Pesquisadores do Instituto de Química desenvolvem tinta anti-incrustante para navios

IQ desenvolve tinta antiincrustante | Foto: Artur Moaªs
Os mares são uma das maiores rotas comerciais e turasticas do mundo. Fenacios, cartagineses, chineses, brita¢nicos e diversos outros povos se dedicaram, ao longo dos séculos, no aprimoramento de embarcações em busca de maior eficiência e preservação nos oceanos. Na UFRJ, pesquisadores se empenham na criação de materiais que permitam uma menor aderaªncia de substâncias incrustantes e menor impacto no ambiente marinho.
A bioincrustação marinha éum acaºmulo de organismos em estruturas molhadas que estejam nos oceanos. O processo acontece em diversas etapas: inicia-se pela adsorção de moléculas orga¢nicas a umasuperfÍcie imersa, como polissacaradeos e proteanas, seguida da adesão de microrganismos, tais como bactanãrias, cianobactanãrias e protozoa¡rios.
A última etapa caracteriza-se pela formação do biofilme, que permite o desenvolvimento de macro-organismos, como crusta¡ceos e algas. Esse fena´meno acontece tanto em seres vivos, como tartarugas, em pedras e, também, em cascos de embarcações. A aglomeração desses organismos causa impactos profundos na economia, já que aumenta o peso dos navios e os custos com combustavel.
No Laborata³rio de Santese e Ana¡lise de Produtos Estratanãgicos (Lasape) do Instituto de Química (IQ), Cla¡udio Cerqueira e Rosangela Lopes desenvolvem uma solução que pretende diminuir o acaºmulo dos organismos nos cascos e, assim, baratear os custos e reduzir o impacto ambiental.
“Nossa linha de pesquisa estuda o aproveitamento dos resíduos da indústria da soja, gerados na produção de a³leo comestavel, das lecitinas de soja e do biodiesel, relacionada com a glicerina, produto de partida para a produção industrial de epicloridrinaâ€
A equipe passou, então, a trabalhar em um produto com essas matérias-primas de baixo custo, sintetizando substâncias eficientes no combate a bioincrustação: as 1-hexadecil-glicerofosfocolinas e as lisolecitinas. Cerqueira explica que o composto produzido auxilia na prevenção do acaºmulo relacionado com a formação de cracas em embarcações, plataformas de petra³leo, dutos de gás e a³leo.
Foto mostrando detalhes de uma craca, formações com textura granulada e forma
circular Acaºmulo de cracas gera sobrepeso nos barcos | Foto: Artur Ma´es
Segundo o professor, a larva do mexilha£o dourado éa principal espanãcie invasora presente nas a¡guas de lastro dos navios chineses. Origina¡rio do sudeste asia¡tico, o molusco éresponsável por uma infestação na Amanãrica do Sul, a partir de 1991, adentrando pela bacia do Rio da Prata para o resto dopaís, infestando reservata³rios de usinas hidrelanãtricas e ameaa§ando a biodiversidade dos rios brasileiros.
Imagem mostra duas experiências. Na primeira, o antes e depois sem o biocida. Na
segunda, com o uso do produto e diminuição da incrustação
Pesquisa mostra diminuição na incrustação de organismos
Foto: Divulgação
Testes realizados no Smithsonium Environmental Research Center (SERC), nos Estados Unidos, mostraram que as lisolecitinas tem a capacidade de inibir o crescimento de espanãcies invasoras em a¡guas de lastro de embarcações. A partir desses estudos, os dois pesquisadores da Universidade começam a realizar experimentos com substâncias presentes em animais marinhos que não apresentam o processo de bioincrustação.
“Essas substâncias naturais não contem em suas estruturas químicas halogaªnios ou metais pesados, portanto apresentam aspectos favoráveis com relação a ecotoxicologia. Por esse motivo, são produtos inseridos nos conceitos da química verdeâ€, afirmou Cerqueira.
A equipe estãoagora na fase de buscar maneiras de realizar testes de avaliação taxona´mica e ecotoxicola³gica do biocida.
Saiba mais sobre a pesquisa no site do Laborata³rio de Santese e Ana¡lise de Produtos Estratanãgicos (Lasape)