Nanoca¡psula com membrana da canãlula tumoral potencializa medicação para câncer de pa¢ncreas
Em testes no laboratório, material das nanoca¡psulas aumentou eficiência dos medicamentos e evitou a destruia§a£o de células sauda¡veis

Em experimentos de laboratório, pesquisadores usaram nanoca¡psulas feitas da membrana de células tumorais para levar medicamentos contra câncer de pa¢ncreas atéas células doentes, aumentando sua eficiência e evitando efeitos colaterais, como danos em células sauda¡veis Imagem: BruceBlaus via Wikimedia Commons
Â
AÂ eficiência de uma nova técnica para levar medicamentos atétumores de câncer de pa¢ncreas écomprovada em testes de laboratório realizados em pesquisa do Instituto de Fasica de Sa£o Carlos (IFSC) da USP. Os pesquisadores usaram nanoca¡psulas feitas da membrana das próprias células tumorais, material que potencializa a ação dos medicamentos e evita efeitos colaterais, como a destruição de células sauda¡veis. Os resutados do estudo são descritos em artigo publicado na revista cientafica Materials Advance, no Reino Unido.
“O primeiro objetivo do estudo foi verificar a capacidade da nanoca¡psula em entregar simultaneamente dois quimiotera¡picos de primeira linha, a gemcitabina e o paclitaxel utilizados no tratamento do câncer de pa¢ncreasâ€, contam o professor Valtencir Zucolotto e o aluno de doutorado Edson Comparetti, do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia (GNano) do IFSC, que conduziram a pesquisa. “Comprovada a eficácia em impedir o crescimento das células doentes, os estudos prosseguiram para comprovar o potencial imunomodulador das nanopartaculas em células do sangue perifanãricoâ€.
O professor explica que as nanoestruturas são construadas a partir dos principais elementos da membrana, a camada externa das células tumorais. “O material no interior da canãlula (citoplasma) éretirado para utilização da bicamada lipadica da membrana, que possui nasuperfÍcie muitas proteanas de adesão especafica entre célulasâ€, relata. “Nas nanoca¡psulas, essas proteanas proporcionam maior interação com as linhagens celulares dos tumores, que expressam proteanas similares (adesão homa³loga), garantindo maior especificidade da ação dos quimiotera¡picos e, consequentemente, reduzindo os efeitos colaterais nos tecidos sadiosâ€.
Efeito maior em menos tempo
Imagens de microscopia de células cancerosas pancrea¡ticas mostram
a ação das nanoca¡psulas (em verde) num período de 24 horas, período
em que são incorporadas a s células e liberam medicamentos
que as destroem osImagem: cedida pelos pesquisadores
Ao reconhecer as células-alvo, as nanoca¡psulas são englobadas pela membrana celular e liberam os medicamentos no citoplasma das células tumorais. “Os estudos verificaram uma alta incidaªncia de morte celular em decorraªncia da exposição a s nanopartaculas que carregam os dois quimiotera¡picosâ€, destaca Edson, “permitindo um efeito maior nas células tumorais em um curto espaço de tempoâ€.
De acordo com os pesquisadores do IFSC, uma das vantagens de utilizar as nanoca¡psulas feitas a partir de componentes da membrana celular éaumentar a precisão do tratamento e, a princapio, reduzir a dose de medicamentos. “a‰ importante ressaltar ainda a capacidade das nanoca¡psulas de induzir efeitos imunomoduladores nas células sanguíneasâ€, aponta. “Neste caso, verificamos alterações nestas células que podem favorecer uma resposta especafica do sistema imunológico no local dos tumoresâ€.
Zucolotto salienta que, atéo momento, foram realizados somente estudos in vitro em laboratório com as nanoca¡psulas. “Finalizada esta etapa, aguardamos futuras análises deste material em testes pré-clínicos, in vivoâ€, diz. “Ainda háum longo caminho atéa técnica ser padronizada para estudos clínicos e possaveis usos terapaªuticosâ€. No futuro, a administração das nanoca¡psulas podera¡ ser feita por meio de injeção intravenosa nos pacientes.
A pesquisa foi realizada pelo aluno de doutorado Edson Comparetti em colaboração com os estudantes Paula Lins (doutorado) e Joa£o Quitiba (iniciação cientafica) e supervisionado pelo professor Valtencir Zucolotto. Os experimentos e análises foram realizados no GNano. Algumas análises estruturais foram conduzidas pelo Laborata³rio Nacional de Nanotecnologia (LNNano) em Campinas (interior de Sa£o Paulo). O estudo édescrito no artigo Cancer cell membrane-derived nanoparticles improve the activity of gemcitabine and paclitaxel on pancreatic cancer cells and coordinate immunoregulatory properties on professional antigen-presenting cells, publicado na revista Materials Advances em 17 de julho.