desconhecidos. Seu brilho flutuou muito menos do que o do outro grupo.

Esses resultados permitem duas interpretações. Poderia haver uma diferença fundamental ainda inexplica¡vel entre estrelas com período de rotação conhecido e desconhecido. "a‰ igualmente conceba­vel que estrelas com períodos de rotação conhecidos e semelhantes ao Sol nos mostrem as flutuações fundamentais na atividade de que o Sol écapaz", diz Shapiro. Isso significaria que nossa estrela tem sido invulgarmente fraca nos últimos 9000 anos e que em escalas de tempo muito grandes também são possa­veis fases com flutuações muito maiores.

Nãoha¡, no entanto, motivo de preocupação. No futuro pra³ximo, não háindicação dessa "hiperatividade" solar. Pelo contra¡rio: durante a última década, o Sol tem se mostrado bastante fraco, mesmo por seus pra³prios padraµes baixos. As previsaµes de atividade para os pra³ximos onze anos indicam que isso não mudara¡ em breve.

 

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