Tecnologia Científica

UnB cria solução tecnologiica para viabilizar retorno a s aulas na rede pública do DF
Aplicativo permite que estudantes acessem de casa conteaºdos indicados pelos professores e que tra¡fego de dados seja custeado pelo governo distrital
Por Marcela D'Alessandro - 05/07/2020


App criado por equipe da FGA permite aos estudantes acessar conteaºdos indicados por professores gratuitamente pelo celular. Foto: alvaro Henrique/Ascom SEDF
 
O retorno a s aulas em modo remoto na rede pública de ensino do Distrito Federal, antes marcado para o dia 29 de junho, foi adiado para 13 de julho. As aulas presenciais estãosuspensas desde mara§o por conta da pandemia de covid-19. Segundo a Secretaria de Educação (SE-DF), a mudança da data de volta a s atividades dara¡ mais prazo para o acolhimento dos estudantes.

Afinal, muitos dos 460 mil alunos ainda tem dificuldades para acessar a internet, seja por falta de equipamentos em casa, como computador, celular smartphone ou tablet, ou por não terem condições de pagar pacote de dados que permita acompanharem as aulas remotamente. Mesmo com a decisão quanto a  data, as escolas e os professores da rede seguem no esfora§o de retomar o ano letivo da maneira mais adequada. A Universidade de Brasa­lia foi contatada em mara§o para apoiar o Governo do Distrito Federal nessa missão.

Em abril, as contribuições para o processo se tornaram um projeto de fato e culminaram no desenvolvimento de um aplicativo de celular que permitira¡ aos estudantes acessarem de casa os conteaºdos recomendados pelos docentes, sem custo para a fama­lia. O app Escola em Casa DF serálana§ado nesta semana pela SE-DF.

“A iniciativa partiu da equipe de Inovação do GDF, que já vem acompanhando o trabalho realizado pelo Laborata³rio Avana§ado de Produção, Pesquisa e Inovação em Software (Lappis/UnB). No ina­cio, esta¡vamos somente auxiliando em termos de requisitos para o sistema e viabilidade, e acabamos também assumindo o desenvolvimento”, conta a professora do curso de Engenharia de Software da Faculdade UnB Gama (FGA) Carla Rocha, que coordena o laboratório e estãoa  frente do projeto.

Os outros responsa¡veis pelo desenvolvimento do aplicativo são também vinculados ao curso de Engenharia de Software: o estudante de graduação do danãcimo semestre Guilherme Guimara£es e os recanãm-graduados Laanãrcio Silva de Sousa Jaºnior e Joa£o Guilherme Silva. O grupo tem reuniaµes virtuais quase todos os dias desde então para tirar os planos do papel.

“Participar de um projeto de tal dimensão émuito gratificante, não somente pela grande quantidade de alunos que ira£o utilizar o aplicativo (algumas milhares de pessoas), mas também pelo impacto que tera¡ na vida desses alunos. Tenho conseguido aplicar todos os conhecimentos adquiridos em sala de aula e no laboratório. Em quesito tanãcnico, o processo de desenvolvimento deste aplicativo bem similar aos processos aprendidos. A aplicação da teoria na prática sempre émuito construtiva”, avalia Guilherme Guimara£es, que integra o Lappis desde o quarto semestre.

“O curso de Engenharia de Software nos prepara muito bem para desenvolver um projeto do zero da melhor maneira possí­vel. Somos muito bem preparados tanto na parte tea³rica quanto na prática ”, acrescenta Guimara£es.

DIFERENCIAL osParte dos alunos da rede pública do Distrito Federal já utilizava anteriormente a plataforma on-line de aprendizagem Google Sala de Aula (ou Google Classroom), que égratuita e permite a criação de turmas no ambiente virtual, a organização e a distribuição de tarefas, além da comunicação entre professores e estudantes.
 
Poranãm, os custos com internet ou pacote de dados para acessa¡-la onerava os usuários. Com o aplicativo desenvolvido pela equipe do Lappis, todo o acesso ao conteaºdo pelo celular passa a ser custeado pelo GDF.

“Nãosão permitimos acessos a plataformas como o Google Classroom, Wikipedia e, posteriormente, a outras plataformas que auxiliem no processo de ensino/aprendizagem, quanto medimos o uso de dados, de forma que o GDF financie todo o consumo do aluno por meio do app. Além disso, todo o consumo de dados, assim como o uso da plataforma (adesão do aluno ao conteaºdo) são monitorados e disponibilizados para os gestores. Dessa forma, a ferramenta permite a gestãoorientada a dados e também uma contra prova para o governo do consumo cobrado pelas operadoras”, explica Carla Rocha.

Para acessar o Escola em Casa DF, o estudante devera¡ baixar o aplicativo gratuitamente pelas lojas Google Play ou Apple Store e entrar no sistema com login e senha já cadastrados para navegarem no Google Sala de Aula.

“Ele tera¡ todas as funcionalidades necessa¡rias para as aulas remotas em um são aplicativo. Já as operadoras repassara£o a conta para o GDF e nosvamos monitorar o uso para gerar dashboards com o consumo em tempo real, garantindo assim uma contra prova de uso”, esclarece a docente.

Segundo ela, a solução fornecida pela UnB usa um SDK (kit de desenvolvimento de software) que permite criar uma espanãcie de taºnel direto com a operadora de celular para que o tra¡fego referente ao acompanhamento das aulas fique separado. Assim, épossí­vel ter controle absoluto sobre o dado que passa pelo app.

“A única limitação éque o GDF são patrocina os dados desse aplicativo especa­fico. Por exemplo, o va­deo e o material do professor estãotodos no Google Classroom, e cada aluno do GDF tem um cadastro aºnico a essa plataforma. Se o va­deo for postado pelo professor, entra na franquia. Se o aluno por algum acaso quiser assistir a um va­deo no YouTube que não foi indicado pelo professor, o dado referente a esse va­deo não épatrocinado. Fizemos vários filtros de segurança nesse sentido”, detalha a coordenadora do Lappis.

PašBLICO E GRATUITO osOutro diferencial do aplicativo desenvolvido pela equipe da  FGA éque ele foi todo feito em software livre, o que facilita sua reprodução e customização por outros munica­pios que assim desejarem.

“Disponibilizamos toda a documentação e o pra³prio ca³digo fonte. Isso possibilita que outros munica­pios e instituições que queiram aderir a  plataforma tenham custo muito baixo, pois a solução estãopronta e dispona­vel, permite a ranãplica e o reaºso em qualquer outro contexto desejado, reaproveitando nosso trabalho e customizando para a necessidade especa­fica”, destaca a professora Carla Rocha.

ACESSO osA SE-DF informa que a utilização do aplicativo pela comunidade escolar depende somente que a Secretaria de Economia, responsável pela gestãodessa área, faz a inserção do app nas lojas virtuais, o que deve acontecer nesta semana. Cumprida esta etapa, os estudantes podera£o adquiri-lo gratuitamente.

Quem já estava conectado ao Google Sala de Aula também deve baixar o app para ter acesso ilimitado ao conteaºdo do programa Escola em Casa DF. O aºnico pré-requisito éter um chip de celular ativo.

O investimento na parceria entre o laboratório da UnB e a SE-DF foi de R$ 17,6 mil.

 

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