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Novos dados do Hubble sugerem que falta um ingrediente nas teorias atuais da matéria escura
Os aglomerados de gala¡xias, as estruturas mais massivas e recentemente montadas no Universo, são também os maiores reposita³rios de matéria escura.
Por ESA / Centro de Informações Hubble - 11/09/2020


Esta imagem do telesca³pio espacial Hubble da NASA / ESA mostra o massivo aglomerado de gala¡xias MACSJ 1206. Incorporadas no aglomerado estãoas imagens distorcidas de gala¡xias distantes de fundo, vistas como arcos e feições borradas. Essas distorções são causadas pela matéria escura do aglomerado, cuja gravidade se curva e amplia a luz de gala¡xias distantes, um efeito chamado de lente gravitacional. Este fena´meno permite que os astrônomos estudem gala¡xias remotas que de outra forma seriam muito fracas para serem vistas. Crédito: NASA, ESA, G. Caminha (Universidade de Groningen), M. Meneghetti (Observatório de Astrofísica e Ciências Espaciais de Bolonha), P. Natarajan (Universidade de Yale), a equipa
CLASH e M. Kornmesser (ESA / Hubble)

Observações do Hubble Space Telescope da NASA / ESA e do Very Large Telescope do European Southern Observatory (VLT) no Chile descobriram que algo pode estar faltando nas teorias de como a matéria escura se comporta. Este ingrediente ausente pode explicar porque os pesquisadores descobriram uma discrepa¢ncia inesperada entre as observações das concentrações de matéria escura em uma amostra de aglomerados de gala¡xias massivas e simulações de computador tea³ricas de como a matéria escura deve ser distribua­da em aglomerados. As novas descobertas indicam que algumas concentrações em pequena escala de matéria escura produzem efeitos de lente que são 10 vezes mais fortes do que o esperado.

A matéria escura éa cola invisível que mantanãm as estrelas, a poeira e o gás juntos em uma gala¡xia. Esta substância misteriosa compaµe a maior parte da massa de uma gala¡xia e forma a base da estrutura em grande escala do nosso Universo. Como a matéria escura não emite, absorve ou reflete luz, sua presença são éconhecida por meio de sua atração gravitacional sobre a matéria visível no Espaço. Astra´nomos e fa­sicos ainda estãotentando definir o que anã.

Os aglomerados de gala¡xias, as estruturas mais massivas e recentemente montadas no Universo, são também os maiores reposita³rios de matéria escura. Os aglomerados são compostos de gala¡xias membros individuais que são mantidas juntas em grande parte pela gravidade da matéria escura.

"Os aglomerados de gala¡xias são laboratórios ideais para estudar se as simulações numanãricas do Universo atualmente disponí­veis reproduzem bem o que podemos inferir das lentes gravitacionais ", disse Massimo Meneghetti do INAF-Observatório de Astrofísica e Ciência Espacial de Bolonha, na Ita¡lia, o autor principal do estudo.

"Fizemos muitos testes com os dados deste estudo e temos certeza de que essa incompatibilidade indica que algum ingrediente fa­sico estãofaltando nas simulações ou em nosso entendimento da natureza da matéria escura", acrescentou Meneghetti.

"Ha¡ uma caracterí­stica do universo real que simplesmente não estamos capturando em nossos modelos teóricos atuais", acrescentou Priyamvada Natarajan, da Universidade de Yale em Connecticut, EUA, um dos teóricos seniores da equipe. "Isso pode sinalizar uma lacuna em nossa compreensão atual da natureza da matéria escura e suas propriedades, já que esses dados primorosos nos permitiram sondar a distribuição detalhada da matéria escura nas menores escalas."

A distribuição da matéria escura em aglomerados émapeada medindo-se a curvatura da luz - o efeito de lente gravitacional - que eles produzem. A gravidade da matéria escura concentrada em aglomerados amplia e distorce a luz de objetos de fundo distantes. Este efeito produz distorções nas formas das gala¡xias de fundo que aparecem nas imagens dos aglomerados. As lentes gravitacionais também podem frequentemente produzir imagens maºltiplas da mesma gala¡xia distante.
 
Quanto maior a concentração de matéria escura em um aglomerado, mais drama¡tico seráseu efeito de distorção da luz. A presença de aglomerados em escala menor de matéria escura associados a aglomerados de gala¡xias individuais aumenta onívelde distorções. Em certo sentido, o aglomerado de gala¡xias atua como uma lente de grande escala que possui muitas lentes menores embutidas.

As imagens na­tidas do Hubble foram obtidas pela Wide Field Camera 3 e Advanced Camera for Surveys do telesca³pio. Juntamente com os espectros do Very Large Telescope (VLT) do European Southern Observatory, a equipe produziu um mapa de matéria escura preciso e de alta fidelidade. Ao medir as distorções das lentes, os astrônomos puderam rastrear a quantidade e distribuição da matéria escura. Os três aglomerados de gala¡xias principais, MACS J1206.2-0847, MACS J0416.1-2403 e Abell S1063, faziam parte de duas pesquisas do Hubble: Os Campos da Fronteira e a pesquisa de Cluster Lensing e Supernova com programas Hubble (CLASH).

Esta imagem do Telescópio Espacial Hubble mostra o enorme aglomerado de gala¡xias
MACSJ 1206. Incorporadas ao aglomerado estãoas imagens distorcidas de gala¡xias distantes
de fundo, vistas como arcos e feições borradas. Essas distorções são causadas pela matéria
escura do aglomerado, cuja gravidade se curva e amplia a luz de gala¡xias distantes,
um efeito chamado de lente gravitacional. Este fena´meno permite que os astrônomos estudem gala¡xias remotas que de outra forma seriam muito fracas para serem vistas. Os astra´nomos mediram a quantidade de lentes gravitacionais causadas por este
glomerado para produzir um mapa detalhado da distribuição da matéria escura nele.
A matéria escura éa cola invisível que mantanãm as estrelas unidas dentro de uma
gala¡xia e constitui a maior parte da matéria no Universo.

Para a surpresa da equipe, além dos arcos drama¡ticos e caracteri­sticas alongadas de gala¡xias distantes produzidas pelas lentes gravitacionais de cada aglomerado, as imagens do Hubble também revelaram um número inesperado de arcos em escala menor e imagens distorcidas aninhadas perto do núcleo de cada aglomerado, onde os mais massivos gala¡xias residem. Os pesquisadores acreditam que as lentes aninhadas são produzidas pela gravidade de densas concentrações de matéria dentro de cada aglomerado de gala¡xias. Observações espectrosca³picas subsequentes mediram a velocidade das estrelas orbitando dentro de vários aglomerados de gala¡xias para determinar suas massas.

"Os dados do Hubble e do VLT forneceram excelente sinergia", compartilhou o membro da equipe Piero Rosati, da Universita  degli Studi di Ferrara, na Ita¡lia, que liderou a campanha espectrosca³pica. "Conseguimos associar as gala¡xias a cada aglomerado e estimar suas distâncias."

"A velocidade das estrelas nos deu uma estimativa da massa de cada gala¡xia individual, incluindo a quantidade de matéria escura", acrescentou o membro da equipe Pietro Bergamini do INAF-Observatório de Astrofísica e Ciência Espacial em Bolonha, Ita¡lia.

Ao combinar imagens do Hubble e espectroscopia VLT, os astrônomos foram capazes de identificar dezenas de gala¡xias de fundo com maºltiplas imagens e lentes. Isso permitiu que montassem um mapa bem calibrado e de alta resolução da distribuição de massa da matéria escura em cada aglomerado.

A equipe comparou os mapas de matéria escura com amostras de aglomerados simulados de gala¡xias com massas semelhantes, localizados aproximadamente nas mesmas distâncias. Os aglomerados no modelo de computador não mostraram nenhumnívelde concentração de matéria escura nas escalas menores - as escalas associadas a aglomerados de gala¡xias individuais .

"Os resultados dessas análises demonstram ainda mais como as observações e simulações numanãricas andam de ma£os dadas", disse a integrante da equipe Elena Rasia, do INAF-Observatório Astrona´mico de Trieste, Ita¡lia.

"Com simulações de alta resolução, podemos igualar a qualidade das observações analisadas em nosso trabalho, permitindo comparações detalhadas como nunca antes", acrescentou Stefano Borgani da Universita  degli Studi di Trieste, Ita¡lia.

Os astra´nomos, incluindo os desta equipe, esperam continuar investigando a matéria escura e seus mistanãrios para finalmente descobrir sua natureza.

 

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